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Garupa incentiva mobilidade em pequenas e médias cidades
Presente em mais de 700 cidades brasileiras, a Garupa, empresa gaúcha de mobilidade urbana, oferece seus serviços em municípios de pequeno a médio porte. Fundada em 2017 em Santa Maria, a companhia oferece 7 modalidades de deslocamento, passando pelo transporte de pets a viagens de carros somente entre mulheres.
Para gerenciar as diferentes regiões, a Garupa adotou o modelo de franquias em suas operações. Assim, os sócios (franqueados responsáveis por um setor) podem administrar o serviço em um estado, tornando-se sócio gestor, ou em uma cidade, sendo sócio operador.
Sargento do Exército e motorista de táxi, Marcondes Trindade é o CEO da Garupa. As Forças Armadas deram o seu “foco, determinação, garra e confiança para seguir com seu trabalho”, conta Marcondes. Para ele, a Garupa é um local que serve como fonte de aprendizagem. Marcondes abandonou a graduação em Direito quando percebeu que sua verdadeira vocação passava longe de salas de aula que "entregavam conteúdo engessado, fora da realidade".
Empresas & Negócios (E&N) - Como surgiu a ideia de criar o aplicativo de mobilidade?
Marcondes Trindade - Partiu de uma análise do negócio - empresas de mobilidade urbana - na época. Era um modelo novo, que estava revolucionando o trânsito em vários países. Também, quando eu era sargento do exército, fui fazer táxi. Fui taxista, como bico mesmo. O curioso é que o salário de motorista ficou mais alto que o meu regular. Assim, na época da criação da empresa, peguei essa minha “aventura no táxi” e trouxe para a ideia de mobilidade do aplicativo. A decisão, no final, envolveu o mercado, mas contou a minha experiência.
E&N - Como é o mercado de aplicativos de mobilidade no Brasil?
Trindade - É um mercado muito promissor, mas que ainda tem muito que crescer. O mercado de aplicativo tem outros modais de mobilidade, como, por exemplo, ônibus e moto.O mercado de ônibus deve tem no máximo quatro anos. O de carros, sete anos. Mesmo assim, há espaço para desenvolvimento. Existem muitas empresas que ainda não conhecem o serviço de um aplicativo de mobilidade para suas companhias. Há corporações operando agora com frota própria, com motorista contratado. Uma empresa elimina esse custo utilizando um aplicativo de mobilidade para seus deslocamentos. Ainda, adiciona transparência dos gastos com dados informados. Um aplicativo como o nosso tem GPS, então registra tudo em tempo real. Eu me arrisco a dizer que usamos somente 40% das possibilidades que esses modelos de negócios oferecem. Ou seja, não estamos usando este modelo de negócios o suficiente.
E&N - Como a Garupa faz para se diferenciar de gigantes da área como a Uber e a 99 Pop?
Trindade - Nós trabalhamos por meio de franquias. Nosso diferencial é esse, um atendimento local. Temos um franqueado em cada cidade do Brasil, caracterizando nosso modelo de negócios. Não somos que nem a Uber, que abre - o aplicativo - em cidades de forma totalmente online. Nós entregamos a cidade com franqueado e ele é o responsável pelo negócio na cidade aqui para o motorista. Ele tem um atendimento mais personalizado. Um passageiro tem mais segurança. Ele, inclusive, quer ver a empresa todo dia, ver o estacionamento.
E&N - Como surgiu a ideia da franquia? Ela é relacionada com a sua experiência no táxi?
Trindade - Não, ela surge depois, com a veia empreendedora. Percebemos que o negócio que precisava escalar, precisava chegar em várias cidades do Brasil. Eu sozinho tinha dificuldade, não conseguia. Passei um ano com a empresa e consegui abrir o Garupa em 4 ou 5 cidades sozinho. Quando implementamos a franquia, em 2018, eu abri o aplicativo em 30 cidades. Hoje são mais de 130 franqueados por todo o Brasil.
E&N - E o que é preciso para ser um franqueado?
