Liège Alves, especial para o JC*
Caçapava do Sul receberá, de 6 a 11 de novembro, dois avaliadores para verificar as condições locais, como a Pedra do Segredo para que o município possa se tornar oficialmente um geoparque reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Será o primeiro exclusivamente gaúcho.
No princípio, os pilares da economia eram a Mineração e o agronegócio, agora Caçapava do Sul aguarda a resposta que poderá colocar o município no mapa do turismo nacional e internacional e garantirá um novo ciclo de desenvolvimento econômico.
Por conta disso é esperada com expectativa a chegada em novembro de dois técnicos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) que vêm conferir in loco as condições do município para passar de aspirante a geoparque, com direito ao selo da agência. Se a avaliação for positiva, a cidade gaúcha passará a ser considerada oficialmente como patrimônio geológico da humanidade. Desde 2015, Caçapava do Sul é reconhecida pela Lei Estadual 14.708 como a capital gaúcha da geodiversidade e o complexo das Guaritas consta na lista dos Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil (Sigep).
Para chegar até este momento foram anos de espera. O primeiro passo deste projeto foi dado pela Universidade Federal de Santa Maria em 2018. Depois disso, uniram-se a essa ideia a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e a prefeitura de Caçapava.
A candidatura foi lançada em 2020. O próximo passo foi a produção de um minucioso dossiê mostrando as áreas e o potencial da biodiversidade da flora e da fauna da região apresentado pelo Coordenador do projeto, professor André Borba, da Unipampa, Encaminhado o documento, agora vem a etapa da visita e, depois disso, o tão esperado retorno da Unesco.
Atualmente, são 177 geoparques mundiais da Unesco em 46 países. Até há pouco tempo a maior parte estava concentrada na Europa e na China. No Brasil são três: Araripe, entre Pernambuco, Ceará e Piauí, Seridó, no Rio Grande do Norte, e o Caminhos dos Cânions do Sul, entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. Estes últimos homologados em maio deste ano. De quatro em quatros anos, o lugar escolhido passa por uma reavaliação. Se os critérios de educação, proteção ambiental e desenvolvimento sustentável não são seguidos à risca, perde o aval da certificadora.
A candidatura passou por várias etapas e é um projeto coletivo entre a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e a prefeitura de Caçapava do Sul. O primeiro passo em direção à Unesco foi dado há dois anos, com o envio da carta de intenção da candidatura.
Em outubro de 2021, durante o aniversário de 190 anos da cidade, foi entregue um dossiê detalhado das riquezas minerais, relevo, flora e fauna do município. Agora, se aproxima a penúltima fase com a chegada dos técnicos. Depois disso, é aguardar o veredito que permitirá ou não a entrada da cidade gaúcha para a seleta lista dos geoparques globais.
Segundo o secretário de Cultura e Turismo de Caçapava, Stener Camargo de Oliveira, outras localidades que já receberam essa distinção triplicaram os visitantes, gerando renda e emprego para a região. Na avaliação do secretário, com o selo da Unesco será mais fácil conseguir recursos para o município que se tornará o primeiro geoparque exclusivamente do Rio Grande do Sul. "Com isso, teremos condições de investir em ações de preservação deste patrimônio e na educação e estimular o empreendedorismo", acredita.
Riquezas naturais são diferencial da cidade
Município se destaca como polo de turismo de aventura e um lugar para quem quer apreciar espécies raras de plantas
/ELISANGELA LOPES/REPRODUÇÃO/JC
Não é à toa que Caçapava do Sul é considerada a capital da geodiversidade do Rio Grande do Sul e sempre atraiu visitantes e universidades de Geociências e Biologia. O município é um polo de turismo de aventura e um lugar para apreciar espécies raras de plantas, como a petúnia secreta e a pavonia secreta que só existem neste lugar, também bromélias e cactos raros que florescem entre setembro e fevereiro.
Na prática é como se a paisagem que encontramos hoje fosse um grande museu a céu aberto que conta a história de eras remotas do Planeta Terra. Vem daí a grande riqueza que poderá atrair visitantes e a responsabilidade da cidade em preservar essa região. O que era há 550 milhões de anos montanhas próximas, um rio grande com vários canais, gerou as rochas que compõem a Pedra do Segredo, um dos pontos turísticos locais.
