Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Reportagem Especial

- Publicada em 05 de Novembro de 2023 às 16:00

Ensino de idiomas busca se reinventar no pós-pandemia

Empresas se adaptam para falar a língua do mercado

Empresas se adaptam para falar a língua do mercado


freepik/divulgação/jc
Lívia Araújo, especial para o JC*
Lívia Araújo, especial para o JC*
O ensino de língua estrangeira, que passou por adaptações inevitáveis ao cenário de pandemia, tenta recuperar o desempenho dos anos anteriores apostando na diversificação de formatos e públicos, atuando em um cenário marcado pela inflação e pela concorrência com cursos online e plataformas globais de aprendizado de idiomas.

Sindicato das Escolas de Idiomas do Rio Grande do Sul estima que as instituições do Estado perderam cerca de 40% de seu faturamento no período de isolamento social imposto pela Covid-19

Sindicato das Escolas de Idiomas do Rio Grande do Sul estima que as instituições do Estado perderam cerca de 40% de seu faturamento no período de isolamento social imposto pela Covid-19


freepik/divulgação/jc
Uma tradicional atividade educacional extracurricular, o ensino de idiomas acompanha há décadas os brasileiros em uma faceta tradicional: o da escola com sede física. Como também aconteceu com o ensino regular no período de pandemia, o formato passou por uma série de dificuldades nas fases de isolamento que a população enfrentou a partir de março de 2020.
Com perda de alunos, fechamento de escolas e a migração imediata para o formato online, o segmento teve de antecipar planos futuros, promover adaptações e implantar inovações a fim não só de proporcionar a sobrevivência de empreendimentos e seus integrantes, mas também de estimular o próprio crescimento do mercado no pós-pandemia. É o que está acontecendo agora.
Olhando em retrospectiva, o presidente do Sindicato das Escolas de Idiomas do Rio Grande do Sul, Eduardo de Barros Alves - ele mesmo um franqueado da rede Yázigi em Porto Alegre - contabiliza as perdas enfrentadas pelo setor em função da Covid-19 . A entidade estima que as escolas do Estado perderam cerca de 40% de seu faturamento no período, além de uma redução de mais de 20% das cerca de 500 unidades físicas no Estado (das quais 320 são franquias).
"Hoje já há uma recuperação. Várias escolas estão chegando perto do faturamento de 2019. Porém, entre 2019 e 2023, a inflação foi de mais de 30%, o que compromete o ganho real. Os custos aumentaram significativamente", analisa.
Atualmente, segundo Alves, o tíquete médio mensal das escolas gira em torno dos R$ 300,00 por aluno, variando para mais ou para menos em função da bandeira, da proposta curricular, da estrutura física e outros fatores.
O segmento de idiomas, capitaneado principalmente pelo inglês e, secundariamente, pelo espanhol, com uma participação bem menor de línguas como francês, italiano, alemão, mandarim e japonês, também vem passando por uma série de mudanças ao longo dos anos.
Uma parte está em uma migração do próprio público atendido por essas empresas. "Há 20, 30 anos, era um público de maior poder aquisitivo que buscava a escola de idiomas. Hoje, os alunos do ensino regular privado acabam tendo sua necessidade atendida na própria escola. Não é necessariamente um ensino bilíngue, mas houve um salto de qualidade", avalia.
Portanto, aponta Alves, essas crianças e adolescentes passaram a vir principalmente da escola pública, que ainda não tem uma qualidade que permita consolidar o aprendizado da língua estrangeira.
Os alunos do ensino privado, no entanto, não estão de todo afastados do universo da escola de inglês, já que uma das novas frentes de atuação dessas empresas diz respeito justamente a parcerias pedagógicas com colégios. "Essa parceria na prestação de serviços pode acontecer, por exemplo, como uma consultoria. A escola empresta sua metodologia, seu conhecimento específico na instrução do idioma. Ou trabalhando, inclusive, com o próprio professor da escola", explica Alves.
O Yázigi é uma das redes que atuam nesse segmento, conduzindo um programa chamado Yázigi For Schools. Outro segmento trabalhado pela empresa é o Yázigi For Business, iniciado em 2023 e que atua em parceria com empresas localizadas nas áreas de atuação local das franquias do Yázigi, incluindo o Rio Grande do Sul.
Essas parcerias se encontram entre as soluções que a Pearson, holding que engloba marcas como Yágizi, Wizard e atua também em outras frentes na área educacional, busca para ampliar a atuação do segmento, descreve Juliana Mello, head de franquias do Yázigi.
A executiva aponta que o modelo tradicional de ensino de línguas, baseado na escola presencial, passou também a enfrentar uma diversificação da concorrência ao longo dos anos.
Um desses segmentos conta com capilaridade global e preço acessível - e até acesso gratuito - para os alunos: são as plataformas automatizadas de aprendizado de idiomas, como Babbel e Duolingo, que abordam tópicos sem professor, com ajuda de inteligência artificial e propõem exercícios de escuta, fala e escrita em um formato que propõe desafios e premiações simbólicas, na mesma dinâmica de estímulos e recompensas dos videogames e redes sociais.
No caso do Duolingo, o relatório de desempenho global da empresa no segundo bimestre de 2023 apontou um volume de 74,1 milhões de usuários mensalmente ativos. Em 2020, a plataforma tinha cerca de 30 milhões de usuários no Brasil, que têm disponíveis lições de inglês, espanhol, francês, italiano, alemão e esperanto. A opção mais utilizada no Duolingo são aulas gratuitas, com anúncios nos aplicativos da empresa para smartphone.
Na Babbel, que oferece diversas modalidades de planos pagos, esse universo teve, em 2020, 10 milhões de usuários ativos, segundo o informe mais recente da companhia. O Brasil, segundo a Babbel, representa 50% das assinaturas do serviço na América Latina e é o quarto maior mercado da empresa no mundo.
Márcio Boruchowski, CEO da plataforma Profes, que oferece professores particulares, minimiza em parte a ameaça representada por essas plataformas, porque crê em uma capacidade de ensino limitada.
"Se a pessoa quer aprender coreano e vai ao Duolingo, acaba desistindo, porque é um método que exige uma maturidade e disciplina fora do normal", acredita, baseado na complexidade do idioma que não conta com a mesma proximidade que outras línguas têm com o português, como as de origem latina, ou o inglês, que se beneficia de exposição constante.
Juliana, do Yázigi, descreve que essas plataformas, porém, não são as únicas concorrentes da empresa. "Tudo é. Hoje em dia, um aluno que faz balé ou judô concorre com a escola de idiomas. Ele é muito engajado em muitas atividades e nisso o inglês pode ser descartado", alerta.
A executiva não enxerga esse cenário como uma ameaça, no entanto. "Isso acaba sendo positivo, pois nos faz buscar ainda mais os nossos diferenciais, que é um ensino pautado na interação social, na vivência real do idioma, não são aulas meramente expositivas. É óbvio que a gente não pode desmerecer a qualidade e a entrega de nenhum competidor, há mercado para todo mundo", defende.
 

