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Publicada em 18 de Fevereiro de 2024 às 16:00

Mercado de trabalho redescobre potencial de mulheres maduras

FERNANDA FELTES/JC
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Carmen Carlet, especial para o JC*
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O envelhecimento atinge o sexo feminino de maneira mais severa com relação à carreira, já que, ao envelhecer, as mulheres muitas vezes são encaradas como "problema". Isso acontece, segundo especialistas em gerenciamento humano, porque existe a crença equivocada de que elas perderam a agilidade ou possuem dificuldade para lidar com as novas tecnologias. Contudo, algumas empresas começaram a levantar discussões acerca de contratação de mulheres mais velhas e conscientizam as equipes a apoiar e aprender com sua maturidade. Já existem empresas com programas voltados para esse público, como é o caso do Grupo Pereira, reconhecido com o selo Cafe (Certified Age Friendly Employer), concedido pelo norte-americano Age Friendly Institute a empresas que promovem a contratação e retenção de funcionários 50+. Outra alternativa crescente é a de empreender em negócios próprios, como fizeram as mulheres que integram a Associação Empreendedoras Restinga (foto).
 

Empresas investem para atrair profissionais na faixa dos 50

Fe Alves/divulgação/jc

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As mulheres são maioria em todo o Brasil. Segundo os dados do censo mais recente - 2022 - do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em todas as regiões, a população feminina é maior do que a masculina. E um recorte por estado, especificamente tratando de Rio Grande do Sul, demonstra que as mulheres são 51,71% da população.
Em Porto Alegre, o número é um pouco maior e equivale a 53,99%. Outro dado histórico, que já é constatado há algum tempo, é o envelhecimento da população, o que acende uma luz amarela de alerta sobre o mercado de trabalho para a parcela mais experiente.
Quem tem 50 anos ou mais, já deve ter se perguntado porquê a inserção no mercado de trabalho para as mulheres nessa faixa etária é tão difícil. Acontece que muitas empresas - e isso em uma visão mais ampla - julgam que pessoas jovens são uma mão de obra mais barata - pois não possuem experiência - além de serem mais atualizadas com relação às novas tecnologias e tendências mercadológicas.
Muitas dessas empresas praticam o etarismo (discriminação contra pessoas de idade avançada) e o cenário ainda é desafiador embora ações e políticas públicas comecem a direcionar um novo olhar para a pauta. Em nível federal, o senador Weverton Rocha (PDT/MA) desenhou um projeto que amplia o Programa Emprega Mulheres (Lei 14.457/22) incentivando a empregabilidade de mulheres acima de 50 anos de idade.
O projeto prevê que entidades que compõem o Sistema S - como Sesc, Sesi, Senar e Senac - implementem programas e cursos, assim como incentivem iniciativas empresariais para o aprimoramento profissional, a manutenção no emprego e a inserção no mercado de trabalho de mulheres com mais de 50 anos.
O texto também indica que o Sistema Nacional de Emprego (atual Emprega Brasil) deve priorizar esse público em suas iniciativas para aumentar o emprego de mulheres chefes de família monoparental, com deficiência ou com filho com deficiência.
Como justificativa para a aprovação do texto, o senador citou dados de uma pesquisa da Revista Exame, segundo a qual 60% das empresas que participaram de uma enquete relataram dificuldades em contratar pessoas acima de 50 anos. Os entrevistados também citaram problemas culturais e de preconceito que prejudicam a empregabilidade de mulheres nessa faixa etária, o que pode ser combatido pelas iniciativas do projeto. Complementando, a relatora, senadora Damares Alves (Republicanos-DF), incluiu uma emenda explicitando que o Emprega Mulheres, além de priorizar pessoas sem recursos e vítimas de violência doméstica e familiar com registro de ocorrência policial, deve também favorecer mulheres com mais de 50 anos.
No Rio Grande do Sul, José Scorsatto, presidente da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS), observa que essa realidade vem se redesenhando, embora ainda esteja muito longe de ser satisfatória. Scorsatto conta que, desde que assumiu a fundação, em 2023, vem determinando a ampliação de políticas de inclusão como, por exemplo, o combate ao etarismo. Ele pondera que profissionais acima de 50 anos somam nas empresas. A equipe da fundação, inclusive, tem relatado um crescente entendimento por parte dos gestores que têm contratado mais mão de obra nesta faixa etária.
Mesmo assim, esse novo olhar ainda é para profissionais de menor qualificação. Segundo dados da FGTAS, o setor de serviços, seguido de comércio, são os mais abertos a contratações deste público com o preenchimento de vagas tais como serviços gerais, recepção de hotéis, caixa de mercados, entre outras. O levantamento mostra que, em 2023, foram intermediados 31.672 postos de trabalho para mulheres 50 no Rio Grande do Sul, contra 28.630 em 2022.
Helena Brochado, professora de Psicologia Organizacional na Pucrs e fundadora da Consultoria Com Propósito, aponta alguns caminhos e estratégias para vencer a resistência do mercado. A especialista defende, por exemplo, a necessidade de maior empoderamento por parte da mulher. "Com a menopausa, vários hormônios se alteram gerando um questionamento interno sobre sua capacidade", explica a psicóloga, ao comentar que algumas mulheres nem sabem disso, só sentem o resultado no comportamento mais lento, menos seguro, mais receoso.
"Precisamos conversar sobre isso nas organizações", adverte, ao mesmo tempo em que coloca o dedo em outro ponto nevrálgico. Segundo destaca, não adianta as empresas investirem na marca, dizerem que são inclusivas, que trabalham com diversidade, se na hora de contratar, promover e desenvolver não oferecem oportunidades semelhantes para todos. "Não tem mais espaço para dizer e não ser", pontua.
Mórris Litvak, CEO da Maturi - pioneira na colocação 50 no mercado de trabalho - argumenta que a não inclusão dessas profissionais como força de trabalho em um país que envelhece é um paradoxo lamentável. "Há ainda muitos estereótipos e preconceitos associados à idade, que acabam ofuscando as vantagens que esses profissionais oferecem", explica.