As Guaritas têm origem no período Paleozoico, e é formada de rochas sedimentares, principalmente arenito, que foram trazidos das áreas altas pelos rios e acabaram depositados formando esse registro de um fragmento de um dos mais antigos desertos do continente. "A cidade apresenta uma riqueza natural grande não só no aspecto da própria natureza, mas também na área sustentável. Outras universidades nos visitam para buscar amostras que só existem neste território", garante José Waldomiro Jiménez Rojas, professor e diretor do Campus da Unipampa de Caçapava do Sul.
Conforme os pesquisadores, há partes do relevo em que é possível supor que há bilhões de anos fossem um mar tropical, com grandes recifes formados de bactérias e algas primitivas. Há também a teoria de que havia na região cadeias de montanhas com lagos muito profundos e vulcões.
Caçapava do Sul segue a pleno com preparativos enquanto aguarda o tão esperado selo
Prefeitura prevê investimento de R$ 50 mil na reforma de centro de atenção ao turista das Guaritas
ANDRÉ BORBA/REPRODUÇAO/JC
Para cumprir a meta da Unesco de desenvolver os pilares preservação, educação e desenvolvimento econômico sustentável, um dos focos da prefeitura e da Unipampa é envolver as comunidades onde estão localizados os geossítios.
Para isso, foram abertos dois editais em que empresas, artesãos e profissionais liberais que quisessem fazer parte do projeto. Quem cumpriu os requisitos ganhou um selo de apoiador, de iniciativa parceira, quando oferece algum serviço que tenha vínculo com o território, ou ainda de geoproduto, caso daqueles que usam matéria-prima local. "Pode ser produto, uma iniciativa cultural ou ligada à diversidade e à educação ambiental. O azeite produzido aqui entra na categoria de geoproduto", exemplifica José Waldomiro Jiménez Rojas, professor e diretor do Campus da Unipampa de Caçapava do Sul.
O investimento e a capacitação da rede estão em andamento e o projeto conta com 76 parceiros entre apoiadores, artesãos e empreendedores das áreas de serviços e produtos. Uma parceria entre a cidade e o Sebrae está em estudo para capacitar esta rede em 2023.
Também no próximo ano estão previstas obras em pontos turísticos locais com verbas estaduais. Serão destinados R$ 600 mil para a construção de um museu no Forte Dom Pedro II e mais
R$ 600 mil para melhorar a infraestrutura do parque municipal da Cascata do Salso. Do próprio orçamento, a prefeitura prevê um investimento de R$ 50 mil na reforma de um centro de atenção ao turista das Guaritas, localizado na sede da Associação dos Moradores das Guaritas.
R$ 600 mil para melhorar a infraestrutura do parque municipal da Cascata do Salso. Do próprio orçamento, a prefeitura prevê um investimento de R$ 50 mil na reforma de um centro de atenção ao turista das Guaritas, localizado na sede da Associação dos Moradores das Guaritas.
Foco na qualidade como um diferencial para crescer
Prosperato produziu e comercializou sua primeira safra em solo caçapavano em 2013, e hoje conta com 11 variedades de azeites extravirgens
/FERNANDO PROSPERATO/REPRODUÇÃO/JC
Em 2013, a Prosperato produziu e comercializou sua primeira safra em solo caçapavano. Neste ano de 2022, a marca colhe os frutos desse trabalho com seus 11 tipos de azeites de oliva extravirgem no topo do ranking, considerados os mais premiados nacionalmente. Um dos atuais diferenciais é a linha de azeites condimentados que conseguiu a façanha de receber prêmios em concursos da Itália e da Grécia, países de antiga tradição nessa cultura.
"Concorremos com mais de 60 azeites de todo mundo. O Prosperato Condimentado com Pimenta Jalapeño ganhou medalha de Ouro na EVO IOOC 2022, na Itália, e na Athena International Olive Oil Competition. Nessa linha de azeites condimentados é usado o produto fresco in natura, sem aromatizantes", explica Rafael Marchetti, diretor da Prosperato.
Inicialmente foram plantados 20 hectares em Caçapava do Sul, logo em seguida mais 20 hectares com mudas produzidas pela própria empresa que deu início a todo esse processo, a Tecnoplanta, que há 30 anos atua no setor florestal. Na primeira safra foram extraídos 3 mil litros de azeite. Neste ano, a produção total chegou a 70 mil litros de seis variedades diferentes.
