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Porto Alegre, sábado, 24 de maio de 2025.

Com a palavra Salesio Nuhs

- Publicada em 16 de Outubro de 2022 às 18:16

Taurus descarta reflexo eleitoral no mercado de armas

Salesio Nuhs prevê para este ano a produção de cerca de 2 milhões de armas, grande parte exportada aos EUA

Salesio Nuhs prevê para este ano a produção de cerca de 2 milhões de armas, grande parte exportada aos EUA


ANDRESSA PUFAL/JC
Jefferson Klein
Tratando-se de um mercado mais regulado do que a maioria dos setores da economia, o segmento de armas se vê muito atrelado a decisões políticas. No entanto, para o CEO Global da Taurus, Salesio Nuhs, qualquer que seja o resultado no Brasil das eleições de 30 de outubro, a empresa não deve sofrer grandes impactos. A companhia está em meio a um dos maiores investimentos da sua história (R$ 181 milhões no ano passado e R$ 170 milhões em 2022) que contempla, entre outras ações, a modernização da planta em São Leopoldo.
Tratando-se de um mercado mais regulado do que a maioria dos setores da economia, o segmento de armas se vê muito atrelado a decisões políticas. No entanto, para o CEO Global da Taurus, Salesio Nuhs, qualquer que seja o resultado no Brasil das eleições de 30 de outubro, a empresa não deve sofrer grandes impactos. A companhia está em meio a um dos maiores investimentos da sua história (R$ 181 milhões no ano passado e R$ 170 milhões em 2022) que contempla, entre outras ações, a modernização da planta em São Leopoldo.
Empresas&Negócios - Quanto a questão política pode influenciar o mercado de armas brasileiro?
Salesio Nuhs - No Brasil, a gente tem um fato importante que foi o referendo em 2005 (sobre o comércio de armas de fogo). Eu costumo dizer que nós ganhamos contra o governo, contra a rede Globo e contra a igreja católica, ou seja, fizemos quase que um milagre, já que falamos de igreja católica. Mas, o que é importante em 2005? A população disse que queremos ter o direito à legítima defesa e o direito à liberdade. Para você mudar isso, você tem que perguntar de novo para a população.
E&N - Então não se espera maiores impactos, independentemente do resultado das eleições?
Nuhs - O que o governo pode fazer? O que o próprio Fachin (o ministro do STF, Edson Fachin) fez recentemente: restringir alguns calibres (Fachin concedeu liminares em três ações diretas de inconstitucionalidade para limitar a posse de arma de fogo e a quantidade de munições que podem ser adquiridas). O que o Fachin fez impacta no faturamento da Taurus em 3%. Ou seja, qualquer exportação que eu fizer para qualquer país eu resolvo isso. Realmente, não me preocupa essa questão de mudança de governo aqui no Brasil. Agora, é ruim para nós, que somos uma indústria estratégica de defesa, estar em um país em que o governo é contra. Não é legal, mas isso não muda o ponto de vista de negócio da companhia.
E&N - Dentro desse contexto, qualquer eventual desequilíbrio no mercado interno pode ser compensado no cenário externo?
Nuhs - Eu tenho como compensar. Lógico, que para cada segmento, para cada produto, para cada país, a gente tem uma estratégia. Mas, genericamente falando, é mais ou menos isso.
E&N - Qual a capacidade de produção da Taurus hoje?
Nuhs - Nós temos capacidade de produção e produzimos no ano passado 2.250.272 armas, mais de 1,59 milhão de armas produzidas aqui no Brasil.
E&N - Das armas produzidas nacionalmente, quantas foram destinadas ao mercado externo?
Nuhs - Em torno de 85% foram exportadas.
E&N - Qual a projeção de produção para 2022?
Nuhs - Neste ano a gente deve ter uma quantidade um pouco menor, próximo de 2 milhões, porque mudou muito o mix. O comportamento do mercado norte-americano mudou. A gente, no ano passado, vendeu muitas pistolas e neste ano o mercado de revólveres está mais aquecido. Quando se faz um revólver, se abrange mais mão de obra e horas de trabalho.
