Que o setor primário do Rio Grande do Sul é hoje um gigante, não há dúvidas. Grande responsável pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho, ele desempenha um papel crucial na economia do Estado. Conforme dados da Secretaria Estadual da Agricultura, no acumulado do primeiro semestre de 2023, o PIB do RS cresceu 4,5% em relação ao período de janeiro a junho do ano anterior, com destaque para a expansão na agropecuária que chegou a 29,8%. Mega produtor de grãos como soja, arroz, milho, trigo e aveia, com indicativo de produzir 40,9 milhões de toneladas, na safra 2023/2024 conforme levantamento da Conab, pecuarista de mão cheia, o trabalho de sol a sol do gaúcho contribui para a geração de empregos e a produção de matérias-primas essenciais para a indústria. Mas nada disso seria possível sem estudo, pesquisa, ciência e tecnologia, os quatro pilares que há 125 anos colocam a Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Fagro-Ufrgs) como uma das grandes responsáveis pelo crescimento agropecuário do Estado.
O diretor da Fagro, professor Carlos Alberto Bissani, afirma que a faculdade teve papel decisivo no desenvolvimento agropecuário não só do Estado, mas de todo o País. "Foi dos bancos da Agronomia e das mentes brilhantes de ex-alunos que surgiram projetos-chave para o desenvolvimento do setor primário: a criação da Embrapa por um dos egressos mais famosos, o ex-ministro da agricultura, Luiz Fernando Cirne Lima, a Operação Tatu que permitiu solo fértil para plantar, o Programa de Melhoramento da Aveia, apenas para citar alguns exemplos", disse Bissani. E até hoje, a contribuição da Faculdade de Agronomia segue grandiosa, através de projetos de pesquisa inovadores que acompanham as tendências do cenário agropecuário, especialmente na área de agroecologia, como trabalhos na área de orgânicos, seja pecuária ou agricultura e controle biológico de pragas.
O diretor destaca dois marcos importantes na história da faculdade que foram decisivos para que os conhecimentos adquiridos ali pudessem se espraiar pago à fora: a criação da Estação Experimental Agronômica (EEA), em 1961, localizada em Eldorado do Sul e o início do programa de Pós-Graduação em Agronomia, em nível de mestrado, nas áreas de Fitotecnia, Solos e Zootecnia, através de uma parceria com a Universidade de Wisconsin. "Com a Estação pulamos dos 20 hectares da área da avenida Bento Gonçalves para mais de 1,5 mil hectares, em Eldorado do Sul. É lá a nossa base forte de pesquisa e extensão e também de atividades didáticas", avalia. Além disso, Bissani conta que a Fagro teve um dos primeiros programas de pós-graduação no Brasil na área de ciências agrárias, evento que "teve um impacto grandioso, pois porque os projetos de pesquisa passaram a ser vinculados à pesquisa da unidade", completa o professor.
Bissani também destaca a área de forrageiras que, desde os primórdios da pesquisa na faculdade, estuda as pastagens nativas do Rio Grande do Sul, suas formas de manejo, novas variedades. Na parte de fruticultura, trabalhos voltados para as regiões produtoras de maçã, uva e citros, por exemplo. Na área da zootecnia, da produção animal também, na bovinocultura de corte, avicultura com projetos importantes.
Bissani conta que o curso de agronomia foi criado em 9 de julho de 1898 e integrava a Escola de Engenharia de Porto Alegre. O início das atividades do chamado Curso Provisório de Agrônomos foi apenas em 1900, com duração de três anos. A primeira turma, de apenas dois engenheiros agrônomos, foi formada em 1902 e o curso só funcionou efetivamente a partir de 1909, quando obteve o decreto de reconhecimento, já vinculado ao recém-criado Instituto de Agronomia. Nesses 125 anos, o curso de graduação formou 160 turmas de engenheiros agrônomos (cerca de 4 mil diplomados) e 13 turmas de zootecnistas (cerca de 130 diplomados). Na pós-graduação, formou cerca de 3.340 profissionais (2.400 mestres e 940 doutores). O professor é testemunha viva da história da faculdade.
