Quando falamos na figura de CEO ou de membros do Conselho de Administração de uma empresa, você pensa em uma figura masculina ou feminina? Se você pensa em uma figura masculina, saiba que a sua imaginação corresponde à realidade do mercado, já que os homens são ampla maioria nos cargos diretivos das empresas, inclusive naquelas de perfil familiar. Especialmente nesses casos, as mulheres não estão na "linha de frente": de acordo com a consultoria KPMG, elas ocupam somente 22% dos cargos de liderança das companhias familiares brasileiras.
Em um cenário mais geral, quando considerada a presença feminina na presidência de todos os tipos de organizações e em outros cargos de liderança no Brasil, o índice cai para 17%, segundo o Panorama Mulheres 2023 do Talenses Group e do Insper. E, se observarmos somente os conselhos, veremos que as mulheres são 23,5% do total de integrantes, conforme estudo da Page Executive em parceria com a rede de Institutos de Governança Corporativa da América Latina (IGCLA) e a International Finance Corporation (IFC).
Vem aí março, mês marcado pelo Dia da Mulher, e é essencial refletirmos sobre esses dados. Por que essa é a realidade das empresas brasileiras e, inclusive, das empresas familiares? Sabemos que, quando se trata de sucessão, as herdeiras mulheres raramente são as favoritas para a função. A maior proximidade entre o fundador e os filhos homens, bem como a cultura patriarcal, são algumas das possíveis explicações para o fato de as mulheres terem menos oportunidades quando o assunto é o comando dos negócios. Além disso, historicamente, devido às normas sociais, as mães e irmãs ficam nos bastidores, focadas no cuidado emocional e na manutenção dos valores da família empresária.
Embora em menor número nas posições de comando, as mulheres têm muito a contribuir para o aumento da capacidade de inovação e criatividade, gerando companhias mais produtivas, lucrativas, cooperativas, organizadas e humanas.
Nesse sentido, as diferenças geracionais podem ser ativos benéficos, que, se bem manejados, agregam mais uma vantagem competitiva aos negócios. Ademais, a diversidade e a igualdade de gênero são atrativas aos investimentos e benquistas pelo mercado - tanto é que a B3 estabeleceu que, até 2026, as empresas listadas incluam ao menos uma mulher e uma minoria sub-representada em seus conselhos de administração ou equipes executivas.
Quem deseja preservar o legado da família empresária deve planejar estrategicamente o futuro da companhia levando em consideração não apenas os objetivos do negócio, mas também questões como o fomento das lideranças femininas. E, da parte das herdeiras, conhecer os seus direitos, organizar a sucessão com antecedência e em um momento de harmonia familiar e empresarial são passos essenciais para impulsionar a presença feminina em altos cargos. Em especial, se partirem de postos nas áreas financeira e operacional, que costumam preceder o cargo de presidente ou CEO, segundo levantamento da organização internacional de dados BoardEx.
Ressalto que não basta ser herdeira. Para assumir a gestão de um negócio e manter sua qualidade, além de alavancar seus resultados, é primordial nutrir uma vontade sincera e verdadeira em ascender ao cargo, buscando capacitação adequada e acompanhando a rotina do negócio para entender suas particularidades e necessidades, atuando em diversos setores.
Ou seja, as gerações sucessoras devem ser proativas, inovadoras e ousadas - sem esquecer do valor emocional intrínseco a ter e administrar uma empresa familiar, valorizando, para além da riqueza financeira, o legado da família.
O seu negócio é destino de inovação?
Simone Galante, fundadora e CEO da GALUNION
GALUNION/divulgação/jcA NRF, feira de varejo que foi realizada agora em janeiro, representa um ponto de convergência do ecossistema do varejo, em que especialistas e tecnologia se unem para ditar as tendências do setor. Este evento, sediado na vibrante Nova Iorque, nos EUA, é um local de conexão entre varejistas de diversos ramos, fornecedores e parceiros, em meio a uma cidade repleta de lojas icônicas, gastronomia, música e outros pontos de paixão.
Neste cenário, destaco a palestra "Brainfreeze! How 7-eleven is redefining retail media with ICE," em que Marissa Jarrat, EVP Chief Marketing & Sustainability Officer da 7-eleven, compartilhou insights valiosos, entrevistada por Lauren Wiener, Managing Director & Partner da BCG.
Marissa enfatizou que a origem do ecossistema ICE foi proporcionar clareza ao problema que estavam resolvendo: "ser o destino de inovação". A 7-eleven, com 90 milhões de clientes em seu programa de fidelidade, 13 mil pontos de venda nos EUA e 12 milhões de consumidores diários, fez de sua área de marketing em um epicentro de transformação. ICE surgiu como uma nova forma de fazer negócios, tanto para aumentar as vendas da própria empresa, como também sendo um canal de vendas para fornecedores. ICE é definido como um ecossistema para consumo Imediato (I - Imediate, C - Consumption, E - Ecosystem), e se trata de uma solução de negócio que promove programas intensos de parceria e lançamento de produtos e soluções, utilizando as lojas como HUB e todos os possíveis pontos de contato com consumidores como sendo oportunidade de divulgar, gerar interesse e converter vendas.
Este ecossistema é considerado uma redefinição do Retail Media, que foi um dos grandes temas da NRF, em que o varejista coloca o seu conhecimento sobre os interesses e necessidades de seus clientes à disposição de outros negócios B2B, para que se conectem em sua jornada de interesse e compra, seja no seu e-commerce ou em suas lojas físicas.
O ecossistema ICE tem em sua composição:
Dados, Insights e Mensuração de Resultados: neste bloco a 7-eleven oferece conhecimento sobre o shopper de loja de conveniência; possui ainda uma metodologia de pesquisa proprietária chamada "The BrainFreeze Collective" para ter a capacidade de transformar dados em insights; e oferece também Lab Stores, ou seja, lojas laboratório, para fazer medidas reais com produtos reais.
Descoberta, experimentações e conversões: aqui reside todo o programa de fidelidade e inteligência para acionar o cliente-alvo de forma segmentada para as campanhas e ações.
Inspirações, amplificação da mensagem e engajamento do consumidor: uma área de marketing destinada ao marketing do shopper que promove diversos serviços e, por fim, a sua rede de mídia nas diferentes possibilidades: loja, e-commerce, mídias sociais e entretenimento.
Marissa citou vários casos de sucesso, entre eles o do fornecedor Nutrabold de drinques energéticos C4, cujas vendas aumentaram 7%, sendo 33% dos compradores novos para a marca. O uso de dados e ferramentas de tecnologia estão cada vez mais úteis para os negócios, em especial para gerar pulso dos resultados e agilidade na tomada de decisão, adquirir novos conhecimentos, gerar novas ideias e evitar pressuposições. Na 7-eleven eles tentavam predizer como o consumidor iria reagir e notaram com o uso do ICE que estavam errados em 50% dos casos!
Não há argumentos melhores do que resultado, não é mesmo? Além do impacto em vendas e receita para a 7-eleven e seus parceiros, o ICE trouxe profundidade no entendimento do consumidor e melhorou a colaboração entre as equipes. A clareza na definição dos objetivos de inovação, ênfase na comunicação para gerar visibilidade e endereçar os conflitos geracionais é crucial, como evidenciado pelo sucesso da 7-eleven.
Ao refletir sobre esses insights da NRF 2024, surge a pergunta: "Como sua empresa pode se tornar um destino de inovação para seus clientes e parceiros?" A resposta pode ser a chave para transformar dados em um recurso tão valioso quanto o petróleo nos dias de hoje.
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