Estrutura das franquias auxiliou empreendedores educacionais na pandemia

Dirigente destaca que franqueador e franqueados devem andar juntos

Dirigente destaca que franqueador e franqueados devem andar juntos


ABF/DIVULGAÇÃO/JC
Apesar das dificuldades precipitadas pela pandemia de Covid-19, a Associação Brasileira de Franchising (ABF) defende que o período representou perdas, mas que franqueados do setor de idiomas, por poderem contar com a estrutura administrativa das marcas franqueadoras, tiveram a chance de enfrentar os revezes mais bem protegidos.
É o que defende André Belz, diretor da entidade para a região Sul do Brasil. "Houve, por exemplo, donos de escolas de 'bandeira branca' que migraram para a franquia para justamente ter o apoio de uma organização mais ampla", pontua.
Belz atua no setor. Ele é um dos sócios da rede de idiomas catarinense Rockfeller Language Center, que tem 99 escolas no País e está em processo de expansão no Rio Grande do Sul, com sete unidades. "No nosso caso, durante a pandemia, todos os dias fazíamos uma reunião de duas horas com os franqueados para atualizá-los sobre decretos, orientações, dicas, uma série de dados. Nossa ideia era levar todas as informações mastigadas. Eles só tinham de cuidar dos alunos, providenciando a melhor aula possível. As demais estratégias ficavam conosco, como o marketing", relembra.
Além de apontar uma recuperação do setor no pós-pandemia, a ABF também aponta um crescimento gradual das franquias. Em todo o Brasil, a entidade contabilizou 4.882 mil unidades de franquias de idiomas no 2º trimestre de 2023, volume 11% maior que o mesmo período de 2022.
Já na região Sul, esse número é de 1.075 franquias - houve um crescimento de 2% no mesmo período. No Estado, a entidade possui atualmente 321 unidades de franquias associadas à ABF, divididas em 17 bandeiras - no topo do ranking estão, respectivamente, as redes Wizard, CCAA e KNN Idiomas.
O dirigente aponta características que tornam o ensino de línguas um tipo de empreendimento normalmente mais vantajoso e seguro em comparação a outros tipos de franquia.
"É um negócio que traz, por exemplo, uma receita recorrente. Eu não preciso vender para diferentes pessoas diversos produtos todos os dias. Você tem seus alunos que pagam suas mensalidades e ficam dois, três anos no mesmo curso, o que dá uma boa tranquilidade para o empreendedor", diz Belz, que salienta que a perda média de 30% de alunos na virada de semestre e ano acaba sendo compensada com o ingresso de novos estudantes.
Além disso, Belz aponta que a importância do aprendizado de inglês para as pessoas continua sendo enorme. "Ainda somos um país que precisa avançar muito nesse aspecto. Então nosso mercado é muito grande ainda", analisa o dirigente.
 