A primeira experiência do grupo na olivicultura aconteceu em 2001, com plantio em Barra do Ribeiro, por conta da semelhança no método de propagação com outras espécies que a empresa tinha expertise em trabalhar. Depois disso, o foco voltou-se para Caçapava onde já havia um núcleo de olivicultores desde 2005. "Adquirimos um olival que já existia em 2012 e vimos a possibilidade de começar a mostrar a rentabilidade da atividade e fazer isso de uma forma mais profissional e técnica", lembra Marchetti.
Olivoturismo reforça a vocação da região para projetos sustentáveis
Alguns pontos em comum unem a olivicultura e o Geoparque. Tanto que várias marcas de azeite extravirgem produzidas em Caçapava do Sul são empresas parceiras do projeto. Esse setor, que já gera um fluxo de visitantes constante para o município, também irá se beneficiar caso a cidade se torne um geoparque global.
Um dos fatores em comum é o cuidado ambiental, uma preocupação constante nessas extensões de terra, a maioria de 20 a 30 hectares, onde são cultivadas às oliveiras. A presidente da Associação dos Olivicultores do Sul do Brasil (Olisul) e diretora administrativa do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Rosane Coradini Abdala, acredita que essa união será um caminho muito bom e sustentável para a região. E completa: "Caçapava não pode perder esta chance".
O olivoturismo se estabeleceu no Sul como uma forma de dar visibilidade para essa cadeia produtiva, gerando uma renda extra para o olivicultor, ao mesmo tempo em que divulga as marcas. Criada em 2019, a Rota das Oliveiras conta atualmente com 38 municípios, a maioria da Metade Sul.
Desde o ano passado o roteiro passou a ser oferecido pelas agências de turismo. A ideia é seguir um caminho semelhante ao turismo da vitivinicultura da Serra Gaúcha até por conta da semelhança entre as culturas. Em geral, os grupos são recebidos nas propriedades, passam pelo pomar, fazem degustação dos azeites, provam comidas típicas e visitam pontos turísticos locais. "A olivicultura não é uma atividade que dê frutos a curto prazo, então, essa é uma maneira de as pequenas propriedades se sustentarem. Isso também proporciona um valor agregado porque os visitantes são multiplicadores", diz Rosane Abdala.
A colheita que acontece de fevereiro a abril é o período que mais atrai turistas. Muitos querem ter a experiência de colher as azeitonas, assim como é feito nos parreirais. A estimativa da Ibraoliva é de que 500 mil turistas passaram pelas propriedades rurais que fazem parte da Rota das Oliveiras no ano passado.
Clientes podem conferir o produto que é produzido apenas a 100 metros da loja
Atualmente, a marca possui o Empório Prosperato às margens da BR-290
FERNANDO PROSPERATO/REPRODUÇÃO/JC
O ponto fundamental nessa jornada foi quando a Prosperato instalou seu lagar, local de extração de azeite. Conforme o diretor da empresa, Rafael Marchetti, esse investimento serviu de incentivo para outros produtores começarem a plantar.
"Ter extração e envase é fundamental para a qualidade do produto e prestamos este serviço para outros agricultores. É uma forma acessível para pequenos produtores terem um azeite tão bom como o nosso", garante Marchetti.
Atualmente, a marca possui o Empório Prosperato às margens da BR-290, no município de Caçapava do Sul, e planeja a abertura de outra unidade em Sentinela do Sul, na BR-116, que está sendo duplicada. O foco é atender o consumidor final e seguir as vendas de forma online. Em paralelo a isso, atende os pedidos das lojas especializadas no Estado e no País.
"Prezamos, desde o início, em ter azeite fresco, produzido ali mesmo, a 100 metros da loja. Trata-se de algo diferente, com uma produção em uma escala menor e com maior controle da qualidade. Por isso, vender direto para o consumidor faz muito sentido. Não estamos vendendo só azeite, queremos que o consumidor compre a ideia de que está investindo na saúde", diz Marchetti.
O executivo acredita que a divulgação acontece de forma orgânica por parte dos próprios clientes. Enquanto o novo ponto de venda está em fase de projeto, a empresa investe mais em pesquisa e na descoberta de variedades e métodos de plantio para aumentar a área plantada.