Como se reinserir no mercado de trabalho?

/TÂNIA MEINERZ/JC
• Organize o CV e o LinkedIn. Estar com o curriculum atualizado e nesta rede social, em especial, é importante.
• Todas as redes sociais se comunicam e fazem parte do processo seletivo. Seja criteriosa com as informações e fotos postadas.
• Converse com pessoas que trabalham no segmento ou no setor que você gostaria de estar e capacite-se.
• Busque cursos para atualizar suas habilidades tanto tecnológicas quanto comportamentais.
• Networking é crucial. Então, manter ou criar uma rede de contatos é imprescindível.
• Não subestime a importância de uma postura proativa e aberta para aprendizado constante, bem como se permitir diferentes formatos de trabalho.
• Demonstre que quer a oportunidade de emprego, que está atualizada com as demandas do mercado de trabalho. Isso se evidencia na sua conversa e um bom selecionador percebe facilmente.
Fonte: Compilado com informações da Consultoria Com Propósito e Maturi
 

Discussão chega à arte

/Vilmar Carvalho/divulgação/jc

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Com temática feminista e anti-idadista, Velha D é um monólogo que trata de questões sobre o envelhecimento da mulher. Teatro, música e dança compõem a performance da atriz Fera Carvalho Leite. Dirigida e escrita por Bob Bahlis, a peça - que foi inspirada em obras de grandes mulheres como Clarissa Pinkola Estés, Naomi Wolf, Miriam Goldenberg, Madonna, entre outras e já está há dois anos em cartaz - trata de questões relacionadas ao preconceito de idade, a vida profissional x maternidade e tantas outras pressões que as mulheres sofrem ao amadurecer numa sociedade machista e idadista.
Fera conta que a reação do público - feminino e masculino - é de muita identificação. "O envelhecimento é compartilhado por todos, a diferença é que o idadismo feminino é maior e mais cruel", explica a atriz, observando, porém, que, depois da pandemia, as questões inerentes às mulheres mais velhas passaram a ter mais visibilidade. Além disso, a peça vem colocando luz sobre a discussão e questionamentos sobre o ressignificado da palavra "velha": Somos velhas demais para o quê?
A produtora Elite Acting Films, de Porto Alegre, responde a este questionamento com o projeto "Arte Não Tem Idade". Conforme Camila Marques, diretora, a proposta é reunir um time de mulheres 50 , sem experiência de palco, para apresentações de peças e a gravação de um curta com textos de Cecília Meireles. "É um novo olhar e despertar dessas mulheres reais", diz.