Autossuficiência em aveia foi graças à pesquisa de agrônomos

Marcelo Pacheco (à esq.) conta que foram necessários mais de 10 anos para concluir o melhoramento genético da aveia antes do plantio
/Arquivo Pessoal/jcSe hoje o Rio Grande do Sul é autossuficiente na produção de aveia para consumo humano e animal, foi em função do trabalho árduo de pesquisa que iniciou há 50 anos pelas mãos de pesquisadores visionários e obstinados da faculdade de Agronomia. "Naquela época, em 1973, as sementes de aveia não eram adaptadas ao nosso clima subtropical. A saída foi importar sementes dos Estados Unidos e iniciar estudos de melhoramento genético desse material para que fosse possível iniciar o cultivo do cereal no Rio Grande do Sul", informa o pesquisador do Programa de Melhoramento Genético de Aveia da Ufrgs, Marcelo Pacheco. Segundo ele, foram necessários mais de 10 anos para finalizar o processo de melhoramento até que fosse iniciado o plantio e o produto lançado no mercado. "Em 2004, lançamos a variedade URS Guapa com alta produtividade média de 3 toneladas por hectare e excelente qualidade, chegando a 2,7 mil quilos por hectare nos ensaios realizados no Estado e a 3 mil quilos por hectare nos ensaios realizados a nível de Brasil", acrescenta Pacheco.
No programa, são planejados e realizados em torno de 120 diferentes cruzamentos por ano. As populações segregantes (F2 a F7) são conduzidas a campo na Estação Experimental Agronômica (EEA). Nelas, é aplicada a seleção para a identificação dos melhores genótipos. Uma vez obtidos as novas linhagens, os mesmos são comparados com as variedades testemunhas para o rendimento de grãos e outros caracteres de importância agronômica. No primeiro ano, as linhagens são testadas em um único local, as que superarem as testemunhas em 5% são promovidas para os ensaios regionais em oito locais e posteriormente ao brasileiro de linhagens, em 12 locais, por mais dois anos. Somente após quatro anos de testes, as sementes podem ser lançadas comercialmente.
O coordenador do programa, professor Luiz Carlos Federizzi, conta que participa das pesquisas desde 1978, quando era aluno da Fagro e depois seguiu como pesquisador. "Na época, do lançamento do projeto, o Estado importava a totalidade da aveia que consumia, com apenas 10 mil hectares do cereal plantados. Hoje, 95% da aveia plantada no Brasil é variedade Ufrgs, numa área de 1,1 milhão de toneladas, em 2023, ante as 30 mil toneladas cultivadas em 1974, nos primórdios do programa", afirmou Federizzi. Da década de 1970 para cá, os pesquisadores do programa desenvolveram mais de 30 cultivares de aveia para floco, com alta produção e qualidade industrial. Além de cultivadas no Rio Grande do Sul, as sementes de aveia adaptadas ao clima subtropical também ganharam os campos do Paraná e do Mato Grosso do Sul. O produto final é exportado para Colômbia, Peru e países da América Central.
Dados da Conab apontam que no Brasil são cultivados 497,7 mil hectares de aveia, das quais 448,7 mil hectares no Rio Grande do Sul, 107 mil hectares no Paraná e 49 mil hectares no Mato Grosso do Sul. Em termos de mercado interno, 25% da aveia produzida vai para consumo humano e o restante para alimento dos rebanhos bovino e equino.
Cirne Lima: o agronegócio brasileiro começou com a Embrapa, em 1973

Cirne Lima lembra que a pesquisa da Embrapa foi fundamental para diversificar as lavouras no RS e no País
/LUIZA PRADO/JCUm dos alunos egressos mais famosos da Faculdade de Agronomia da Ufrgs é o ex-ministro da Agricultura e engenheiro agrônomo Luiz Fernando Cirne Lima. Foi a partir da necessidade de encontrar saídas para impulsionar o setor agropecuário brasileiro, na década de 1970, que ele teve a ideia de criar um grupo trabalho com estudiosos de Passo Fundo, Pelotas, Bagé e Bento Gonçalves que focassem em pesquisa agropecuária e assim identificar limitações, buscar providências, indicar fontes e formas de financiamento, e propor legislação adequada para assegurar a dinamização de estudos que pudessem tornar a agropecuária brasileira gigante e autossuficiente. "O agronegócio brasileiro começou com a Embrapa, em 1973. Naquela época, plantávamos café, algodão, cacau e açúcar, mas era preciso aumentar a produtividade, mantendo a área e como fazer isso? Através da ciência, da pesquisa e de novas tecnologias. Para mim, o grande mérito da Embrapa foi fazer o Cerrado produzir", relembra o ex-ministro.
