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Com a Palavra Pedro Horn Sehbe

- Publicada em 05 de Agosto de 2023 às 00:00

Centenária Magnabosco busca loja que o consumidor deseja encontrar

"Hoje se conta nos dedos o número de varejos centenários no Brasil", cita Pedro Sehbe, CEO da empresa

"Hoje se conta nos dedos o número de varejos centenários no Brasil", cita Pedro Sehbe, CEO da empresa


MAGNABOSCO/DIVULGAÇÃO/JC
Patrícia Comunello/ Minuto Varejo
Patrícia Comunello/ Minuto Varejo
Operar uma loja física e ainda mais de rua talvez seja a tarefa mais penosa e desafiadora de quem está, como dizem, atrás do balcão. Na serra gaúcha, um varejo centenário encara a empreitada, unindo mix com marcas internacionais, lista de grifes que querem entrar, gestão de fluxo de venda por metro quadrado, o que reforça a atratividade dos espaços, e “democracia” no perfil de opções para o público.
Quem comanda o atual momento da Magnabosco, que completou 108 anos em 2023, é Pedro Horn Sehbe, 35 anos, principal acionista, quarta geração da empresa familiar e bisneto do fundador Raymundo Magnabosco, italiano que imigrou do Vêneto e que abriu o entreposto de secos e molhados no endereço mais central e cobiçado de Caxias do Sul.
Desde 2016, quando assumiu o posto de CEO, Sehbe lidera a transformação do varejo, com adoção do modelo “store in store” em boa parte dos 4,2 mil metros quadrados de área de venda do prédio erguido na década de 1930, criação de um laboratório de inovação e expansão física. 
fotos PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Prédio onde fica a loja no Centro de Caxias do Sul foi erguido na década de 1930 pelos fundadores. Fotos: Patrícia Comunello
A marca tem uma filial em Bento Gonçalves e deve abrir pontos entre Canela e Gramado, na Serra, e no Litoral Norte. Com essa trajetória, a Magnabosco prova que muita coisa acontece depois dos 100 anos de uma loja.
"Hoje se conta nos dedos o número de lojas centenárias no Brasil e, há 108 anos, tentamos ser exceção à regra de que o varejo já quebrou ou vai quebrar”, pontua Sehbe.
Empresas & Negócios - Como é chegar a 108 anos de operação?
Pedro Horn Sehbe - A Magnabosco sempre foi a loja da família e uma referência na região. Ao longo da história, foi se adaptando para pertencer ao seu tempo. Nos anos recentes, para estarmos alinhados ao novo tempo, precisamos reposicionar a loja. Quando a empresa fez 100 anos, tínhamos uma marca sólida e tradicional e situada no melhor ponto da serra gaúcha, mas a marca estava envelhecida. Era a loja da vovozinha, e o desafio foi transformar a marca tradicional, para conversar com o cliente mais velho e ser uma marca jovem. Foi uma oxigenação de público, e tínhamos de comunicar a tradição com novidade, passar a segurança e a solidez de um nome centenário que conseguisse conversar com as novas gerações. O modelo de negócio precisava ser questionado e reinventado, principalmente com a chegada de outras grandes redes. Por isso, a proposta de ser curadoria de marca de valor agregado. Temos uma loja que segue a ideia de “morar e vestir”. É um passeio pela cultura de moda que transcende o vestuário e calçado, passa por diferentes nuances, do livro, da decoração e itens para casa à modelagem. O efeito das mudanças se refletiu na receita. Desde 2016, mais do que dobramos o faturamento, que chegou a R$ 30 milhões em 2022.
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Laboratório une diversas frentes para entender a transformação do varejo em um espaço de interação   
E&N- Qual é a ideia do Laboratório Magnabosco?
Sehbe - O projeto foi lançado em 2019 para tentar entender e ser um player ativo do processo de transformação do varejo físico. O espaço é focado em experiências, com um braço de economia circular ligada à sustentabilidade, outro de educação, onde promovemos cursos e troca de conhecimento no segmento de moda e tendência de design, e uma terceira vertente de locação de espaços, proporcionando estrutura para quem trabalha com moda, uma espécie de coworking, com maquinário, biblioteca de modelagem e estúdio fotográfico. No laboratório, também promovemos exposições e outras iniciativas, movimentando a cena cultural. Tudo isso converge, de alguma maneira, para uma necessidade do varejo, que é de gerar fluxo. Temos um olho à frente para tentar compreender como vai ser a relação do varejo físico com o futuro consumidor de moda, que quer experimentar, ter espaço e fazer trocas. Mesmo com tanta tecnologia, a humanização é muito importante. As empresas que conseguirem estabelecer este contato estarão em vantagem.
E&N - O que tem mudado nessa relação e para conseguir atender esse novo consumidor?
Sehbe - Fizemos todo um reposicionamento da marca 100% focado na experiência e jornada do cliente dentro da loja. Temos um modelo muito particular de varejo, que é o store in store (loja dentro da loja). Sempre digo que o nosso concorrente não é o comércio A, B ou C, somos uma alternativa ao shopping center. No modelo de lojas dentro da loja, temos parcerias com as marcas e uma internacionalização de mix muito consolidada. Este processo foi muito interessante na forma como ele foi acontecendo desde 2016, quando foi implantado. Passamos a ser muito buscados por nomes como Columbia e Levi’s, que já têm esta mentalidade de estar dentro de varejos multimarcas.
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São mais de 30 marcas, parte na área do mezanino, que têm seus próprios espaços, geridos e com venda monitorada pela loja
Elas passaram a investir na Magnabosco para ter seu espaço. Temos mais de 30 marcas, entre elas Armani, La Martina, Lacoste, Le Coq Sportif, Tommy, Vert, Fila, Adidas e Nike, e as nacionais Animale, Dress To, Farm, Foxton, Hering, Osklen, Reserva e Shoulder. Estamos sempre mapeando novas demandas dos clientes.
E&N - Como tem sido a busca de novas marcas?
Sehbe - Hoje temos fila grande de marcas que querem entrar. Precisamos sempre entender como fazer isso para não canibalizar a venda do atual mix, o que nos permitiu um estudo e acompanhamento da eficiência de cada uma delas. A loja é como um shopping center. Sei quantos metros quadrados a Columbia ocupa no plano de venda e a eficiência que gera por metro quadrado. Trabalhamos também muito bem vizinhança de marca. Estamos sempre mexendo nisso para entender qual puxa a venda da outra, para que todas colaborem mutuamente para agregar comercialização e oferecer solução aos clientes.
E&N - Qual é a vantagem do modelo store in store?
Sehbe - Ele possibilita uma visita mais agradável do consumidor e consegue unir, no mesmo ponto de venda, diferentes gerações de clientes. Somos uma loja extremamente democrática em faixa etária, renda e estilo. Isso tudo gera um fluxo superior a 2,2 mil pessoas por dia no ponto em Caxias do Sul. Na época de Natal, o número chega a 3 mil clientes ao dia.
 