Desigualdade salarial precisa mudar o quanto antes

/Emmanuel Denaui/divulgação/jc

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A consultoria Impulso Beta, que trabalha a diversidade como diferencial estratégico para empresas, avalia que mulheres 50 já atuaram em vários cenários e podem ser uma ferramenta importante para as empresas. "Elas são capazes de entender melhor os movimentos do mercado e antecipar problemas", diz em um manifesto. Além disso, considera que esse público apresenta maior nível de maturidade no momento de tomar decisões importantes. Por conta da bagagem de experiências, suas escolhas podem ajudar pessoas mais jovens, proporcionando mais segurança para as equipes.
Uma pesquisa efetuada em 2022 traz à tona a questão de renda das mulheres. Um recorte do "Levantamento Sobre Desigualdade de Gênero no Rio Grande do Sul", produzido pelo Pucrs Data Social: Laboratório de desigualdades, pobreza e mercado de trabalho, mostrou que as mulheres 50+ ganham em média 32,8% menos do que os homens da mesma faixa etária.
Enquanto a renda média das mulheres, conforme a pesquisa, era de R$ 2.559,60, a dos homens era de R$ 3.808,93. O levantamento ainda detectou que o nível de escolaridade das mulheres economicamente ativas 50 era de 45,6% com ensino fundamental, ensino médio 27% e curso superior 27,4%.
Pensando em identificar gargalos no processo de contratação e retenção de talentos com mais de 50 anos, a consultoria Robert Half, em parceria com a startup de inclusão produtiva Labora, desenvolveu a pesquisa "Etarismo e inclusão da diversidade geracional nas organizações", realizada em junho de 2023 com 258 empresas de diferentes portes e os resultados foram contraditórios.
Embora quase a metade das empresas entrevistadas - 48% - afirmem possuir programas relacionados a diversidade geracional, 70% contrataram pouco ou nenhum profissional com mais de 50 anos. E mais assustador é que, nos últimos dois anos, essas contratações foram apenas 5%.
O estudo também apontou um alto nível de desconhecimento sobre o etarismo nos processos corporativos. Mais da metade dos entrevistados (52%) dizem que "profissionais de todas as idades podem participar dos processos seletivos". Para a consultoria, esse tom de otimismo representaria uma ausência de cuidado especial para inclusão dos talentos 50+.
Também 80% das organizações ainda não estabelecem métricas para avaliar o desempenho das iniciativas de inclusão. Consequentemente, o problema se desdobra para a retenção de talentos. Apenas três em cada 10 companhias têm ações desse tipo para profissionais 50+ e 65% não contam com iniciativas de desenvolvimento voltadas para a fase madura dos profissionais.
Carla Thomé, mentora de carreira e diretora de conexão com o associado na seção gaúcha da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH/RS), concorda em parte com a pesquisa. "Conheço muitas empresas que possuem ações afirmativas, tanto para a inclusão de mulheres quanto para a contratação de pessoas 50+, mas ainda existe um caminho longo a percorrer", admite.
Para a consultora, se as mulheres estão se tornando a maioria na força de trabalho, as empresas podem e devem ajustar suas políticas, práticas de recrutamento, programas de treinamento e benefícios para atender às necessidades específicas desse grupo. Enfrentar o etarismo, segundo a entidade, requer um esforço coletivo e contínuo. "Ao promover uma cultura de respeito e valorização de todas as gerações, as organizações podem construir ambientes de trabalho mais inclusivos e produtivos", evidencia Carla.