Parceria de ensino pode dar mais competitividade a escolas regulares

Juliana conta que o plano do Yázigi, a partir de 2021, passou a focar em toda uma gama de serviços

Juliana conta que o plano do Yázigi, a partir de 2021, passou a focar em toda uma gama de serviços


Celso Congilio/divulgação/jc
A união entre a expertise das escolas especializadas no ensino de línguas e o caráter formador das escolas regulares é uma via de duas mãos para essas instituições: ao mesmo tempo em que diversifica o portfólio de serviços baseados no ensino da língua estrangeira, também fortalece o setor educacional com uma maior afluência de alunos, que têm acesso a uma formação melhor qualificada.
Essa é a avaliação do empresário de Viamão Rafael Camaratta, que comanda na cidade franquias da Wizard e do Yázigi. Ele aderiu ao programa Yázigi For Schools e estabeleceu parcerias com os colégios Marista Graças e Stella Maris. Nessas instituições, o acordo visa ao inglês como atividade extracurricular. "É uma modalidade mais simples, pois não depende de mudanças no currículo da escola. Os alunos vão no contraturno, sem obrigatoriedade, mas ainda assim é uma oportunidade de estudar inglês sem sair da escola, e com descontos na mensalidade e outras contrapartidas", diz Camaratta.
Um outro modelo disponibilizado pelo Yázigi For Schools é a aplicação do material pedagógico e metodologia de ensino da bandeira ao currículo escolar, chegando até o nono ano, com uma carga horária estruturada entre três e cinco aulas por semana. "É preciso, para isso, que o professor esteja qualificado e para isso a gente dá um treinamento pedagógico voltado ao ensino do idioma", explica.
O empresário acredita que a ênfase no inglês ajuda a qualificar também o aprendizado das outras disciplinas e o próprio repertório de conhecimento dos estudantes. "Um exemplo é a pesquisa para os trabalhos escolares. Se a gente busca uma palavra no Google em inglês, há um número gigantesco de resultados que qualificam a informação que o aluno está buscando. Se a busca é realizada em português, é um universo mais restrito", defende.
 
 

Camaratta, franqueado Yázigi e Wizard em Viamão, é parceiro no programa Yázigi For Schools

Camaratta, franqueado Yázigi e Wizard em Viamão, é parceiro no programa Yázigi For Schools


RAFAEL CAMARATTA/arquivo pessoal/jc
Camaratta também pontua que, como consequência desse aprimoramento, as escolas conseguem captar mais alunos. "A pandemia também provocou perdas às escolas particulares, que disputam um mercado ainda mais competitivo", crê.

Ao todo, o Yázigi mantém parceria com cinco escolas no Estado que integram o universo de 40 operações da bandeira no Rio Grande do Sul. "Hoje em dia a gente trabalha em na ideia de 'English Language Learning', olhando as operações como um todo. Nosso plano de marca, a partir de 2021, passou a se focar em toda a gama de serviços que inclui franquias e os demais programas voltados a escolas regulares, negócios, viagens, e oficinas temáticas", explica Juliana Mello, head de franquias do Yázigi. "É um mercado que não precisa mais se basear no modelo antigo, do prédio físico", especifica.