No início da década de 1970, a questão do aumento de produção agrícola e pecuária no Brasil seguia duas frentes: pela reforma agrária ou pela expansão da fronteira agrícola. "Eu era contra a reforma agrária, então escolhemos a expansão da fronteira, mas para isso era preciso tecnologia", diz o ex-ministro. A agricultura se intensificava no Brasil, o crescimento acelerado da população e da renda per capita, e a abertura para o mercado externo mostravam que, sem investimentos em ciências agrárias, o País não conseguiria reduzir o diferencial entre o crescimento da demanda e o da oferta de alimentos e fibras.
E foi com a criação da Embrapa que o Rio Grande do Sul deu um salto importante no setor primário, especialmente com o início do plantio mais intensivo de soja, já que o Estado era prioritariamente de tradição pecuária. "O arroz já estava bem organizado na época, o trigo era incipiente, a pecuária muito forte, e nos mantínhamos ausentes do cenário nacional, que cultivava principalmente café, açúcar, algodão e cacau. Os gaúchos precisavam exportar e nada melhor do que a soja", afirma Cirne Lima.
O ex-ministro conta que os quatro municípios gaúchos cujos pesquisadores integraram o grupo de estudos tinham estações experimentais as quais viraram postos da Embrapa, cada um na sua especialidade: uva, bovinos, soja e fruticultura. Os primeiros centros nacionais por produtos foram criados em 1974 com a estação do Trigo, em Passo Fundo, Arroz e Feijão, em Goiânia, Gado de Corte, em Campo Grande e Seringueira, em Manaus.
O ex-ministro, que também foi presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), conta que passou no vestibular para Agronomia em 1950 e se formou quatro anos depois.
Além dele, a Fagro teve outros alunos ilustres como o tradicionalista e escritor Paixão Cortes, o ambientalista e ex-ministro do Meio Ambiente, José Lutzenberger, o ex-secretário da Agricultura, José Hermeto Hoffmann, entre outros.
Operação Tatu permitiu salto na produtividade de milho, soja e trigo no Estado

Hoje diretor da Fagro, Carlos Alberto Bissani integrou grupo que transformou áreas degradadas em cultiváveis
/TÂNIA MEINERZ/JCUm dos projetos que ajudou a revolucionar a agricultura do Estado e propiciou que os gaúchos se tornassem um dos maiores produtores de grãos do País foi o Plano Estadual de Melhoramento da Fertilidade do Solo. Chamado de Operação Tatu, integrou o curso de Pós-graduação em Agronomia, originado do convênio entre o Ministério da Educação (MEC) e a Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID). O diretor da Faculdade de Agronomia da Ufrgs, Carlos Alberto Bissani, foi um dos integrantes desse grupo de pesquisa e afirma que os estudos sobre solo iniciados na década de 1960 permitiram transformar o ambiente de abandono, de degradação do solo em áreas férteis e ricas. "A pesquisa começou em 1964 e constatou que os solos eram deficientes em nutrientes, principalmente o fósforo, além de ter práticas de manejo inadequadas. Com a correção das áreas foi possível triplicar a produção", relembra Bissani. Dessa forma, as lavouras de milho saltaram de 2.000 kg/hectare para 4.500 com adubação e saltou para 6.000 com adubação e calcário. O trigo saltou de 500 kg/hectare para 1.000 kg/hectare com adubação e 2.000 kg/hectare com adubação e calcário. E a soja de 1.000 kg/hectare, para 1.500 com adubação e 2.000 kg/hectare com adubação e calcário.