Empreender é uma alternativa crescente entre as mulheres

/FERNANDA FELTES/JC
Em 2019, 256 mulheres - de idades diferentes - se uniram para dar mais visibilidade aos seus negócios. Na bagagem, tinham a certeza de que contribuíam para o giro da economia do bairro Restinga, terceiro mais populoso de Porto Alegre. Em 2020, essa reunião de mulheres evoluiu e se transformou na Associação Empreendedoras Restinga. Liderada por Roberta Capitão, uma mulher de 47 anos, administradora de empresas e proprietária de duas clínicas odontológicas, o atual hub propicia inclusão, independência tecnológica e fomenta o networking que as mantêm em contato com outras mulheres com os mesmos objetivos. Inicialmente delimitado ao bairro, o projeto expandiu e hoje atende a mulheres de outras localidades.
É o caso de Rita de Cassia Fonseca (57 anos), moradora do bairro Espírito Santo. Ela tem uma história de vida que retrata bem as dificuldades enfrentadas por essas mulheres. Professora, pedagoga e advogada, Rita foi oficial da Brigada Militar. "Quando cheguei ao posto de capitão saí, pois buscava algo diferente e acabei me encontrando na advocacia", relata. Ela se sentia desprestigiada no meio de profissionais mais novos e viu sua idade e experiência desaparecerem.
Na pandemia, optou por acrescentar uma nova fonte de renda e criou uma consultoria com foco em pequenos e médios negócios. Segundo ela, o empreendedorismo permitiu autonomia, flexibilidade e a chance de inovar. Com a rápida evolução da tecnologia e a crescente demanda por habilidades digitais, houve momentos em que se sentiu em desvantagem. No entanto, usou essa mesma "desvantagem" como oportunidade para aprender e se adaptar aos novos tempos. "A decisão de empreender me deu a chance de criar um ambiente de trabalho que valoriza a diversidade de idades e experiências", finaliza.
Nelsi Teresinha Schneider (58 anos) formada em Ciências Contábeis e especialização em Marketing é outra profissional que encontrou no empreendedorismo uma forma de driblar a idade. Gerente de loja por anos, optou por abrir um negócio próprio e inaugurou, em 2018, no Restinga, sua primeira franquia: uma loja de sorvetes. No ano seguinte, comprou uma para o filho no bairro Ponta Grossa, e agora abriu sua segunda loja. Os caminhos que levaram Nelsi Teresinha a investir em uma franquia são um pouco diferentes da maioria das mulheres de sua idade que encontram dificuldades de colocação no mercado. "Não tive problemas por causa do meu currículo, e sim por questões de saúde. Muitas horas trabalhando em pé não dava mais", admite, ao complementar que o segundo motivo para empreender foi aumentar sua fonte de renda.
A professora Darlane Teixeira (56 anos), após 30 anos dedicados à rede pública de ensino, viu-se aposentada e resolveu assumir a coordenação da escola de futebol que a família tem no bairro Restinga. "Com a minha entrada definitiva a escola cresceu", afirma entusiasmada, ao observar que dispõe da ajuda das filhas para auxiliá-la nas questões de redes sociais da escola. "Como professora, mantinha tudo no papel, hábito de anos, ainda estou me adaptando. Não é fácil mudar, mas é preciso", afirma.
Segura de sua maturidade, a advogada Flora Maria Costa Bettio (58 anos) salienta que existe muita concorrência em seu segmento. No entanto, a experiência aponta para onde pretende estar daqui cinco anos, enquanto, segundo afirma, os jovens ainda estão perdidos. Ao mesmo tempo, a advogada admite enfrentar dificuldades no mundo digital. Por esta ótica, a empreendedora enfatiza que se manter atualizada é de extrema importância: ter conhecimento sobre sua área de atuação, como funciona o mercado, quem são seus clientes e o que você oferece. "Saber que assumimos riscos ao empreender e precisamos estar em constante busca por atualizações e o que tem de novo para oferecer ao cliente", ensina. Para ela, isso faz a diferença dentro do mercado.
Cenilda Carvalho da Cruz (57 anos) empreende como consultora há 39 anos. Conectada com o mundo digital e suas ferramentas, planeja lançar cursos online por uma plataforma digital. Com formação na área de programação neurolinguística, Cenilda trabalha com mulheres da periferia ministrando palestras, mentorias e coordenando rodas no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e no posto de saúde para mulheres em situação de vulnerabilidade. Admitindo algumas restrições físicas contornadas com treino funcional além de mudanças na alimentação, a consultora - que já foi proprietária de um minimercado - garante que é muito bom ser uma empreendedora 50+: "Temos mais experiência e olhar visionário", define.
Patricia Philips (53 anos) empreende desde os 48 anos, após concluir formação em Serviço Social. "A independência profissional e financeira, flexibilidade de horário e trabalhar com aquilo que realmente dá prazer foram os fatores principais nessa caminhada", explica a presidente da Abalô Conexões Plurais - primeiro marketplace de divulgação de produtos ou serviços para a Comunidade LGBT+. Patricia conta que preconceitos por causa de sua idade e orientação social foram decisivos para optar pelo empreendedorismo.
Maria Eloína Martins de Martins (50 anos) é proprietária de uma loja de roupas femininas. Sem sentir na pele qualquer tipo de problema por causa da idade - até porque empreende há mais de 13 anos - Maria Eloína conta que observa outras mulheres passarem por processos limitantes. Ela acredita ser muito importante se manter atualizada no mercado. "Os negócios estão em evolução e sempre devemos procurar melhorar através de cursos e palestras" ressalta, citando a Empreendedoras Restinga como um excelente local para esse aprimoramento.