E&N - O mercado dos Estados Unidos é muito importante para a Taurus, qual o market share da empresa lá?
Nuhs - Cerca de 15%, no geral do mercado de armas (pistolas, revólveres, armas táticas e longas e esportivas). No (segmento de) revólver, é em torno de 60%. O revólver foi a origem da Taurus e de cada dez revólveres vendidos no mundo, seis são da marca Taurus. É um domínio total do segmento.
E&N - Como vem sendo a recuperação dos resultados financeiros da empresa?
Nuhs - A Taurus é um caso de sucesso, se você considerar que em 2017 a Taurus estava quebrada, fez R$ 150 milhões de prejuízo. Eu assumi em janeiro de 2018 e a gente, no ano passado, fez R$ 1 bilhão de lucro. A gente mudou essa companhia em três anos. Uma empresa que não tinha somente problemas financeiros, tinha problemas sérios de imagem. O que mudou na Taurus, na parte operacional, foi a criação de um processo de produção robusto.
E&N - Qual é o faturamento atual da empresa?
Nuhs - Temos um faturamento bruto anual de R$ 3,4 bilhões e cerca de 3,6 mil colaboradores. Somos a maior empresa do mundo em volume de vendas de armas leves. Já produzimos mais de 28,5 milhões de armas.
E&N - Qual o investimento estimado para este ano?
Nuhs - Cerca de R$ 170 milhões. Em 2019, a gente começou a organizar a nossa vida, em 2021 foi o ano do investimento mesmo (R$ 181 milhões), em plena pandemia, e em 2022 estamos complementando esses investimentos.
E&N - Desse total de investimentos, parte foi direcionada a aquisição de equipamentos que recentemente chegaram à unidade de São Leopoldo, correto?
Nuhs - Vieram 14 máquinas da Hyundai de um total de 42 (que chegam nesse ano), que somam um investimento (final) de R$ 49 milhões. São centros de usinagem, de cinco eixos, de última geração, totalmente automatizados, que vão melhorar a qualidade do produto. Essa é parte do investimento, depois terão outros aportes em robôs, tecnologia, desenvolvimento de produtos e de processos.
E&N - É o maior investimento da história da Taurus?
Nuhs - Sem dúvida nenhuma.
E&N - Onde estão localizadas as outras plantas da companhia, além do complexo em São Leopoldo?
Nuhs - Temos outra unidade na Georgia, nos Estado Unidos, e uma na Índia, que deve operar a partir do ano que vem. Esse (o complexo indiano) é um processo diferente da fábrica norte-americana. A fábrica nos Estados Unidos é nossa e essa unidade na Índia é uma joint venture, com uma empresa privada indiana (Jindal Group) e que nos obriga a transferir tecnologia para essa operação.
E&N - Quais serão os modelos que serão produzidos na estrutura na Índia?
Nuhs - Em um primeiro momento, armas de uso civil, mas essa iniciativa faz parte de um projeto muito grande que são aquisições do governo indiano, tanto do Exército como das polícias e lá tudo é superlativo. Aliás, recentemente saiu um edital de licitações para 420 mil fuzis e a gente está trabalhando nos detalhes desse edital, que sem dúvida é o maior edital de compras de fuzis visto no mundo. Então, terá uma enorme concorrência, porém quem estiver na Índia, como é o nosso caso, terá vantagens competitivas, porque a produção terá que ser lá.
E&N - Qual será a capacidade de produção da unidade indiana?
Nuhs - Ela está planejada para uma capacidade de cerca de 30 mil armas civis por ano. Porém, se a gente ganhar essa licitação, ela vira uma montadora e vamos ter que desenvolver fornecedores de peças na Índia para poder fabricar esses 420 mil fuzis em dez anos.
E&N - Qual foi o objetivo da Taurus com a recente criação do seu comitê de ESG (Environmental, social, and corporate governance)?
Nuhs - Uma indústria estratégica de defesa é ESG, porque é segurança pública. A soberania de um país depende de uma indústria estratégica de defesa. Estamos desenvolvendo esse tema na companhia, exatamente com esse enfoque. Somos ESG em todos os sentidos, no sentido de tecnologia, de desenvolvimento das pessoas, de meio ambiente.
 
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