O mercado nem sempre é doce, ainda mais em tempos pós-pandemia. Mas a gaúcha Docile, que nasceu em Lajeado, reforça produção na fábrica e expande com aporte de R$ 110 milhões, para ampliar linhas e seu centro de distribuição (CD). Outra frente é ir mesmo fisicamente ao mercado com venda direta ao consumidor.
Seguindo os passos de concorrentes, a Docile vai ter pontos físicos, plano que está sendo finalizado e vai ao mercado em breve. A marca gaúcha, que já ostenta o feito de ser a maior exportadora de doces brasileira - itens que vão a mais de70 países -, está atenta a movimentos rápidos da concorrência. “Somos trabalhadores da Disneylândia”, define Fernando Heineck, um dos três irmãos sócios do negócio.
Tem player estrangeiro querendo engolir mais fatia de consumo, como a Fini, que vem distribuindo lojas, estilo quiosques, por shopping centers no País. Em empreendimentos do Estado, já dá para sentir a doce e cada vez maior concorrência. Por isso, a Docile tem na estratégia de entrar no mercado com ponto de venda direta ao consumidor, principalmente para gerar experiência.
“Queremos aparecer mais junto aos consumidores”, resume Ricardo Heineck, que dirige o front comercial.
Ao lado dele, estão Alexandre (financeiro) e Fernando (produção). Os três montaram a produção, buscando inclusive maquinário sem uso na indústria farmacêutica para fazer comprimidos, para poder ter o formato de balas.
A Docile teve alta de 52,7% em 2022 na receita de vendas, ante média de 30,1% do setor, segundo a Nielsen.
“Mais que dobramos o faturamento em dois anos e vamos seguir este ritmo para chegar a R$ 1 bilhão em 2025”, acredita Alexandre. Em 2022, a receita chegou a R$ 580 milhões. Para este ano, a projeção é chegar a R$ 720 milhões, valida do diretor financeiro. O principal item da ampliação industrial é a caldeira, que gera vapor para a produção, além de equipamentos holandeses e espanhóis já em processo de importação.
Eles permitirão a extensão e novidades em linhas de produção já existentes. Com 1,5 mil funcionários, atualmente a empresa produz, em Lajeado, 4 milhões de quilos de doces por mês. São 250 milhões de embalagens enviadas ao mercado a cada 30 dias.
Campanha em streaming e na avenida Paulista
Minuto Varejo - Docile - campanha na avendia Paulista - ação de campanha Doces Gentilezas - indústria gaúcha
/DOCILE/DIVULGAÇÃO/JC
A marca gaúcha não está brincando sobre o plano de demarcar terreno.Jogadas recentes mostram que o plano está na rua e vai ser acelerado. A empresa foi uma das primeiras do Brasil a anunciar na Netflix e Globoplay e ainda escalou a skatista Rayssa Leal como estrela para colocar na rua a campanha Doces Gentilezas, a maior ativação de marca até agora, com aporte de R$ 10 milhões. Parte da ação inclui instalar painéis na avenida Paulista, em São Paulo (foto).
Maior exportadora está em ritmo de Natal
Minuto Varejo - Docile - indústria - Lajeado - doces - balas para o mercado dos Estados Unidos - formato para natal
/PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Pelo menos 35% de tudo que é produzido pela marca têm um destino: o mundo. Hoje os maiores mercados são os Estados Unidos e o Canadá, mas os produtos diferentes, que podem chegar a 800, de acordo com cada formatação, chega a 70 países. Em fim de julho, a indústria estava com produção de itens específicos para o Natal no Hemisfério Norte, para abastecer os vorazes norte-americanos, como balas em formato de árvore de Natal e outros quitutes.
CD para dar conta da produção em alta
Minuto Varejo - Docile - indústria - Lajeado - doces - centro de distribuição - logística
/PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
A concentração do estoque de produtos nas mesmas instalações em Lajeado, no Vale do Taquari, é estrategica para a marca. As obras, que tiveram início em dezembro de 2022, estão indo para a conclusão. Mas a operação não para, para dar conta das entregas de pedidos. A partir de 2024, a ampliação da produção de doces da empresa vai exigir mais espaço e mais tecnologia na gestão do estoque, entre abastecimento do mercado interno e as encomendas enviadas ao exterior.
Betoneira fez as primeiras misturas
Minuto Varejo - Docile - indústria - Lajeado - doces - betoneira onde eram feitas as misturas na largada da fábrica
/PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
A betoneira exposta na frente da sede da indústria em Lajeado é um símbolo de como não houve barreira para obter a massa dos doces. Natalício Heineck introduziu a família na produção de guloseimas, tradição seguida depois pelos filhos Nestor e Paulo. Desde 1991, a terceira geração da família, com Alexandre, Fernando e Ricardo Heineck, reforça a produção. Entre as novas possibilidades cogitadas, está introduzir chocolate aos doces. Mais um desafio para o trio.