Cooperativismo une talentos da maturidade

/Sicredi/Divulgação/jc

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O cooperativismo também é uma oportunidade para as mulheres 50+. Criado em 2019 pelo Sicredi, o Comitê Mulher tem como propósito promover a equidade de gênero, o empoderamento e a capacitação de mulheres propiciando cada vez mais novos papéis de protagonismo e liderança tanto nas cooperativas como em suas comunidades. Com reuniões mensais e um evento maior uma vez por ano - o Summit Mulher -, o comitê agrega cerca de 100 mulheres, sendo que 30% possuem mais de 50 anos, conta Heloisa Helena Lopes (46 anos), vice-presidente do Sicredi Pioneira.
A psicóloga e empresária Maristela Tomasi Chiappin (52 anos) destaca que esse trabalho conjunto propiciou a implantação de novos projetos profissionais e pessoais, oportunizando novas conexões e vínculos "com riquíssimas partilhas entre as mulheres". Outra visão interessante, conforme a psicóloga, é que essa conexão contribui para a percepção de que não precisamos ser perfeitas em tudo e nem agradar a todos.
Outra associada, a publicitária Mari Fleck (58 anos) garante que o comitê trouxe, entre os benefícios, a possibilidade de tratar temas como liderança feminina, sociedade patriarcal, representatividade das mulheres em cargos mais elevados, além de propiciar força para que todas as integrantes assumam posicionamentos firmes e competentes. "Eu ainda me sinto motivada a empreender, a trabalhar e contribuir para uma sociedade mais equilibrada, por mais difícil que possa ser, mas com coragem podemos sim conquistar", declara.

Estratégias para enfrentar o etarismo nas empresas

1. Conscientização e educação Oferecer treinamento para sensibilizar os funcionários sobre a importância de respeitar todas as faixas etárias.
2. Antidiscriminação Implementar políticas claras e específicas que proíbam a discriminação com base na idade.
3. Inclusão Fomentar cultura organizacional que valorize a diversidade em todas as suas formas, incluindo a geracional.
4. Recrutamento Rever as práticas de recrutamento para garantir que não haja viés etário. Evitar requisitos de experiência excessivamente específicos que possam excluir candidatos mais velhos sem justificativa clara.
5. Mentoria intergeracional Implementar programas que promovam a troca de conhecimentos e experiências entre diferentes gerações.
6. Comunicação Manter canais abertos para que os funcionários se sintam à vontade para relatar incidentes de discriminação e as lideranças possam agir rapidamente em resposta.
Fonte: ABRH/RS

