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Com a Palavra

- Publicada em 25 de Fevereiro de 2023 às 15:00

Muitas startups ficarão pelo caminho, prevê fundador do Agibank

Testa é um dos principais empreendedores do mercado financeiro brasileiro

Testa é um dos principais empreendedores do mercado financeiro brasileiro


Carine Wallauer/Divulgação/JC
Patricia Knebel
Desafios maiores sempre virão pela frente. Se essa é uma certeza no mundo complexo e volátil que vivemos, Marciano Testa, fundador e presidente executivo do Conselho de Administração do Agibank, um dos primeiros bancos digitais do País, procura encarar os desafios apostando em uma estratégia de antecipação do mercado, otimismo, conexões e busca constante por conhecimento. "Uma pessoa começa a envelhecer quando deixa de aprender. Sou otimista com a vida. Independentemente da situação na qual me encontro, tento analisar os desafios de forma positiva", comenta.
Desafios maiores sempre virão pela frente. Se essa é uma certeza no mundo complexo e volátil que vivemos, Marciano Testa, fundador e presidente executivo do Conselho de Administração do Agibank, um dos primeiros bancos digitais do País, procura encarar os desafios apostando em uma estratégia de antecipação do mercado, otimismo, conexões e busca constante por conhecimento. "Uma pessoa começa a envelhecer quando deixa de aprender. Sou otimista com a vida. Independentemente da situação na qual me encontro, tento analisar os desafios de forma positiva", comenta.
E tem funcionado. Mesmo em um ambiente macroeconômico difícil, e da situação delicada do Brasil, o Agi está crescendo de forma consistente, e isso deve se repetir em 2023. "Dois ou três anos atrás, eu estava morando em Nova York (EUA) e conseguimos ter uma visão privilegiada da crise que estava se instalando. Tomamos decisões de forma antecipada", recorda.
Testa é um dos principais empreendedores do mercado financeiro brasileiro da atualidade. O propósito do Agi, de facilitar a vida financeira para quem não é incluído digitalmente e nem atendido satisfatoriamente pelas grandes instituições, também o inspirou a fundar, em conjunto com outros empresários, o Instituto Caldeira. A iniciativa privada, da qual é o atual presidente, busca acelerar a transformação digital no Rio Grande do Sul. "Quando engajamos pessoas boas para projetos fantásticos, coisas incríveis acontecem", reflete.
Graduado pela Unisinos em Ciências Econômicas, ele tem especialização na área financeira, formação no Executive Program da Singularity University e no programa Owner/President Management, na Harvard Business School.
"Eu busco o desconforto. Quem quer continuar evoluindo como ser humano, como empresário e como pai de família, precisa entender que você não nasce e morre no mesmo lugar. Estou nessa fase de entender mais o mundo para que eu possa, a partir desse entendimento, gerar insights para o Agi, para o Instituto Caldeira e para a minha vida", analisa.
Empresas & Negócios - O cenário de 2022 foi movimentado, com novas tecnologias sendo lançadas e, ao mesmo tempo, cenário conjuntural complexo e menos capital de risco disponível. Como você avalia as perspectivas para esse ano?
Marciano Testa - É interessante como as demandas e, no fim, as próprias tecnologias, se moldam ao ambiente. E, no fim, tem uma variável que comanda tudo isso: a taxa de juros. Então, quando você tem muito dinheiro no mundo e a custo baixo, ou quase de graça, como foram os últimos 15 anos, é muito mais fácil ter capital de risco para apostar no longo prazo em tecnologias e empresas, mesmo que não tenham um modelo claro de monetização. Agora, quando você tem um custo de oportunidade - no Brasil, quase 14% e, nos Estados Unidos, 5% de taxa - é muito difícil você mover capital e tomar risco. Isso muda completamente a forma de como o capital se aloca. É impressionante.
E&N - Como essa oferta ou restrição de capital impacta a adoção das tecnologias hype do mercado?
Testa - Como você comentou, tudo ficou muito hype quando pensamos nas novas tecnologias. Se você não estivesse falando ano passado de NFT, blockchain, tokenização ou de alguma tecnologia disruptiva, parecia que você não era desse mundo. Agora, ficou claro que todas essas tecnologias vão demorar para se provar, e monetizar isso não é um caminho trivial. No Agi, nunca nos iludimos com essas coisas. Sempre usamos a tecnologia para gerar melhor experiência para o cliente. E assim continuaremos.
