Web Summit: Tecnologias e pessoas qualificadas

Felipe Ribeiro

As palestras, cases, estandes e workshops apresentados pelo Web Summit 2002 eram tão diversos que cada participante pôde levar para casa um conjunto próprio e único de novidades, soluções e desafios para si e para a sua empresa. O maior evento de tecnologia do mundo, realizado no início de novembro, reuniu 70 mil pessoas, e não tratou apenas da transformação digital que convulsiona o mundo, mas acolheu abordagens inevitáveis como sustentabilidade em sentido amplo, economia, governança de dados e novos postos de trabalho.

Uma das presenças fortes do evento foi a Siemens, empresa conservadora e grande player do mercado, que revolucionou ao aderir à cultura empresarial open inovation através do Siemens Xcelerator, plataforma de negócios digital aberta a clientes, startups, empresas parceiras e programadores. Buscar soluções com mais rapidez, em escala e com menos complexidade é o objetivo das tecnologias abertas, que são desenvolvidas em cooperação, colaboração e cocriação. Dentre as promessas do Siemens Xcelerator está o uso do metaverso na aceleração da digitalização das indústrias. Redução de custos na produção de protótipos, mudança de planta ou compra de equipamentos; encurtamento de prazos; redução de uso de materiais, de recursos naturais e emissão de carbono são algumas das vantagens inestimáveis proporcionadas pelo metaverso à indústria 4.0.

E falando em produção, o evento abordou o atual debate 'escala & lucratividade' do setor de tecnologia, sendo que as grandes techs e os fundos venture capitalists têm dado preferência à lucratividade, deixando a prioridade de escala para empresas em crescimento. Esta busca por eficiência operacional tem provocado desligamentos massivos, como foi o caso da demissão de 11 mil funcionários anunciada pela Meta no início de novembro. Esta movimentação, por sua vez, leva à migração de grandes talentos provenientes desta e de outras gigantes como Google, Apple e Amazon rumo a empresas que esperavam ansiosas pela oportunidade de contratá-los. A tendência desse movimento se estende internacionalmente a todos os mercados.

No Web Summit, também foram temas de grande relevância os gestores e seus talentos, com destaque para a 'liderança empática'. Pessoas que conseguem trazer clareza no propósito, têm carisma, energia, otimismo, poder de comunicação e - acima de tudo - uma visão apurada de cliente não são comuns em empresas de tecnologia ou que cresceram muito rápido. Trata-se de um grande desafio buscar esse tipo de liderança escassa e rara, sendo meta de todas as empresas globais de ponta da economia digital. As empresas que têm capacidade de formar líderes empáticos têm um diferencial competitivo muito importante.

Em suma, todos os movimentos provocados pela transformação digital, crescimento ou compactação de empresas, assim como mudanças no perfil de lideranças deixam o recado claro de que as posições executivas são estratégicas para as empresas, tanto para atender a necessidades impostas pelas novas tecnologias, como pela necessidade de atributos humanos cada vez mais específicos. O Web Summit 2022 não deixou dúvidas de que a localização e qualificação desses talentos é uma urgência global.