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"Marcas querem ter sua flagship no Iguatemi Porto Alegre", diz gerente-geral
Gerente-geral do Iguatemi Porto Alegre, fala de novidades da operação em 2024
Por Patrícia Comunello
Ela está há mais de 25 anos no empreendimento, onde estreou no marketing. Há 11 anos, comanda a gestão e parece que a cada período o tamanho e o fôlego do maior shopping center do Rio Grande do Sul não têm limite. “Ouvimos cada vez mais dos lojistas: ‘Precisamos ter a flagship da marca no Iguatemi Porto Alegre’”, reproduz a gerente-geral, Nailê Mariano da Rocha Santos.
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Ela está há mais de 25 anos no empreendimento, onde estreou no marketing. Há 11 anos, comanda a gestão e parece que a cada período o tamanho e o fôlego do maior shopping center do Rio Grande do Sul não têm limite. “Ouvimos cada vez mais dos lojistas: ‘Precisamos ter a flagship da marca no Iguatemi Porto Alegre’”, reproduz a gerente-geral, Nailê Mariano da Rocha Santos.
O shopping teve, em dezembro de 2023, o melhor mês da história e lacrou no quesito de marcas de luxo internacionais, com a chegada da italiana Gucci, que “gerou um forte buzz”, vibra a executiva, que conversou com o Jornal do Comércio após desembarcar de Nova York, onde acompanhou a NRF Retail’s Big Show.
O evento serviu para calibrar caminhos do varejo mundial. A gerente-geral acredita que o empreendimento está alinhado com os desafios listados em Nova York, como a demanda dos mais jovens. “A geração Z não vai abandonar o shopping”, avisa.
O IguatemiPOA vai ter novas instalações, algumas ainda guardadas a sete chaves, como uma nova marca de luxo. Outra aposta é um empório de comida a ser aberto ainda este ano. Em 2026, uma nova torre corporativa será erguida.
Empresas & Negócios - Como foi 2023 para o shopping?
Nailê Santos - Foi um ano bem intenso, tanto de inaugurações como reinaugurações e reformas importantíssimas, como a da megaloja da Renner, para ficar no padrão de loja circular, é única no Estado com todas as características. Foram 52 operações sendo mexidas em 2023, entre inaugurações e reformas. Destas, 28 foram marcas novas que entraram. O destaque foi a Gucci, que gerou todo um buzz por ser a única no Rio Grande do Sul. Depois, tivemos a Pompéia, em quase mil metros quadrados, além da T Store, da Tramontina. A Meia Hora Hair abriu a segunda unidade da rede depois do sucesso da primeira, e agora com cabelo. A Calvin Klein dobrou de tamanho, o que mostra o resultado da marca. Outras que ampliaram, reformaram ou trocaram de ponto: Live, MMartan, Café Origem, Petiskeira, Track & Field e Camicado. A Dolce & Gabana dobrou de tamanho também, com a entrada do masculino. Foi um ano em que o varejo fez investimentos importantes no Iguatemi. No pós-pandemia, o número de operações entre novas e as que tiveram atualizações seguiu o de 2022 - as 52, mas agora com mais qualidade e marcas diferenciadas.
E&N - Por que grifes como Gucci estão vindo?
Nailê - Essas marcas sabem a origem dos clientes, já tinham uma boa informação de quantos deles eram do Rio Grande do Sul e que compravam em São Paulo ou no exterior. Eles deixam de comprar fora para comprar aqui. Também atraímos o público de Santa Catarina, pela proximidade.
E&N - E 2024 seguirá a pegada de 2023?
Nailê - Os primeiros números de janeiro são animadores, com fluxo muito bom. Vamos seguir em ritmo crescente de qualificação das operações. A barra de exigência só se eleva. Temos ouvido cada vez mais dos lojistas: "Precisamos ter a flagship (lojas conceito) da marca aqui no Iguatemi". Entre as novidades, está a Me.Linda, rede de cosméticos multimarcas que abre em março em 681 metros quadrados, no espaço que era do Ponto (Ponto Frio). A loja Ida prorrogou também para março a abertura. Na área onde estão as marcas de luxo, teremos boas novidades. Em um shopping, uma rotatividade saudável anual é mudar 10% das lojas. Vamos ter um empório onde foi a Ri Happy, em área de 562 metros quadrados. Os clientes pediram este tipo de mercado que atenda conveniência e tenha charme. Estamos prospectando o operador, olhando marcas de fora do Estado e locais. Teremos uma segunda torre corporativa. A atual está 100% locada, com fila de espera. Vai ser erguida no estacionamento perto da Renner, um projeto a partir de 2026.
