Galpão Cultural quer fortalecer a arte como ferramenta para promover a vida

Oficinas de dança, maquiagem e hip hop e cidadania estão na programação da semana do Galpão Cultural, localizado no alto da avenida Nove de Junho do Morro da Cruz, na periferia da Zona Leste de Porto Alegre.

A iniciativa é da rapper e educadora social Negra Jaque em parceria com o produtor cultural Ignácio Sobrinho e o grafiteiro Geovane Pereira.

Juntos, eles constroem o projeto, que é o primeiro centro de cultura na comunidade, contando com oficinas abertas e gratuitas ao público. Também há uma biblioteca comunitária batizada em homenagem a Martin Luther King Jr, ativista negro estadunidense e militante do movimento por direitos civis.

As oficinas são abertas e gratuitas para todas as pessoas. O público que frequenta as aulas, segundo Jaque, é, em sua maioria formado por crianças e jovens. Para realizar a inscrição e começar a frequentar os cursos, é possível ir presencialmente ao Galpão ou enviar mensagem nas redes sociais do espaço. Na grade da programação semanal, as aulas ocorrem no turno da noite.

Nas segundas-feiras, é ministrada a oficina de Hip Hop e Cidadania, com Jaque, das 18h às 19h30min. Nas quartas-feiras, é o dia de dança, no horário das 18h30 às 19h30min. Já a de maquiagem ocorre nas sextas-feiras, das 18h às 19h.

Aos finais de semana, o Galpão Cultural é palco de eventos que podem ser produzidos pelo Galpão ou por coletivos parceiros. No dia 15 de abril, por exemplo, o espaço recebeu o Festival Aquarela Preta, organizado pelo coletivo Poetas Vivos. Já no dia 22 de abril, o festival Honk!POA como parte da programação do festival e da proposta de descentralização da cultura.

O Galpão Cultural recebe apoio da Associação da Cultura Hip Hop de Esteio, Bloco das Pretas e de outras iniciativas culturais da cidade. Além disso, as escolas da região também se encontram na lista de parceiros do projeto.

Os próximos passos do Galpão Cultural iniciaram no dia 24 de abril, com obra para realizar o piso. O espaço fica fechado até o dia 4 de maio para a conclusão da manutenção e terá, ainda, um novo portão.

Para contribuir com o projeto, é possível enviar doações via Pix ao número (51) 980653427.

 

Negra Jaque, ou Jaqueline Trindade Pereira, é rapper, artista, educadora social, pedagoga, mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e moradora do Morro da Cruz. Ela tem um álbum lançado: "Deus Que Dança" (2015) e três EPs: "Linhas de Cura: Rap, Negritude e outras formas de existir" (2022), "Qu4rto" (2020) e "Diário de Obá" (2019).

Sua trajetória foi definida pela arte, explica. "A arte salvou minha vida e eu acredito que ela possa salvar a vida de outras pessoas. Aqui, ela ajuda a desenvolver sentimentos de cidadania, empatia, compreensão, trabalho coletivo, cuidado com a própria comunidade e a realização de campanhas alimentares, pois sabemos que muita gente que ainda passa muita necessidade. Então ela fortalece vários caminhos", completa Jaque.

A relação com a comunidade também é mediada por meio da arte, explica Jaque. A artista relata que recebe apoio dos moradores do morro ao projeto. O Galpão, desta forma, é uma ferramenta para fortalecer a cidadania e os laços comunitários.

 

O Galpão Cultural foi inaugurado em março de 2021, no meio da explosão de casos de coronavírus. Na época, a campanha de vacinação pelo Sistema Único de Saúde (SUS) caminhava a passos lentos. Como forma de repasse de renda para a população em situação de vulnerabilidade, o governo federal sancionou o auxílio emergencial para pessoas físicas. Situação semelhante aconteceu no âmbito da cultura, com a Lei Aldir Blanc, que tinha como público-alvo os profissionais da cultura.

O espaço, teve ajuda por essa política pública. Para ser beneficiária do programa, Jaque conta que ela e o namorado renunciaram ao auxílio emergencial individual, mesmo preenchendo os requisitos. Eles não poderiam receber os dois repasses ao mesmo tempo. A aposta na cultura se transformou no espaço de madeira lateral do Galpão.