Nas salas de música, ocorrem apresentações de percussão. No galpão do polo tecnológico, os adolescentes aprendem a soldar fios de computadores. Nas salas de aula, um Ensino Médio completo com preparação para o vestibular. Socioeducativa, profissionalizante e escolar.
Essas são as três principais frentes de atendimento do Centro Social Marista de Porto Alegre, ou Cesmar, como é conhecido. No ano de 2023, a instituição completa 25 anos de existência, desde que foi criada pelo irmão Jaime Biazus.
"No início, o Cesmar não era um projeto social específico para jovens, mas com cursos profissionalizantes para moradores aqui da região. Então, com a crescente procura de pessoas da comunidade, fundou-se o Centro Social Marista de Porto Alegre", relata o atual diretor do instituto, o Irmão Marista André Dall'Agnol.
A instituição localiza-se no bairro Rubem Berta e conta com quase oito hectares de extensão. Nessa ampla área, foram organizados diversos espaços para proporcionar o contato dos estudantes com a natureza.
A frente socioeducativa do Cesmar atende crianças, adolescentes e idosos que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Entre os principais projetos estão o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), que possui parceria com a Fundação de Assistência Social e Cidadania, Fasc, o de Educação Integral, que tem apoio da Secretaria Municipal da Educação, Smed, e as Escolinhas Esportivas.
O primeiro é separado por faixa etária e conta com atividades de diversas áreas de atuação, como informática, danças gaúchas, música, cidadania e convivência. Já o ensino integral é composto por práticas no contraturno escolar e acolhe estudantes de seis a 16 anos.
Entre as atividades oferecidas nesse projeto, estão letramento, numeramento, percussão, hip hop e dança africana. Nas Escolinhas Esportivas, o foco, como o nome já diz, é o esporte. Então, aulas de judô, jiu-jitsu e futebol, destinadas aos educandos dos outros projetos e à comunidade em geral, são ofertadas.
O recrutamento das crianças e jovens que são acolhidos passa pelas secretarias e fundações estaduais e municipais, as quais realizam um levantamento das escolas e famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade social, para que estas sejam assistidas pelos projetos.
"A gente tem um Centro de Referência em Assistência Social aqui na região, Cras Timbaúva, que faz um levantamento, analisa a vulnerabilidade e, conforme a demanda, escreve e encaminha para nós", explica Leonardo Mayer, que participa da Comunicação do Cesmar.
Para o educador social João Paulo Pettini Oliveira, a troca de energia e carinho com os estudantes é significante para os dois lados: "O Cesmar é vida. Aqui nós temos um coração que pulsa intensamente todos os dias. Nós somos provocados, estimulados e desafiados sempre. Nós temos diariamente o carinho e o afeto dessas crianças", relata.
O educador também destaca a importância de incentivar o protagonismo dos estudantes, que vivem em um meio de vulnerabilidade social constante. "Aqui, existem crianças com talentos enormes e a diversidade de oficinas é realizada exatamente para que eles tenham oportunidades de se destacar", pontua.
Para contribuir com o Centro Social Marista de Educação, doações diretas ou indiretas podem ser realizadas. Uma das formas de doar é por meio do cadastramento no programa Nota Fiscal Gaúcha, do governo estadual, com a seleção do Cesmar como entidade beneficiada. Dessa forma, cada vez que o cidadão cadastrado colocar o CPF na nota, a instituição receberá repasses financeiros. Mais informações podem ser encontradas no site do projeto.
Qualificação profissional também é pauta do centro
No que diz respeito aos cursos profissionalizantes oferecidos pela instituição, estes têm relação direta com o programa Jovem Aprendiz, e estabelecem parcerias com empresas gaúchas. O Irmão André Dall'Agnol explica a dinâmica do projeto: "Os cursos profissionalizantes são com empresas parceiras. Hospital São Lucas, Zaffari, Banrisul, são as que mais procuram pelos jovens, e a rede Marista também tem número significativo, atualmente são em torno de 250 jovens aprendizes. Então, eles ficam seis meses no Cesmar, fazendo a parte teórica, e seis meses nas empresas, em volta da parte prática. O programa dura em torno de um ano e os jovens são remunerados", relata.
O recrutamento dos estudantes é realizado por meio da divulgação do projeto no Colégio Marista Irmão Jaime e pelo cadastro dos candidatos de outras escolas no site do Cesmar. A partir disso, é organizado um processo seletivo, em conjunto com a assistência social e as coordenações.
No local onde são realizadas as atividades de aperfeiçoamento profissional e de fortalecimento de vínculos, há um corredor com diversas fotos de jovens que foram efetivados nas instituições que participaram do programa. No entanto, antes mesmo de serem inseridos nos quadros regulares das empresas, a remuneração dos jovens aprendizes contribui com o cotidiano econômico da região. "São 250 jovens que recebem uma renda fixa de R$ 700, que ajuda nas despesas e na organização familiar. No site, existem quase 7 mil jovens inscritos aqui do bairro e do entorno", pontua o Irmão.
O Colégio Irmão Jaime também faz parte das diversas frentes de atendimento do Cesmar. A escola disponibiliza bolsas integrais para os estudantes, que compõem as turmas de ensino médio e os jovens utilizam o material padrão da rede Marista de educação, com os estudos focados na preparação para os vestibulares.