E&N - O que o Iguatemi tem que os outros não têm?
Nailê - O shopping já é Top of Mind, tem a maior venda no Estado entre os empreendimentos. Temos marcas exclusivas como Zara, Zara Home, Sephora, Gucci, Louis Vuitton, Dolce & Gabana e outras. O volume de marcas nacionais e internacionais é muito maior aqui. Tudo isso faz com que tenhamos tido em 2023 o melhor dezembro da nossa história de 40 anos em vendas e receita, superando de longe 2019.
E&N - Quais setores ganham mais espaço?
Nailê - Moda é o que mais cresce e é o maior percentual entre todos os segmentos, representando 41,6% das lojas na venda. Se colocarmos relojoarias e calçados junto nesta conta, a participação vai a 53% do faturamento. Aqui, a moda é o grande forte pelo perfil do cliente, formado 64% por mulheres. Mas temos setores que vêm crescendo nos últimos dois anos, como o de beleza, com multimarcas. As pessoas investem cada vez mais em bem-estar.
E&N - O que mais te impactou na NRF e o que pode ser aplicado ou se percebe no varejo no RS?
Nailê - Um dos pontos que mais chamou a atenção é o desafio de criar uma atmosfera do ambiente físico para criar a experiência para compensar a motivação pelo online. O que motiva a dar uma passada no shopping é a sociabilização. Por isso, só cresce o número de cafeterias, além de restaurantes. A jornada de consumo passa pela experiência e muito pela conveniência. Quem vem para almoçar aproveita para fazer outras coisas. É o que a gente fala de resolver a vida no shopping. Outro tema é o engajamento social, destacado pela CEO da Levi's, Michelle Grass, e pelo ex-jogador Magic Johnson. As empresas estão cada vez mais preocupadas com seu entorno. Temos isso aqui. Os empreendedores do Iguatemi são os mantenedores da Creche Ipiranga, que atende 150 crianças, há 15 anos. Adotamos os canteiros de flores do Parque Germânia. Todas as nossas campanhas de Natal trazem ações para instituições sociais. Arrecadamos R$ 194 mil em 2023. Isso é ter um olhar verdadeiro para o aspecto social. Menos marketizar e mais fazer com foco na comunidade. Também não nos importamos se a concorrência copiar (risos).
E&N - O que o uso do aplicativo possibilita sobre conhecimento de clientes e ações?
Nailê - Usamos o app nas promoções maciçamente. Com isso, termos o perfil do que os clientes gastam, onde e como. Criamos um perfil de consumo e oferecemos uma comunicação mais dirigida. Hoje temos um cadastro com 261,6 mil e-mails. No app, são 140 mil cadastros. Canalizamos nossas promoções pelo aplicativo, tudo é no digital. Podemos fazer muito mais cruzamentos para estimular a fidelização com o cliente, que, ao nos perceber relevante, vai acabar aumentando a compra. As lojas e operações estão usando e ajudamos em campanhas. Saber qual é o benefício que pode fazer a diferença é o segredo. Vamos olhar mais para a Inteligência Artificial (IA). Mas é preciso também educar e ter tempo de adaptação. O gaúcho é mais conservador e nem todos aceitam algumas tecnologias. Ainda precisamos ter máquina que aceitam dinheiro para pagar o estacionamento.
E&N - A geração Z vai frequentar os shoppings?
Nailê - Eles influenciam todo um padrão de comportamento, mesmo que, financeiramente, tenham menor poder de compra que as gerações X e Baby Boomer, que são as que mais gastam. Outro desafio é dos empregadores na hora de contratar os Zs. Eles colocam o bem-estar em primeiro lugar. Na NRF, apareceu muito a dificuldade de ter mão de obra, além de qualificar as pessoas. Para sensibilizar e engajar as novas gerações, precisamos olhar a diversidade e sustentabilidade de forma genuína. Os Zs vão muito ao shopping, mas querem socialização. Também vemos que cresce o interesse deles por marcas de luxo e influência. Tenho certeza que a geração Z não vai abandonar o shopping.