União das oliveiras com turismo rural
Casarão da Vila do Segredo tem fachada com estilo colonial português
/JULIANO PORTO/REPRODUÇÃO/JC
No meio do caminho do processo de plantar oliveiras e transformar em um azeite extravirgem de qualidade, o empresário Renato Fernandes percebeu o potencial de exploração turística da propriedade que adquiriu em Caçapava do Sul, na Coxilha São José. Assim como a viticultura, a olivicultura também traz esse potencial de atrair pessoas interessadas em ver de perto o pomar, a produção, participar da colheita, degustar o produto in loco.
O casarão une uma fachada com estilo colonial português e, internamente, o conforto de um projeto arquitetônico contemporâneo. Ao todo, são quatro suítes e duas casas contêineres. A pousada oferece meia pensão ou, se o hóspede preferir, pode fazer todas as refeições sem sair do local. A alta temporada vai de março a 15 de dezembro. A hora da colheita, que acontece de 15 de fevereiro a 15 de abril, é um dos períodos mais requisitados.
Fernandes descreve o empreendimento, que é parceiro do geoparque, como um espaço de contemplação que reúne turismo rural e o conforto que os clientes urbanos estão acostumados a ter. Na Primavera, os turistas podem apreciar o momento da floração, com muitos pássaros por perto e o perfume das glicínias. "A paisagem é cinematográfica. Localização privilegiada pela visualização solar, temos uma vista do nascer ao pôr do sol. Os hóspedes relatam que se sentem abastecidos por uma nova energia, algo que os revigora e anima", celebra.
Da indústria para o campo
Por que um empresário estabelecido há 35 anos em Canoas, no ramo metalúrgico, vai para uma cidade distante 369 quilômetros e constrói uma pousada no meio do campo? Essa é uma daquelas perguntas que não tem uma resposta lógica, mas faz todo sentido. O empresário Renato Fernandes explica que é um projeto de vida. Um legado que pretende deixar para as futuras gerações e que, pelas suas contas, deve chegar ao ano de 2316.
Há sete anos, Fernandes foi a Caçapava do Sul e conheceu o azeite extravirgem da Prosperato. Encantou-se com a possibilidade de plantar oliveiras e identificou na olivicultura uma oportunidade de negócio. "A grande maioria dos produtores da região vem de outra área empresarial, não são agricultores. Muitos são profissionais liberais. Me interessei por essa possibilidade e me servi do suporte técnico da Tecnoplanta para começar o plantio", relembra Fernandes.
Inicialmente, a ideia era produzir azeite de qualidade nos 12 hectares na propriedade que tem o solo drenado, a posição solar correta e, principalmente, a condição climática e geográfica de Caçapava do Sul. A cidade possui um frio rigoroso e seco no Inverno, as oliveiras precisam de mais de 300 horas abaixo de 10 graus, e um Verão forte, com muito calor para maturar e amadurecer as azeitonas.
O projeto começou em 2016 e em 2021, foi realizada a primeira colheita de cerca de 2 mil quilos. Este ano, seis toneladas foram beneficiadas no lagar da Prosperato. Com isso, a Pousada Olival Vila do Segredo criou seu azeite próprio que leva o mesmo nome e tem vendas online, em feiras e em empórios especializados.
"O meu sonho é que se multipliquem essas pequenas propriedades e se criem cooperativas. Aqui é o berço da olivicultura do país. É muito bom saber que a nossa atividade não degrada, só agrega e que vou deixar esse legado para meus filhos e netos", afirma.
Preservar a memória e discutir o futuro
A casa é um espaço de arte, memória e convivência
Ccjt/divulgação/jc
Iniciativa Parceira do geoparque, a Casa de Cultura Juarez Teixeira (CCJT) completa um ano em outubro e aproveita o bom momento de Caçapava do Sul para atrair os turistas que chegam para conhecer a natureza e os olivais. O espaço nasceu com o objetivo de ser um guardião da memória da cidade, que comemorou 190 anos em 2021.
A casa é um espaço de arte, memória e convivência e tem um acervo de mais de mil objetos do médico e pesquisador Juarez Teixeira, parte adquirida ao longo dos últimos anos e parte doada por amigos e outros colecionadores. O acervo conta como era a vida cotidiana na cidade e região nos séculos XIX e XX.
