A iniciativa voluntária Miau de Apê que atua em Porto Alegre e na Região Metropolitana desde agosto de 2019 - naquela época sob o nome de SOS Gatos do Jockey, em referência ao resgate de 80 gatos abandonados no Jockey Clube de Porto Alegre - atualmente, segundo Ana Paula Longhi, uma das fundadoras, tem se dedicado bastante ao protocolo CED - Captura, Esterilização e Devolução. "O CED é reconhecido mundialmente como protocolo efetivo no controle populacional de gatos em situação de rua, diminuindo assim o sofrimento de tantos animais", afirma Ana.
O projeto foi fundado por três apaixonadas por gatos e catsitters: Ana Paula Longhi, Maitê Brackmann e Manuela Fonseca. Além delas, o projeto recebe mais forças por meio do auxílio de voluntários que também podem ser madrinhas ou padrinhos. Uma dessas madrinhas é Kelly Machado.
No Instagram, o perfil @miaudeape - uma das principais formas de contato com o Miau de Apê - recebe diariamente pedidos de resgate. Entretanto, Kelly cita que existe uma restrição que envolve espaço e custos. "Temos o sonho de ter pelo menos um espaço que pudéssemos manter todos os gatos que estão disponíveis para adoação e, atualmente, o maior problema do resgate é onde colocar os gatos até eles terem um lar".
Os espaços disponíveis hoje são as casas das organizadoras e voluntários do projeto, que já têm os seus gatos. Para quem já é tutor de algum bichano, existe a necessidade de preparar um espaço para receber os gatos da rua, por questões como saúde. "Não conseguimos atender todos os resgates solicitados, mas sempre pegamos os casos mais complexos" comenta a madrinha.
Alguns exemplos são o nascimento de vários gatinhos que são resgatados junto com sua mãe; já os resgates mais complicados são nas colônias de gatos - um local onde ficam os gatos de rua de várias idades, tamanhos e personalidades - sendo esse gatos mais noturnos, é preciso ir com uma arapuca, sachês de comida, esconder-se e esperar os gatinhos caírem na armadilha e isso pode demorar um bom tempo.
Kelly comenta que se houvesse mais lares temporários seria possível realizar mais resgates. Quando alguém se disponibiliza para ser lar temporário, os custos com o gato são arcados pelo projeto, como tratamento veterinário, ração e areia. Quando o projeto quer marcar uma visita para um interessado em adotar, pede-se disponibilidade de quem está abrigando o gatinho.
Os cuidados pós-resgate dos felinos pelo Miau de Apê começa com a ida ao médico-veterinário para fazer um checkup geral. Quando o gatinho é filhote e já sabem quem é a mãe, se é possível eles vão juntos para a consulta. O tratamento começa com vermífugo, verificação de pulgas e se tem uma espera de pelo menos 30 dias para verificar se ele tem FIV ou FeLV, que são doenças felinas equivalentes ao HIV e a leucemia.
Após isso, é o momento da castração: se é filhote, no mínimo três meses para ele poder desmamar e se for um gato adulto, estando a saúde em dia, já é feita a castração. Somente após esse processo eles são disponibilizados para adoção. "Por isso também que temos a dificuldade do lar temporário, porque não podemos, por exemplo, fazer o resgate e semana que vem já colocar para adoção" frisa Kelly.
Há gatos no projeto que enfrentam dificuldades na adoção pois estão doentes, vivendo com FIV ou FeLV, um faz tratamento contra o câncer, portanto, necessitam de tratamento contínuo, o que pode tornar os cuidados mais caros. Logo, esses gatinhos permanecem no projeto, sendo cuidados até serem adotados.
O Miau de Apê é bem criterioso com as adoções. "Buscamos saber se a pessoa realmente tem condições de dar uma boa ração, de dar uma boa areia e também verificamos se o adotante tem mais um gatinho" expõe a madrinha.
Entretanto, eles percebem que alguns projetos não se atentam tanto a esse tipo de detalhe para poder gerar uma adoção mais rápida dos felinos. É levantada então as informações de como a vida desses animais é prolongada ao realizar esses cuidados que para alguns podem ser considerados "chatos".
Kelly também enfatiza que o projeto Miau de Apê não é de grande porte, mas comenta que os números chegam a mais de cem gatos resgatados. No que se refere aos gatos de rua e que não se tem condições de abrigar, o projeto recolhe, leva para ser castrado, cuida no período de recuperação e depois devolve para o ambiente que ele pertencia, pois infelizmente não se consegue um lar temporário para todos.
O acompanhamento dos felinos pelo Miau de Apê é constante, continuando mesmo após o gato ter sido adotado, são feitos então questionamentos sobre o bem-estar dele, como, se as vacinas estão em dia e se está sendo possível suprir todas as necessidades do gato.
"Acaba sendo um gasto. Muita gente quer ter um bichinho, mas às vezes não tem condições para arcar com as necessidades de um animal de estimação. É uma responsabilidade, eles são como filhos" ressalta Kelly.
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Apadrinhar um felino faz a diferença e permite que mais bichanos sejam resgatados
O projeto Miau de Apê é todo baseado em doações. Para ajudar, é possível fazer uma assinatura e se tornar padrinho ou madrinha, estando disponíveis níveis de apadrinhamento que partem do valor de R$ 1,00, sendo possível pagar no débito ou no crédito. É possível apadrinhar um gatinho específico, como por exemplo, a Lola. A gata tem uma lesão e necessita fazer duas sessões de acupuntura por semana. Para ajudara Lola, basta optar pela assinatura de R$ 5,00. Por WhatsApp, padrinhos e madrinhas recebem fotos, conseguem acompanhar a rotina e ser convidados para os eventos que ocorrerem, além de terem acesso à prestação de contas da iniciativa.
O Miau de Apê afirma que também é possível também fazer doações esporádicas, como por exemplo, tem pessoas que todo o Natal fazem a doação de sachês. São aceitas também doações de ração, verificando a qualidade, de areia, além das contribuições em dinheiro. Além disso, também é possível se disponibilizar como um lar temporário para abrigar os felinos. Acesse: https://www.catarse.me/miaudeape para saber mais sobre o apadrinhamento.