A proposta era fazer análise dos solos, principalmente do Planalto do Estado, a partir de levantamentos de fertilidade, visando a correção e adubação dessas áreas. Esse trabalho teve um impacto bastante forte na produção principalmente de grãos que até hoje temos esse reflexo, inclusive em áreas do Centro-oeste do Brasil, pois nosso tecnologia foi levada para lá, junto com os gaúchos que migraram.
A campo, os alunos e professores da Operação Tatu coletaram mais de três mil amostras de solo, começando pelo município de Ibirubá. Também foram coletadas informações de manejo e história dos cultivos da região. Todos os dados foram levados para análise no Laboratório de Análise de Solos da Faculdade de Agronomia da Ufrgs. Em três anos, o programa atuou em 84 municípios, com 14,8 mil agricultores e realizou 32,4 mil análises de solo.
Os problemas no solo gaúcho iniciaram no século XIX, a partir do assentamento de imigrantes europeus, nas proximidades da Capital e da região serrana. À medida que a terra ia se esgotando, eles migraram, no início do século XX para regiões do Planalto Médio, Missões e Alto Uruguai. As novas colônias se desenvolveram rapidamente, em função da fertilidade natural dos solos de mata. Mas, com a redução gradual de matéria orgânica esses solos também foram danificados, ficando ácidos e improdutivos. "Frente à queda na produtividade, essas áreas também foram abandonadas e muitos agricultores migraram para outros estados, na década de 1960, em busca de melhores solos", conta Bissani.
Ex-aluna da Fagro cria startup que trabalha com controle biológico de pragas

Camila Vargas vê o controle biológico como o futuro da agricultura
ARQUIVO PESSOAL/JC Uma das grandes tendências mundiais do agronegócio, a produção sustentável, levou a Tecnóloga Agropecuária, mestre e doutora em Fitotecnia pela Faculdade de Agronomia da Ufrgs Camila Correa Vargas a criar a BioIn, uma startup voltada para o desenvolvimento de novas tecnologias para controle biológico de pragas nas lavouras. "O controle biológico é o futuro da agricultura, pois garante produtividade, não deixa resíduos, permite a produção de uma forma muito mais sustentável, muito mais limpa com produtos que não impactam a saúde do agricultor, do consumidor final e não agridem o meio ambiente", afirma Camila.
Ela conta que a vida acadêmica na Fagro iniciou em 2014, quando fez mestrado e doutorado na área da fitotecnia, voltada para o estudo de genética, pragas e doenças das plantas. "Fiquei seis anos trabalhando com pesquisa na minha pós-graduação, dentro do departamento de fitossanidade da Agronomia da Ufrgs. A BioIn nasceu da minha tese de doutorado", diz a pesquisadora. Durante a pós-graduação, a estudiosa focou a pesquisa dela em um inseto específico, que combate ovos de lagartas no campo, e com isso, consegue controlar as lagartas antes mesmo que elas nasçam. "Foi daí que partiu a startup, pois esse inseto é de uma espécie bastante difundida e conhecida, só que não tinha disponibilidade para os produtores. Tínhamos o conhecimento, mas não o produto".
A BioIn trabalha três produtos: BioIn Trico-P, para controle de lagartas a partir de uma vespa, chamada Tricograma pretiosum que controla os ovos que darão origem às lagartas no campo. "Eliminamos o dano antes que o dano nasça: essa vespa coloca o ovo dela dentro do ovo da lagarta, que dará origem à lagarta, e ao invés de nascer uma nova lagarta, nasce uma nova vespa. Esse é um produto que pode ser utilizado em lagartas presentes em produção de grãs ou horticultura", explica a pesquisadora. O segundo produto é o BioIn Longicau-D para controle de mosca das frutas, promovido pela vespa Doachamimopha longicaudata. É um produto biológico que controla a larva da mosca das frutas dentro dos próprios frutos, reduzindo muito o dano dos mesmos. "Temos um terceiro produto para controle de ovos que darão origem à percevejos, principalmente no cultivo da soja, pensando em soja e arroz orgânico, que está aguardando a fase final do registro no Ministério da Agricultura", antecipa Camila.