Trindade - Na verdade, o que nós mais buscamos de um potencial franqueado é o tempo dele. A capacidade que ele tem de entender o negócio, entender o modelo do negócio. Assim, levamos em conta o tempo que ele tem para entregar para o negócio. É um empreendimento diferente, não é uma padaria, uma farmácia, um restaurante que serve fast food. É um aplicativo de mobilidade, o gestor precisa treinar pessoas. O gestor, inclusive, também é treinado. É um modelo diferente do que vemos por aí. O que importa então, é ter muito tempo para dedicar ao negócio.
E&N - Vocês planejam avançar para outra região do Brasil também?
Trindade - Estamos focados no Brasil. O Brasil é o nosso primeiro chão, nossa casa. Do segundo semestre de 2022 para cá, colocamos, além do sócio operador - dono da cidade -, o sócio gestor - dono do estado -. Desta forma, existe um sócio gestor em Minas Gerais e na Bahia. São os primeiros sócios-gestores da Garupa. Abrimos o leque para podermos escalar melhor. Como o Brasil é um país de tamanho continental, o dono do estado cria todas as cidades daquela região. Assim, não fica só uma matriz em Porto Alegre, permitindo que existam maiores condições para flexibilidade, atenção nos negócios, comunicação e trabalho em conjunto.
E&N - E para fora do Brasil? Onde querem ir?
Trindade - Esse é o nosso projeto para 2024. No segundo semestre do ano que vem, pretendemos expandir para a América do Sul. O céu é o limite, mas queremos começar em países como Uruguai, Paraguai, Argentina, Chile. Planejamos ter o mesmo modelo de negócio, operando com franquias.
E&N - Existe alguma diferença nos mercados de aplicativos de transporte de cada região? Como a Garupa lida com as peculiaridades de cada região?
Trindade - Existe, sim, diferença. A principal delas é a renda. Por exemplo, no Norte e no Nordeste, existem muitas motos, não tem muitos carros. Abrimos o aplicativo agora para motos. Temos que nos adaptar. Motocicleta é mais rápido, mais barato. Tem a diferença também da cultura do local. Trabalhamos em cidades de pequeno e médio porte. Quando chegamos nas cidades, o pai e a mãe já estão acostumados a pegar o carro na hora do almoço, levar o filho pra escola e sair correndo do trabalho para buscar o filho na escola. Isso é uma cultura. Precisamos passar a segurança para as famílias, para os empresários, para as pessoas. É essa segurança de poder confiar nessa empresa para levar minha mãe ao médico, buscar meu filho para mim.
E&N - Qual foi a região mais desafiadora para implantar o serviço?
Trindade - Tivemos dificuldade em instalar o aplicativo em Manaus, no Norte do País. Temos um sócio lá - e Manaus é uma cidade grande. Levamos em conta também o tempo de maturação para se dedicar ao serviço. O maior desafio é o motorista de carro. Eles têm uma dificuldade em aceitar o serviço, em Manaus roda muita moto.
E&N - Como são escolhidos os motoristas parceiros?
Trindade - O cadastro dos motoristas é online, pelo aplicativo ou pelo site. No entanto, a aprovação é presencial. Assim, ele tem que ir até a sede do sócio para ter o aceite. Ainda, é analisada a documentação e realizada avaliação das condições do veículo.
E&N - Pessoalmente, como é vivenciar a transição da Garupa em 6 anos - de empresa local para a atuação em mais de 700 cidades?
Trindade - O maior desafio para mim foi me manter constantemente atualizado, a busca pelo conhecimento. Por exemplo, como e quando escalar uma empresa. Comecei a montar várias equipes, times de expansão, de suporte. Começamos a montar várias equipes conforme a empresa exigia. A melhor parte do Garupa é conseguir obter o maior nível de conhecimento.
E&N - Um dos propósitos do aplicativo é auxiliar a mobilidade urbana. Como a Garupa faz isso para além do transporte?
Trindade - Temos parceria com serviços de negócios locais para os nossos motoristas. Assim, o sócio-gestor faz a intermediação com negócios de assistência, como planos de saúde, para os motoristas.