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Grifes como Columbia segue design de exposição de produtos na loja que é o mesmo de unidades oficiais nos EUA 
E&N - Como era a loja antes?
Sehbe - Tínhamos um varejo de departamento mais tradicional, com posicionamento muito mais sobre preço do que de agregar valor. Na atuação local, acabávamos concorrendo com redes como C&A, Renner e Riachuelo. A especialização, o aprimoramento e a curadoria, talvez seja a palavra mais adequada pela atenção ao produto, vem com o store in store. Buscamos referências e inspiração em varejos com tradição como a norte-americana Macy’s e os europeus El Corte Inglés e Le Bon Marché. A Columbia, por exemplo, vem com o drive arquitetônico dos EUA, aprovado por eles. Usamos ferramentas para ver conceitos de marca e métrica para decidir o nível de preço, pois não podemos elitizar demais, colocando muitas grifes de luxo. Hoje o tíquete médio é de R$ 400,00. Antes de 2016, o valor era de R$ 180,00.
E&N - Vocês lançaram de forma simultânea com Paris e Milão a coleção de Dolce & Gabbana (D&G). O que esta ação significou?
Sehbe - Foi a primeira vez que uma grande casa de moda lançou uma coleção em Caxias do Sul e simultaneamente à estreia em Milão e Paris. As vendas foram surpreendentes, de mais de
R$ 400 mil. Clientes que já se relacionavam com a marca vieram comprar com a gente. Estamos em tratativas com a D&G para trazer mais coleções, incluindo a do inverno de 2024, com exposição prolongada no último trimestre deste ano. Tudo isso despertou interesse também de outras grifes.
E&N - Vai ter expansão física?
Sehbe - Abrimos a loja em Bento Gonçalves em 2022, que segue o conceito de cápsula, com 150 metros quadrados, onde conseguimos fazer a curadoria das coleções. Devemos ampliar o mix, no futuro, para itens de decoração e para casa. Temos um plano de expansão, que será financiado pela rentabilidade do negócio. A ideia é abrir unidade em outra cidade da Serra - Canela ou Gramado -, ou Torres, no Litoral, em 2024. Estamos negociando alternativas (de pontos).