E&N - Muito se tem falado que 2023 e 2024 serão períodos de falência de muitas startups, você acredita nisso?
Testa - O cenário macro de taxas negativas ou zero no mundo criou algumas distorções, como uma super oferta. Por exemplo, no nosso segmento, o mercado financeiro, vimos uma proliferação de players. Isso aconteceu porque havia uma grande facilidade de captação de recursos, e mesmo empresas que não tinham um business viável, um modelo de negócio que fosse sustentável, com uma proposta de valor clara para o cliente, acabavam recebendo aportes. E não precisavam se preocupar com a monetização no curto prazo. Mas, agora, a realidade se impõe. O capital encareceu, temos um cenário de taxas de juros mais altas no Brasil e no mundo, uma política macroeconômica muito mais restritiva e uma série de impactos que geraram um mundo inflacionário. Sem dúvida, muitas fintechs vão ficar pelo caminho. Há, naturalmente, uma consolidação no Brasil e no mundo. Vão permanecer os negócios que são sustentáveis, como o Agibank. Esses passarão a representar até um valor maior para o investidor.
E&N - O Agi fechou 2022 com crescimento de 55% e superando R$ 10 bilhões de carteira de crédito. Como se blindar deste cenário de instabilidade?
Testa - Independente desse cenário macro, sempre fomos alicerçados nos nossos pilares. Somos um negócio fundamentalista. Acreditamos nos fundamentos da nossa estratégia que é gerar valor para o mercado que endereçamos - no Brasil, são 114 milhões de pessoas que têm uma renda de até R$ 4 mil. É uma renda baixa, mas recorrente, como funcionários públicos e privados. A nossa estratégia é ser o banco de salário dessas pessoas. Somos o único neobank que tem uma Full Digital Plataform com 900 lojas. Auxiliamos os clientes a fazerem um processo de inclusão financeira e digital. Vamos chegar a 1,4 mil lojas nos próximos quatro anos. Lembrando que nessas lojas oferecemos uma jornada digital. A grande maioria dos grandes bancos não tem estrutura leve e eficiente para chegar nesse público. No Brasil, posso afirmar que somos imbatíveis nesta estratégia.
E&N - Em meio a tantas tecnologias, como conseguir identificar o que realmente faz sentido e o que é distração?
Testa - O mundo vê distorções de criação de bolhas ou ciclos nos quais se gera a crença em torno de ativos que, com o tempo, descobrimos que não tem valor algum. Isso acontece desde a bolha das Tulipas, que foi a primeira crise financeira, em Amsterdã, na Holanda do século XVII. Mas, claro que, às vezes, dentro dessas bolhas de ativos, nascem alguns que têm valor para continuar gerando resultados para o negócio. No caso do Agibank, por exemplo, a tokenização é algo que estamos estudando com profundidade. A tendência é que as moedas se tornem cada vez mais digitais. Sou entusiasta da tecnologia. Já experimentamos muitas coisas - fomos pioneiros no pagamento por QR Code no Brasil. Mas, precisamos ter muita cautela e disciplina para separar, dentro desse emaranhado de ideias e provocações, o que é que faz sentido de fato.
E&N - Você foi um dos idealizadores do Instituto Caldeira. Qual o segredo do sucesso do hub de inovação?
Testa - Estou muito orgulhoso com o que está acontecendo com o Caldeira, com o Rio Grande do Sul. Temos sido muito procurados por empresários e ambientes interessados em fazer benchmark conosco. Conseguimos criar uma comunidade pujante, colaborativa e na qual o todo é muito maior que o indivíduo. Essa é a grande força do Instituto Caldeira.
E&N - Podemos considerar a expansão do Caldeira para o Brasil?
Testa - Todos os projetos que a gente tem desenvolvido, com certeza, vão ajudar a transformar o estado do Rio Grande do Sul. Está no nosso planejamento estratégico fazer o Caldeira continuar expandindo. Queremos seguir estimulando e contribuindo para os avanços no 4º Distrito (de Porto Alegre), do Rio Grande do Sul e, quem sabe, sim, expandir para o Brasil. No fim, a grande missão do Instituto é gerar conexões que acelerem a transformação e a inovação. Então, sempre vamos estar de portas abertas para que a comunidade se expanda. 
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