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Clubes de assinatura vendem vinho, calcinha a detergente e vinho e não param de crescer
Receita da modalidade cresceu 29% em 2022; RS é o quarto mercado em adesões
Já comprou algum produto ou serviço por um clube de assinatura? O formato de venda digital foi alavancado pela pandemia e está cada vez mais diversificado. A reportagem mapeou três deles, que vendem de calcinhas, vinhos icônicos de uma vinícola gaúcha a detergente e amaciante. Facilidade e conveniência, demanda mais frequente do usuário, produtos exclusivos e preço atrativo são atributos que embalam esta modalidade, apostam especialistas.
O Rio Grande do Sul é o quarto mercado, com 10% dos assinantes, segundo estudo da Betalabs Tecnologia, repassado ao JC. A receita dos clubes cresceu 29,3% em 2022, apontou a Betalabs, baseada em big data e inteligência artificial. Mais de 2 mil novos clubes foram criados em 2022 frente a 2021.
A estimativa é que existam mais de 4 mil operações no País. Livros (23%), bebidas (22%) e alimentos (17%) lideram entre as marcas. Segundo a Betalabs, o crescimento reflete maior volume de vendas pela internet e consumidores que buscam mais conveniência e gastam de olho no autocuidado, bem-estar e entretenimento (perfil de compras).
Em Porto Alegre, o Pitaya Club surgiu para venda de lingeries, com ideia de atender ao público com demandas que não são resolvidas em coleções de comércio tradicional, além de apostar no propósito. "Surge para ser uma marca de empoderamento das mulheres, para que o produto faça sentido na pluralidade do biotipo feminino", conceitua o CEO, Álvaro Olmedo.
Os modelos primam pelo conforto, com peças 100% originais e exclusivas, completa Olmedo. Em fim de 2021, o CEO e a irmã Ivana Rebeschini montaram a operação em um apartamento no bairro Rio Branco, na Capital, que até hoje é a base de envio das bags com calcinhas e sutiãs que chegam a diversas regiões do Brasil.
No site, a cliente preenche estilo dentro das coleções cápsulas, entre aquarela, com cores e materiais e noir, mais neutra. São seis peças ao mês que são enviadas, que pode derivar para nove opções de bags de uma ou duas peças. Também tem a tabela com as medidas, todas inclusivas, de P ao GG2 plus - 54 - e sutiã P ao GG plus.
"As clientes podem optar por renovação mensal, semestral ou anual, e os preços vão R$ 40,00 por peça por ano ou R$ 94,80 por conjunto", explica Olmedo. Hoje são cerca de 550 assinantes. "Preenchemos uma lacuna cultural da história das mulheres no Brasil", valoriza Olmedo.
A Lídio Carraro, uma das vinícolas gaúchas, lançou em 2019 seu Collection Club, para que os clientes "apaixonados pela marca e filosofia puristas da boutique" mergulhassem de forma mais profunda na proposta, forma como vê o mundo, trazendo assuntos inspiradores ligados ao mundo do vinho, explica Patricia Carraro, sócia-proprietária.
Cada ano se inspira em uma tema e cria temática e autoral para gerar experiência com a degustação. começa com os vinhos e depois vêm as temáticas. São três opções, que mudam pelo número de vinhos. Vantagem é não pagar frete e tem desconto de até 12%, frente à loja digital.
A vinícola tem produção limitada e foca em qualidade. Junto comas caixas vão materiais temáticos, além de sugestões de harmonização. Também ganha cortesia degustação na experiência no enoturismo em até 12 meses. "Os sócios do clube recebem em primeira mão vinhos, são rótulos exclusivos não vão ao mercado ou podem ser lançados anos depois", explica Patricia.
A vinícola busca agora ampliar a ação do clube com vantagens em parcerias com hotéis e restaurantes. "Ter diferencial na experiência. Lidamos com público com expectativa elevada", diz ela. A Carraro tem mais mil assinantes no clube, que tem limite de até 3 mil participantes.
"Depois, para entrar, só se alguém sair", avisa ela. Na operação da modalidade, Patricia cita que um dos desafios é manter nível de entrega e excelência, não só de rótulos, mas de experiência. "Como manter o relacionamento mais próximo como cliente que está distante. Diferente de quando a pessoa vai à vinícola."
Uma das mais recentes a entrar na modalidade é a Nelly, indústria química de Caxias do Sul, que resolveu criar a frente para chegar ao consumidor final com produtos de limpeza que usam aromas importados da França e dos Estados Unidos. Os planos de assinatura vão de kits para uso mensal com três tamanhos e preços que vão de R$ 49,90a R$ 96,90. O frete pode ser grátis. Para dar conta da demanda, a fabricante elevou a capacidade em 80%. "Estamos apostando na economia da recorrência dos clubes de assinaturas", ressalta a diretora executiva da Nelly, Fernanda Mascia Fadanelli.
Onde estão os assinantes Fonte: Betalabs Tecnologia
São Paulo 32%
Rio de Janeiro 12%
Minas Gerais 11%
Rio Grande do Sul 10%
Paraná 7%
Santa Catarina 5%
Outros 23%
O que mais vendem
Livros: 23%
Bebidas: 22%
Alimentos: 17%
Cuidados pessoais: 11%
Pet: 10%
Modalidade gera interesse
O coordenador de Varejo do Sebrae-RS, Fabiano Zortéa, reforça que personalização, economia de tempo e dinheiro, novos produtos, conveniência e fidelidade do cliente atraem mais adeptos entre clientes e varejistas. "A conveniência de entrega pode representar uma economia para o cliente, além da comodidade", observa. Mas há desafios, adverte Zortéa. O primeiro é o da aquisição de clientes. Logo depois, vem a prova da retenção de consumidores. "É manter os clientes, especialmente se o produto ou serviço não atender às expectativas ou se houver muita concorrência no mercado", comenta Zortéa.