Essa diversificação de atuação é o que justamente parece trazer mais resultados à marca de forma geral. Segundo Juliana, foi a aposta no Yázigi for Schools que proporcionou à rede um crescimento de 50% em 2022, em relação a 2021. "Neste ano, projetamos crescimento de 40% no número de alunos dessas operações", pontua. "Percebemos que é cada vez mais o caso de empresários como o Camaratta que, além de possuir uma franquia bem estabelecida, buscou outras fontes de expansão do negócio, que ele encontrou na parceria com esses colégios", avalia a executiva.

Formatos tradicionais de ensino conseguem manter fidelidade do público ao francês

Aline adaptou a escola, que tem 50 anos de mercado, com aulas online

Aline adaptou a escola, que tem 50 anos de mercado, com aulas online


EVANDRO OLIVEIRA/JC
Entre as inovações e adaptações incontornáveis precipitadas pela pandemia, como a diversificação de serviços e a migração para as aulas online, algumas instituições devotadas ao ensino de língua estrangeira conseguiram dar a volta por cima mantendo sua vocação original.
É o caso do Instituto Roche, escola de francês de Porto Alegre que completou 50 anos de atividade ininterrupta em 2023, sempre atuando como uma empresa familiar. Até março de 2020, as aulas da escola, no bairro Rio Branco, eram exclusivamente presenciais. "Quando houve o fechamento obrigatório, levamos duas semanas para migrar para o online, no mesmo formato das aulas presenciais. Ou era isso ou seria o fim da escola", relembra a diretora Aline Roche Sokolowsky.
Ainda que, nos primeiros meses, a adesão tenha sido imediata, inclusive com a entrada de mais alunos animados com o tempo extra para ampliar conhecimentos, o prolongamento das restrições reduziu a base de alunos do Instituto Roche, composta em grande parte por adultos em busca de proficiência para o meio acadêmico. "A diminuição de bolsas de mestrado e doutorado, além da dificuldade de entrar em outros países e da alta do Euro acabaram impactando na procura pelos cursos", aponta.
Foi só em 2023 que a escola conseguiu corrigir o prumo, recuperando seu público, composto também por um representativo contingente de adolescentes e os alunos sênior, fiéis à memória do fundador e adeptos de aulas voltadas a quem já possui fluência no francês, como conversação e redação. Atualmente, cerca de 25% dos alunos se mantém no online, principalmente aqueles que optaram em permanecer na escola mesmo passando a morar em outros estados ou países.
O Instituto Roche foi fundado em agosto de 1973 pelos professores franceses Alexandre e Graziella Roche, que emigraram de uma colônia francesa em Alexandria, no Egito, onde se conheceram, para o Brasil. Ainda que hoje a escola seja exclusivamente voltada ao ensino do francês, o Instituto Roche teve até aulas de grego, e foi conhecida pelos cursos temáticos para aspirantes à diplomacia e às relações internacionais pelos quais passaram diversos membros do corpo diplomático brasileiro, incluindo embaixadores. A proximidade com esse universo rendeu a Alexandre Roche em 2010 o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Aline é neta do casal e mantém o legado da escola após o falecimento de Alexandre e Graziella, respectivamente em 2011 e 2016.
A longevidade do instituto se deve ao método criado pelo chamado Monsieur Roche, que tem dez níveis que propõem um aprendizado rápido unido à complexidade e riqueza da língua francesa, adaptados ao chamado "quadro comum europeu", que nivela os idiomas do A1 ao C2. O programa também inclui o uso de um conteúdo voltado à "civilization", o conjunto de história, cultura e sociedade francesas, que são diferenciais na obtenção da proficiência e aptidão para cursos em universidades, por exemplo. "As universidades tanto do Canadá quanto da França pedem em torno do B1 ou do B2 para poder fazer cursos de pós-graduação. Então, com isso, temos ao todo uma carga de 320 horas até o C1", explica Aline.
Embora os cursos online ou franquias tradicionais possam representar uma concorrência ao método aplicado no Roche, Aline crê que o diferencial do Roche - e o que traz novos alunos e os mantém - é justamente o caráter "clássico" da escola fundada pelos avós. "É o ensino da língua francesa de uma forma aprofundada, um conhecimento que o aluno vai conseguir levar para o resto da vida. É esse nicho que a gente quer alcançar", pontua.
 