Dicas para empreender na maturidade

Como em qualquer outra fase da vida, empreender depois dos 50 anos requer conhecimento, estudo e análises aprofundadas do mercado. Mas alguns pontos devem ser levados em consideração:
Aproveitar a experiência
A experiência adquirida ao longo da vida faz com que pessoas maduras tenham facilidade para montar negócios com atividades de mentoria, consultoria, assessoria e prestação de serviços.
Não ter medo de pedir ajuda
É importante ter experiência e estar apto para abrir um negócio, mas muitas vezes não dominamos todas as competências necessárias para gerir uma empresa e, por isso, é necessário perceber onde e quando precisamos pedir ajuda.
Estudar é fundamental
Adquirir conhecimento é essencial no desenvolvimento pessoal e profissional. Com a internet, existe uma facilidade gigantesca de acesso a livros, cursos, workshops, oficinas gratuitas e totalmente online. Muitas coisas que você aprendeu no passado podem não ser úteis agora. Esteja aberto para aprender coisas novas e novas maneiras de fazer as coisas. É importante continuar aprendendo sempre.
Inovar sempre, com foco na gestão
Não tenha medo de arriscar! A idade madura traz uma facilidade que não é muito comum para os mais jovens, o empreendedor 50 pode assumir mais riscos, uma vez que muitas vezes está mais voltado à realização pessoal e não à rentabilidade do negócio.
Invista em tecnologia e esteja sempre atualizado para que, com a sua experiência, possa oferecer um produto ou serviço diferenciado.
Muitos empresários se concentram apenas no produto ou serviço, mas é importante também pensar em como gerir o negócio e em estratégias para o mercado.
Dedique-se

O sucesso de qualquer empreendimento está intimamente ligado à dedicação das pessoas envolvidas. Não importa qual seja a idade, é preciso ter determinação para colocar as ideias em prática e realizar os nossos sonhos. Não tenha medo de errar, refazer algo ou tentar mais uma vez.
Conheça novas pessoas

Tente conhecer pessoas diferentes de você. Converse com os mais jovens, de diferentes grupos e áreas de trabalho. Isso pode te ajudar a crescer tanto pessoal quanto profissionalmente.
O empreendedor não poderá se esquecer de:
  • Ter um plano de negócio, que estude o público, os concorrentes e as ações práticas para que os produtos ou serviços a serem oferecidos tenham um diferencial competitivo.
  • Entender a possibilidade de usar linhas de crédito de bancos para fazer a divulgação, comprar máquinas ou ter mais verba para contratar um ajudante ou terceirizar serviços como o de marketing.
  • Estudar sobre gestão de negócios. Existem muitos cursos do Sebrae, gratuitos, que dão muita bagagem e senso prático.
FONTE: SEBRAE