São 13 salas, sendo que alguns ambientes reproduzem uma casa antiga, como a sala de jantar, quarto de casal e de crianças, cozinha e galpão. Outros espaços reúnem objetos relacionados à história da cidade, de imagem e som, profissões e artes manuais. A Casa tem ainda uma pequena galeria de arte para mostras de artistas locais, sala para oficinas, um hall com piano para concertos íntimos, uma loja de artesanato e peças de design local e um pátio cultural.
A CCJT vai fechar um ano com seis exposições, todas montadas com o auxílio de objetos doados pela comunidade, e visitação de cerca de 900 pessoas de 42 cidades de várias partes do Brasil. “Desde o princípio, queríamos montar um espaço que compartilhasse com os caçapavanos a responsabilidade de investigar, preservar e comunicar seu patrimônio”, lembra Gisele Teixeira, curadora da CCJT.
A parte do convívio, que não pode ser muito explorada por conta da pandemia, começa a ganhar força agora. Na comemoração do primeiro aniversário a meta é intensificar a programação presencial. Ainda para este ano estão programadas duas mostras, uma de “Bombas de Chimarrão”, com mais de 50 objetos relacionados ao universo do mate, e “Caçapava de Chuteiras”, que contará a história do times, personagens e craques que atuaram na linha de frente deste esporte na cidade. Outra atração é o primeiro Brique de Estação, com a participação de pequenos agricultores e artesãos locais.
Durante o confinamento, a Casa não deixou de cumprir sua missão de produzir cultura. Promoveu serenatas, projeto que teve como objetivo gerar renda para artistas locais e levar alegria e música aos profissionais de saúde e pessoas que se recuperaram do Covid. Durante muitos anos as serenatas foram uma tradição na cidade e revitalizar as manifestações e patrimônios imateriais de Caçapava também estão entre os objetivos da Casa de Cultura.
Depois que as vacinas entraram em cena começaram as exposições. “Tango e Bandoneón” mesclou imagens do tango contemporâneo com o resgate de parte da história do bandoneón em Caçapava do Sul. Por meio de uma campanha nas redes sociais, conseguiu resgatar fotos e relatos de familiares de músicos que algum dia tocaram o instrumento na cidade, com imagens a partir de 1912.
São 13 salas, sendo que alguns ambientes reproduzem uma casa antiga, como a sala de jantar, quarto de casal e de crianças, cozinha e galpão. Outros espaços reúnem objetos relacionados à história da cidade, de imagem e som, profissões e artes manuais. A Casa tem ainda uma pequena galeria de arte para mostras de artistas locais, sala para oficinas, um hall com piano para concertos íntimos, uma loja de artesanato e peças de design local e um pátio cultural.
A CCJT vai fechar um ano com seis exposições, todas montadas com o auxílio de objetos doados pela comunidade, e visitação de cerca de 900 pessoas de 42 cidades de várias partes do Brasil. “Desde o princípio, queríamos montar um espaço que compartilhasse com os caçapavanos a responsabilidade de investigar, preservar e comunicar seu patrimônio”, lembra Gisele Teixeira, curadora da CCJT.
A parte do convívio, que não pode ser muito explorada por conta da pandemia, começa a ganhar força agora. Na comemoração do primeiro aniversário a meta é intensificar a programação presencial. Ainda para este ano estão programadas duas mostras, uma de “Bombas de Chimarrão”, com mais de 50 objetos relacionados ao universo do mate, e “Caçapava de Chuteiras”, que contará a história do times, personagens e craques que atuaram na linha de frente deste esporte na cidade. Outra atração é o primeiro Brique de Estação, com a participação de pequenos agricultores e artesãos locais.
Durante o confinamento, a Casa não deixou de cumprir sua missão de produzir cultura. Promoveu serenatas, projeto que teve como objetivo gerar renda para artistas locais e levar alegria e música aos profissionais de saúde e pessoas que se recuperaram do Covid. Durante muitos anos as serenatas foram uma tradição na cidade e revitalizar as manifestações e patrimônios imateriais de Caçapava também estão entre os objetivos da Casa de Cultura.