Plataformas de aulas particulares ampliam mercado para professores de idiomas

Para Fernanda, aula particular pode ser mais eficiente

Para Fernanda, aula particular pode ser mais eficiente


TÂNIA MEINERZ/JC
A aula particular, uma modalidade tão tradicional no ensino de línguas quanto nas escolas presenciais, também conta com a ajuda da tecnologia para se destacar em meio ao oceano de opções disponíveis para o aprendizado de língua estrangeira. Antes dependentes da divulgação boca a boca, atualmente esses profissionais têm à disposição diversas plataformas que unem oferta e procura para instruções em quase qualquer campo do conhecimento, mas onde os idiomas têm uma participação significativa.
Uma delas é o Profes, site que indexa mais de 50 mil professores especializados em 250 diferentes disciplinas, e que estão presentes em 93% das cidades brasileiras, segundo o CEO Márcio Boruchowski. Apesar de ter forte atuação em áreas como reforço de conteúdo escolar e universitário e em preparação para concursos de áreas como direito, por exemplo, o executivo aponta que o Inglês é a terceira disciplina mais buscada pelo público do Profes, seguida pelo francês, que vem em sexto.
O Profes oferece, ao todo, por meio dos instrutores cadastrados, cerca de 30 idiomas, servindo também de termômetro para tendências de aprendizado. "Há, por exemplo, uma busca frequente de idiomas como hebraico e grego vinda do público evangélico, ou do coreano pelos fãs do K-Pop (a música pop coreana) e da produção audiovisual da Coreia do Sul", aponta Boruchowski.
Apesar de estar na internet, o Profes permite a marcação de aulas particulares presenciais. No entanto, é no formato de aula online que reside a vantagem da plataforma em relação a cursos online automatizados.
"Se não encontra um professor em sua própria cidade, e isso é mais comum para idiomas com oferta mais reduzida, o aluno pode marcar uma aula online tendo o benefício de ter um conteúdo personalizado", aponta. Somente em Porto Alegre, o Profes tem 161 professores de idiomas cadastrados, dos quais 99 ensinam a língua inglesa, e cujos preços por aula variam entre R$ 40,00 e R$ 150,00. O site recebe uma porcentagem do preço pago pelo aluno de acordo com a modalidade escolhida; já o professor não paga para utilizar o site.
Em meio a um número tão amplo de oferta de aulas, Boruchowski aponta que não há pré-requisitos de qualidade para professores, mas defende que o ranking decorrente da pontuação dada pelos próprios alunos impacta positivamente na visibilidade dos professores com melhor performance.
Baseada em Porto Alegre, a professora de francês Fernanda Rozados já utilizou tanto o Profes quanto o Superprof, outra das várias plataformas de aulas particulares existentes no Brasil. Para ela, a principal vantagem é suprir a dificuldade de prospectação de alunos, principalmente na "entressafra", os períodos em que o fluxo de alunos diminui. "Sempre trabalhei por indicação, mas o problema disso é que não tem muito como ser proativo (na busca de alunos)", explica. A Profes vem para esses momentos, sustenta Fernanda, já que não é obrigatório estar sempre disponível na plataforma. Atualmente Fernanda tem dois alunos que a contataram a partir da indicação do site, mas já chegou a ter mais de cinco.
Depois de ter atuado como professora presencial em duas escolas diferentes, Fernanda agora atua exclusivamente na modalidade particular, com a grande maioria dos alunos ensinados remotamente e mais da metade deles morando no exterior. Para ela, as aulas particulares oferecem todas as vantagens.
"Tu gerencias teus horários, recebe mais, mas o que me interessa muito é poder trabalhar de maneira personalizada", diz, concordando com Boruchowski. "Nesse sentido, tu entendes que a aula particular pode ser mais eficiente do que uma aula mais 'padronizada'. As pessoas aprendem por interesse. Se for abordado um assunto que a pessoa adora, a chance de ela aprender é infinitamente maior", pontua.
 

* Lívia Araújo é jornalista formada pela Universidade Estadual Paulista. Já atuou nas redações da Gazeta do Povo, DCI e Jornal do Comércio e passou pela Diadorim Editora.