Varejista brasileiro recebe selo internacional de reconhecimento

/Fort Atacadista/divulgação/jc

/Fort Atacadista/divulgação/jc
Fundado em 1962 em Itajaí (SC), o Grupo Pereira desembarcou no Rio Grande do Sul através do atacarejo Fort Atacadista em maio de 2023, com a primeira loja na cidade de Canoas. Comprometido com inclusão e diversidade, o grupo lançou, no ano passado, um projeto para combater o etarismo no ambiente de trabalho. Segundo Simone Cotta (51 anos) gerente de Comunicação e ESG, a companhia acredita que a melhor forma de se posicionar nesse sentido é demonstrando, na prática, o valor e a importância de seus colaboradores mais experientes. "Eles têm se tornado mais produtivos, dedicados e dispostos a aprender e se desenvolver. É uma mão de obra que entrega, é engajada e capaz de contribuir para a inovação nos negócios", avalia Simone. Para ela, a contratação de pessoas 50+ acaba por se tornar uma oportunidade estratégica.
Aliás, essa iniciativa mereceu reconhecimento mundial. O Grupo Pereira é o primeiro varejista brasileiro a ser contemplado com o selo CAFE (Certified Age Friendly Employer), concedido pelo norte-americano Age Friendly Institute a empresas que promovem a contratação e retenção de funcionários 50+. Além de espelhar a realidade brasileira, esse processo de inclusão, na visão da gestora, torna a empresa mais consciente de seu papel. "Ao mesmo tempo, muitas pessoas 50 são provedoras de seus núcleos familiares, o que exige que elas continuem ativas por mais tempo", define.
Conforme entendimento do grupo, essas pessoas ainda enfrentam o falso estigma de que possuem dificuldades de comunicação por conta das novas tecnologias, o que, ao fim, é mais uma forma de preconceito e exclusão social. Sua idade não significa que não sejam capazes de aprender e desenvolver novas habilidades. Em uma equipe intergeracional, explica Simone, o aprendizado é uma via de mão dupla.
"Colaboradores mais jovens podem desenvolver suas soft skills apoiados pela sabedoria e experiência dos mais velhos, enquanto esses últimos podem adotar novas habilidades e conhecimentos trazidos pelos mais jovens. Isso cria uma cultura de aprendizado contínuo e recíproco, estimulando o desenvolvimento pessoal e profissional de todos os membros da equipe", define.
Sobre as mulheres 50+, a gerente de ESG considera que são especialmente dedicadas ao trabalho. Costumam ter mais paciência no atendimento e são mais solícitas em ajudar os colegas. Nesse sentido, acabam sendo, muitas vezes, mobilizadoras e demonstram orgulho por fazerem parte da equipe. É o caso de Cláudia Textor, 60 anos, moradora de Gravataí que trabalha como repositora da área de perfumaria e limpeza do Fort Atacadista Canoas, desde antes da inauguração, em maio de 2023.
"O meu último emprego foi em 2018", conta, ao lembrar que foram quatro anos desempregada, distribuindo currículos e sem resultados efetivos. "Cheguei a fazer panos de prato para vender e minha família até fez vaquinha para ajudar a pagar as minhas contas", recorda. "Agora, é um paraíso. Estou adorando meu trabalho. Minha esperança é que outras pessoas de mais idade também tenham as mesmas oportunidades", declara.
Atualmente, o Grupo Pereira tem mais de 18 mil funcionários. Desses, 2.450 têm mais de 50 anos - 1.193 são mulheres -, o equivalente a mais de 13% do quadro de colaboradores, posicionando-se acima da média nacional, que gravita entre 3 e 5%, de acordo com estudos da Maturi. No Rio Grande do Sul, são 759 funcionários, sendo 102 com mais de 50 anos (61 homens e 41 mulheres). Além das unidades de Canoas e Viamão, o Fort Atacadista deve ter novas unidades em Caxias do Sul, Porto Alegre, Gravataí, Novo Hamburgo e um centro de distribuição em São Leopoldo.
 

'Envelhecendo, eu?!' busca reflexão nas empresas

/Laura Medina e Bianca Vilela/arquivo pessoal/jc
A jornalista Laura Medina (57 anos) e a mestre em Fisiologia Bianca Vilela (43 anos) lançaram o projeto "Envelhecendo, eu?!" propondo que, em março, mês da mulher, seja ampliada, dentro das empresas, a discussão sobre a saúde e a potência feminina, bem como desmistificar estereótipos imputados às mulheres 50 .
A ideia das duas é levar às organizações um bate-papo leve e descontraído para que as profissionais possam ampliar conhecimentos relativos a cuidados com o corpo e emoções. "Nesse encontro, propomos ressignificar o processo de envelhecer, lembrando que nunca é tarde para promover hábitos mais saudáveis", explica a jornalista, que já tem um histórico profissional voltado ao bem-estar. Compreender e lidar com as emoções, fisiologia da cascata hormonal, exercícios compensatórios no controle das dores físicas são alguns dos temas desenvolvidos na palestra que tem a duração de uma hora, e a possibilidade de ser presencial ou online.
Laura destaca que, no Brasil, as doenças físicas e emocionais que afetam a saúde da mulher com o passar da idade podem ser evitadas ou minimizadas se houver informações que levem à prevenção. Bianca, por sua vez, acredita que as mudanças acontecem a partir de pequenos hábitos dentro de uma rotina que levam a uma vida mais leve e produtiva. Aliás, produtividade é palavra de ordem no vocabulário da jornalista Laura Medina, que pretende incluir uma nova profissão ao seu currículo aos 60 anos, quando se formará em Psicologia pela Pucrs.
 

*Carmen Carlet, jornalista formada pela Famecos, Pucrs. Atuou como colunista, repórter e correspondente de veículos especializados em propaganda e marketing. Atualmente, trabalha com assessoria de comunicação, produção de conteúdo e conexões criativas.

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