Depois que as vacinas entraram em cena começaram as exposições. “Tango e Bandoneón” mesclou imagens do tango contemporâneo com o resgate de parte da história do bandoneón em Caçapava do Sul. Por meio de uma campanha nas redes sociais, conseguiu resgatar fotos e relatos de familiares de músicos que algum dia tocaram o instrumento na cidade, com imagens a partir de 1912.
Já “Peças Únicas” mostrou como a moda e os costumes andam juntos por meio de vestidos de noivas e de aias de várias gerações. Mais adiante, a mostra “Geoparque” apresentou rochas, fotos da fauna e flora, instrumentos de medição, bússolas antigas, microscópios e até o meteorito que caiu no município há mais de 100 anos. "Guaiaca Cheia” expôs cédulas e moedas do Brasil e exterior de diferentes períodos.
Superado o primeiro desafio, de criar o espaço, a meta agora é tornar a CCJT economicamente sustentável, participando de editais e licitações de financiamento na área de Cultura. “A Casa foi montada como tantos pequenos museus e espaços culturais na América Latina, com poucos recursos, muitas ganas e criatividade, mas agora precisamos de ajuda para voar mais alto”, diz Gisele.
Superado o primeiro desafio, de criar o espaço, a meta agora é tornar a CCJT economicamente sustentável, participando de editais e licitações de financiamento na área de Cultura. “A Casa foi montada como tantos pequenos museus e espaços culturais na América Latina, com poucos recursos, muitas ganas e criatividade, mas agora precisamos de ajuda para voar mais alto”, diz Gisele.
Para, por exemplo, promover concertos, feiras e oficinas e ocupar o pátio cultural. “Um dos nossos sonhos é promover o primeiro festival de inverno de Caçapava, com outros parceiros da cidade,em julho de 2023”, conta a curadora. “Nascemos em um momento muito apropriado, em que várias coisas estão acontecendo em paralelo na cidade: a possibilidade do selo da Unesco para o geoparque, o crescimento do turismo das oliveiras e também do turismo ligado à natureza. Juntos, nós nos potencializamos e somos mais fortes”.
Estratégias são traçadas para ganhar mercado e conquistar a preferência do consumidor
Até agora, 29 marcas estampam o Selo Premium
/FERNANDO PROSPERATO/REPRODUÇÃO/JC
Do total de azeite extravirgem consumido no país, apenas 2% corresponde a produtos nacionais. Neste universo dominado pelos importados, 80% dos nacionais são produzidos no Rio Grande do Sul. O restante vem do Sudeste, Minas Gerais e São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Se a safra de 2021 foi de 200 mil litros, a deste ano superou as expectativas e chegou a 450 mil litros. O presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Renato Fernandes, explica que a opção dos agricultores brasileiros é fazer o azeite premium, elaborado a partir da nova safra com a fruta não maturada. Com isso, é possível manter as propriedades antioxidantes do produto e o sabor.
Rosane Coradini Abdala reforça que esse é um dos diferenciais do azeite brasileiro e também explica o fato de ser mais caro. Segundo ela, o azeite deve ser consumido de preferência na mesma safra, pois o prazo de validade é de 18 meses a dois anos da data da safra. "O importado chega sem a data da safra e o azeite que produzimos é fresco, saudável. Por conta do preço e desconhecimento de que o azeite, ao contrário do vinho, quanto mais novo é melhor para o consumo é que temos dificuldade de colocá-lo em redes de supermercados".
Outra iniciativa do Ibraoliva em parceria com a Secretaria da ciência e tecnologia do Estado foi lançar o Selo Premium - Origem e Qualidade RS para garantir a segurança dos consumidores. "O projeto servirá de inspiração ao Instituto para levar a todas áreas de produção de nosso país um modelo de excelência para atestar a qualidade e origem de nosso azeite nacional", informa o presidente. Até agora, 29 marcas estampam o selo. Como algumas marcas possuem vários rótulos premiados, o número total com essa distinção salta para mais de 70.
* Liège Alves é jornalista e publicitária graduada pela Pucrs com especialização em Jornalismo Aplicado. Foi editora no Jornal do Comércio e repórter do jornal Zero Hora e do Grupo Sinos. Atuou na área de Comunicação Corporativa e atualmente é diretora da Editora Essência.