Poli Lopes
Coordenadora de conteúdo reputacional na Éfe Reputação e Doutora em Processos e Manifestações Culturais
Em um cenário global de produção de conteúdos mentirosos, seja uma "simples" fake news ou o uso de inteligência artificial para produção e propagação de deepfakes, a gestão de reputação se mostra mais crucial do que nunca. Marcas, pessoas públicas, profissionais liberais, políticos… todos enfrentam desafios sem precedentes na proteção da sua reputação.
A adulteração de imagens e distribuição de mentiras visando prejudicar outra pessoa não é uma novidade, porém a velocidade com que se criam essas fotos, vídeos e áudios falsos e a facilidade com que podem ser propagados de forma orquestrada é algo nunca visto, o que torna o ambiente comunicacional ainda mais complexo.
Enquanto as deepfakes são vídeos ou imagens manipulados com a ajuda da inteligência artificial para fazer com que uma pessoa aparente dizer ou fazer algo que nunca aconteceu ou estar em uma situação ou lugar que nunca foi, as fake news são notícias falsas ou informações enganosas divulgadas visando manipular a opinião pública.
Essas duas formas de desinformação representam uma ameaça significativa para a reputação das marcas, pois podem facilmente enganar o público e causar danos irreparáveis à imagem de uma empresa. Imagine ser alvo de uma campanha de desinformação ou, enquanto liderança, ter sua imagem manipulada para parecer envolvido em atividades criminosas.
A velocidade com que uma deepfake ou fake news são espalhadas nas redes sociais e aplicativos de mensagem torna quase impossível controlar a narrativa e corrigir informações falsas. Assim, essas situações podem levar à perda de confiança dos consumidores, queda nas vendas e danos à reputação de longo prazo.
Então, como as marcas podem se proteger? Para resguardar sua reputação, as empresas precisam estar preparadas para enfrentar esse cenário ainda incerto e desconhecido. Para isso, é fundamental cultivar relacionamentos sólidos com a imprensa, formadores de opinião e influenciadores, por meio de uma assessoria de imprensa que trabalhe para que informações precisas sobre o negócio, suas lideranças e iniciativas cheguem às pessoas certas.
Além disso, é importante investir em educação e conscientização, tanto para funcionários quanto para consumidores. Outro caminho, não excludente, é a adoção de tecnologias de detecção de deepfakes e o monitoramento ativo das mídias sociais em busca de informações falsas.
E como não podemos simplesmente fazer a ameaça das deepfakes e fake news desaparecer, precisamos nos precaver. É preciso ter um plano de gestão de crise que significa, também, prever estratégias claras para lidar com situações de desinformação e responder rapidamente a qualquer crise que possa surgir. Para isso, faz-se necessário mapear as partes interessadas chave, estabelecer canais de comunicação eficazes e prever a contratação de especialistas em IA para desmascarar deepfakes.
Não esqueça: planejamento bom não fica esquecido na gaveta. Ele deve ser testado, em simulações de crise, e sempre atualizado. Assim, você estará mais preparado para enfrentar essas situações.
Se as deepfakes e fake news são uma ameaça séria para a reputação das marcas, ter ciência desse risco e se preparar para ele como em qualquer outra crise de imagem é fundamental para proteger sua imagem pública e manter a confiança dos consumidores.
Você já olhou seu lixo hoje?
Felipe Leão é coordenador da Câmara de Responsabilidade Social e Sustentabilidade do CRA-RS
CRA-RS/divulgação/jcFelipe Leão
Coordenador da Câmara de Responsabilidade Social e Sustentabilidade do CRA-RS
Em um mundo onde a sustentabilidade se tornou um pilar fundamental para o futuro, a adoção de práticas ESG transcendeu o ambiente corporativo, tornando-se um imperativo para indivíduos e comunidades. As empresas vêm sendo avaliadas rigorosamente e as práticas ambientais estão se tornando critérios na decisão de compra dos consumidores e até para a aprovação de financiamentos. Isso demonstra que o mercado tem focado intensamente nas questões ambientais, de governança e social das empresas. E a tendência é que este cenário se intensifique no curto prazo.
Auditorias, supervisões e requisitos são somados à pressão implacável da população através das redes sociais para que as organizações evitem erros e se tornem referências - sustentáveis e trabalhistas. Hoje, nada escapa ao olhar atento das lideranças e nem às lentes incansáveis dos celulares de plantão.
Se analisarmos todas essas demandas somadas ao olhar crítico e ao apelo populacional, parece que vivemos em um mundo empático, sustentável e sem desigualdades sociais. Ao estudarmos moral e a ética, gosto muito da frase clichê: 'Ética é aquilo que você faz quando ninguém está olhando'. Então, pergunto: já olhou seu lixo hoje? Você dedica a mesma energia para cobrar das autoridades e organizações assim como para gerenciar os resíduos da sua casa? Ao olharmos para o nosso lixo, não apenas vemos o reflexo de nossos hábitos, mas também a oportunidade de transformar simples gestos em poderosos instrumentos de mudança ambiental e social.
Você separa o seu resíduo seco do orgânico? Ao levar o lixo para fora de casa, você faz a separação entre o rejeito do banheiro e os resíduos orgânicos da cozinha? Já encontrou alguma embalagem de sabonete, shampoo ou desodorante misturada aos rejeitos do banheiro? Ao considerar esse exemplo, a mistura de papel higiênico do banheiro com embalagens de desodorante pode parecer um pouco desagradável, concorda? Um trabalhador em uma cooperativa de reciclagem sente o mesmo ao ter que abrir um saco de rejeitos para retirar um frasco de desodorante para garantir seu sustento. Essas práticas, embora pareçam pequenas isoladamente, contribuem para uma mudança maior, promovendo uma economia circular e reduzindo o impacto ambiental.
As ações individuais, quando somadas, têm o poder de impulsionar uma mudança significativa na sociedade. Por exemplo, se cada morador de uma cidade comprometer-se a reciclar diariamente, isso pode resultar em toneladas de resíduos desviados de aterros sanitários anualmente. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), o índice de reciclagem no Brasil é de apenas 4%. Nosso país produz 27,7 milhões de toneladas anuais de resíduos recicláveis. Será que essa responsabilidade é apenas das corporações e do governo? Todos têm uma parcela, mas ela começa pela falta de consciência e comprometimento do cidadão dentro de sua residência, onde ninguém está supervisionando ou, simplesmente, olhando.
William H. McRaven, em uma de suas palestras, proferiu: "Se você quer mudar o mundo, comece arrumando sua cama". Ao separar corretamente os resíduos em sua residência, você estará aplicando os princípios ESG dentro da sua casa, agindo com princípios éticos (Governança), ajudando as cooperativas de reciclagem que frequentemente operam de forma inclusiva (Social) e melhorando a produção nacional de resíduos recicláveis (Ambiental). E você? Quer mudar o mundo? Já deu uma olhada em seu lixo hoje?
Você já olhou seu lixo hoje?