Segundo ela, a BioIn já tem projetos de estudos sobre novas espécies para controle de pragas na agricultura, pois existe uma gama enorme de insetos-pragas no campo, em diferentes cultivos no Brasil. Ter esses produtos para o produtor comprar é fundamental quando se pensa, não só em agricultura orgânica, mas uma agricultura mais sustentável e racional, em uma produção que possa utilizar mais de um produto, fazer um manejo integrado de pragas, até mesmo utilizando um produto químico, mas de uma forma racional e consorciada com o produto biológico.
"Não adianta a gente fomentar a agricultura orgânica, sem possibilitar que os agricultores tenham acesso aos insumos biológicos. Estamos pegando um pedacinho muito pequeno de um mercado que é enorme no Brasil, e que tende a crescer cada vez mais", afirma Camila. Em relação aos resultados, os produtores têm um ganho na produção e produtividade, pois reduzem os danos e, em alguns casos, salvam todo o cultivo, além da agregação de valor, pois por ser um alimento orgânico, é certificado e tem melhor valor de mercado.
Criado no estilo Eclético, prédio da Agronomia conserva detalhes do projeto original

Construção da edificação foi finalizada em 1913, no Campus do Vale
/UFRGS/Arquivo Pessoal/jcEm 1910, no tempo em que a avenida Bento Gonçalves era de chão batido e se chamava estrada do Mato Grosso, o engenheiro, Manoel Barbosa Assumpção Itaqui, desembarcava no terreno, onde seria iniciada a obra do então Instituto Agronomia e Veterinária, para dar início à construção do conjunto arquitetônico que, até hoje, compõe o campus da faculdade de Agronomia. Na época, o prédio era o único construído distante do centro, no Campus do Vale, em função da necessidade de espaço para plantio e criação. Sua construção foi finalizada em 1913 e era composto por um núcleo central com três pavimentos e espaços laterais, constituídos por um amplo pátio coberto, em forma de arco.
A arquiteta e chefe do Setor de Patrimônio Histórico (SPH) da Ufrgs, Renata Manara Tonioli, conta que, do projeto original, sobraram o prédio principal, construído no estilo Eclético. "Na época, era a arquitetura que se fazia, buscando referências de diversos estilos", explica. Em função da dificuldade de deslocamento até à Agronomia, a estrutura da faculdade contava com dormitórios, refeitórios, em regime de internato. As casas no entorno eram dos professores e eram num total de 12. Hoje, só restam, duas onde funcionam laboratórios de pesquisa. Havia ainda o hospital veterinário e a cavalariça.
Renata conta que até o ano de 1998 os prédios históricos da Ufrgs não contavam com proteção alguma como patrimônio histórico e podiam ser modificados sem controle algum. A partir da gestão da reitora Wrana Panizzi que, através de incentivos da Lei Rouanet, iniciou um processo de restauração de 12 prédios históricos e que os mesmos passaram a ser protegidos a partir de leis municipais e estaduais. "Ao longo dos anos, esses prédios, inclusive o da agronomia, foram sendo muito modificados, perdendo as características originais, em função de necessidades de ampliação de setores, divisões dos mesmos. Com as reformas, conseguimos atender às demandas atuais, como espaço, acessibilidade, mas ao mesmo tempo conseguimos recuperar muitos detalhes e estruturas originais", conta a arquiteta.
Ela conta que foram mantidos e restaurados espaços externos do projeto original, onde estão situados o Jardim Filogenético, projetado em espiral que vai das espécies menos evoluídas, para as mais evoluídas. Além disso, foram reestruturados os roseirais que ficavam em camadas ao lado do prédio.
Ela conta que, de 2003 a 2009, foi feita uma reforma geral no prédio principal, a partir da qual foi possível recuperar uma série de pinturas originais, feitas nas paredes da biblioteca, sala da direção. "O que acontecia é que, antigamente, pintavam por cima, depois é que começou a se dar importância ao resgate do patrimônio histórico. Hoje, sempre que vamos fazer a recuperação de um prédio a primeira coisa é pesquisa histórica para saber desde a parte histórica institucional, a partir da qual começamos a pegar pistas do edifício para poder recuperar. Fazemos um retrospecto da evolução do prédio e um levantamento dimensional no momento do projeto", completa Renata.