Não faltam motivos para brindar e, é claro, com vinho. Neste domingo (28), a Dionisia Restaurante Vinho Bar completou quatro anos de mercado, passando pelo período crítico da pandemia, assim como a maioria dos empreendimentos de Gastronomia. Mas a experiência da empresária Jaqueline Meneghetti contou para driblar os empecilhos e reativar, assim que possível, as 64 torneiras com diferentes estilos de vinho, em doses de 30ml, 75ml ou 125 ml. Sócia da Petiskeira e sócia-fundadora do Grupo Press, onde permaneceu por 13 anos, Jaqueline uniu, na Dionisia, a experiência na gestão à paixão por vinhos, e trouxe para Porto Alegre um conceito completamente novo no ramo da Gastronomia. Mas os motivos para brindar não terminam por aqui: nesta segunda-feira também é dia de levantar as taças para comemorar o Dia Nacional do Sommelier.
Empresas & Negócios - A Dionisia trouxe o conceito das torneiras de vinhos. Nesses quatro anos de mercado, qual avaliação sobre a receptividade dos gaúchos à forma diferente de beber vinho?
Jaqueline Meneghetti - Os gaúchos são muito curiosos e muito exigentes, buscam muito a qualidade. Penso que a experiência com as torneiras, de uma certa maneira, está mudando o modo como consumimos vinhos. Ficamos com mais vontade de conhecer rótulos, vinhos e regiões, podemos aproveitar mais a diversidade do mundo dos vinhos.
E&N - Nesses quatro anos de existência, dois deles foram em plena pandemia. Como a empresa conseguiu atravessar esse período (quais estratégias para não fechar o negócio)?
Jaqueline - Custos ajustados, negociação com fornecedores, equipe consciente. Neste período mantivemos o nosso pessoal, lançamos nosso delivery e almoço executivo, planejamos a frente, estruturamos mudanças que colocamos em prática quando foi possível. Quando a situação começou a normalizar, estávamos prontos.
E&N - Os consumidores passaram por um período de completa transformação em função da pandemia. De que forma essa mudança de perfil foi percebida pelo restaurante e quais medidas adotadas para atender aos novos anseios do público?
Jaqueline - Sempre seguimos os protocolos, e mantivemos todos durante mais tempo que a flexibilização. Nossa equipe segue usando máscaras, por exemplo. Mas sim, notamos que logo depois da reabertura, o cliente voltou com mais cautela, demorou um tempo para retomar os hábitos antigos. Essa mudança deu-se muito em função do lockdown e do home-office. O digital entrou com tudo na casa das pessoas e hoje faz parte do dia a dia. Mas com vida voltando ao normal, também notamos um anseio pela volta à vida nas ruas. Acho que ninguém aguentava mais, nota-se inclusive um número expressivo de abertura de novos bares e restaurantes. O que é muito bom na minha opinião. Uma das mudanças que implementamos na retomada, por exemplo, foi o início do serviço do almoço executivo de segunda a sexta.
E&N - Como é feita a escolha dos vinhos - o vinho nacional, em especial o gaúcho, tem boa aceitação do público?
Jaqueline - Nossos rótulos passam por curadoria, faço questão de participar ativamente nas escolhas, buscamos prestigiar pequenos produtores, vinícolas nem tão conhecidas, mas todas com muita qualidade. Mas também, claro, não deixamos de lado os grandes produtores, que abriram os caminhos. Os vinhos brasileiros estão cada vez melhores, e fazemos questão de ter vários deles diariamente em nossas torneiras. Os clientes pedem cada vez mais rótulos produzidos no Brasil.
E&N - Cada vez mais o cliente tem se interessado pela harmonização - descobrindo a melhor forma de combinar gastronomia e vinho. De que forma o restaurante trabalha essa questão?
Jaqueline - Harmonizar é uma forma de aproveitar o vinho mais intensamente, e as torneiras facilitam os testes e as provas, até descobrirmos nossa harmonização preferida. É comum vermos o cliente "brincar" de harmonizar, com várias taças combinando com cada prato. A partir disso criamos nosso Almoço Harmonizado aos sábados, quando oferecemos a possibilidade de o cliente degustar um menu já pensado para uma harmonização específica.
E&N - Qual o volume comercializado por ano nas torneiras?
Jaqueline - Cerca de 20 mil garrafas passam pelas nossas torneiras a cada ano, de mais de 500 diferentes rótulos. Em relação a público, podemos estimar entre 3,8 mil e 4,5 mil pessoas por mês.
E&N - Como está a presença da Dionísia no mundo digital?
Jaqueline - Temos nosso perfil no Instagram com uma grande interação com os clientes, e também o site, onde apresentamos a casa e nosso cardápio completo.
E&N: - Quais são os planos para 2023?
Jaqueline - Estamos estudando possibilidades tanto em Porto Alegre quanto na Serra.
E&N - Quais as lições aprendidas com a pandemia?
Jaqueline - Foram tantas, mas talvez conseguir manter um time (nosso pessoal) tenha sido o maior desafio. Também a importância na agilidade na tomada de decisões e a implementação das mesmas, sem nunca deixar cair aquilo que considero primordial no nosso negócio: a qualidade do produto e do serviço.