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Ocidente passa por segmentação de público
Maior símbolo da boemia no Bom Fim, o Ocidente teve que se reinventar durante a pandemia. Como já funcionava também como restaurante, o bar na avenida Osvaldo Aranha com a João Telles recorreu ao serviço de entregas. E, com as festas inviabilizadas, o proprietário Fiapo Barth recorreu ao formato barzinho, colocando mesas na rua e criando o Ocidente Pub.
Mas o grande chamariz da casa sempre foram as baladas. Desde 2 de outubro do ano passado, quando ocorreu a primeira festa com pista liberada, o bar vem registrando um movimento considerável, principalmente às sextas e sábados.
Com a agenda mais movimentada, Fiapo, que havia mantido os empregados mais antigos e dispensado os mais jovens, voltou a reforçar a equipe. "A gente fez recontratações e, como algumas pessoas conseguiram outros trabalhos, chamamos também funcionários novos, creio que seis para a noite e mais três para o restaurante", diz o empresário. No total, a equipe é formada por 35 funcionários, contando com o reforço de freelancers aos finais de semana.
Após levantar R$ 1,1 milhão (entre recursos do próprio bolso e empréstimos bancários) no ano passado para bancar as despesas, Fiapo considera o cenário um pouco mais tranquilo hoje para os proprietários de casas noturnas. "No momento em que pudemos começar a fazer eventos, mesmo com menos gente, as coisas começaram a andar. Agora, felizmente, as coisas parecem estar mais próximas do que eram antes", acredita.
O empresário admite que nem todas as festas voltaram com a força que tinham antes, e atribui isso a dois fatores. Um deles é que as pessoas se acostumaram a beber nas ruas, algo que, para ele, não é novidade, uma vez que o próprio Bom Fim já viu fenômenos semelhantes na década de 1980. O outro é que parte do público frequentador do Ocidente mudou. Isso não seria problema, por um detalhe: a segmentação.
"Diversificar, tudo bem, cada festa alcança um nicho. Mas me parece que após a pandemia ficou muito mais evidente a diferença de um público de outro. O que eu lamento, pois a proposta do Ocidente sempre foi promover a diversidade, sem segmentações. Mas não nos cabe fazer nada a respeito disso, quem decide o que prefere é o público, né?", observa.
Mesmo com as festas movimentando o velho casarão da Osvaldo Aranha, Fiapo garante que o Ocidente Pub, um dos legados da pandemia, vai ficar. Prova de que a iniciativa deu certo? "Totalmente, ainda não, mas vai dar", diz, explicando que, com a saída de uma loja de roupas do prédio anexo ao sobrado, alugou o imóvel especificamente para o formato barzinho.
"Quando as festas voltaram, tivemos dificuldades de atender as mesas na rua. Assim não tem como criar público. Com esse espaço, podemos oferecer um serviço melhor, com drinks, café, petiscos", explica. A inauguração deve ocorrer em breve, durante a primavera.