Empresa familiar, com 66 anos de mercado, a joalheria e ótica De Conto passa pelo segundo processo de preparação para a sucessão de gestores. A rede de 20 lojas é dividida em dois grupos, administrados pelos irmãos Ricardo e Fernando De Conto, filhos de um dos fundadores da marca. Ambos projetam que o futuro das diretorias das empresas passe para as mãos de uma terceira geração, formada por Rafael, Cristina e Juliana De Conto, do clã de Ricardo; e Fernanda e Renata De Conto, filhas de Fernando.
O método deve ser parecido ao aplicado com os atuais proprietários da rede (oito lojas são de Fernando e 12 são de Ricardo), que foram treinados pelos pais, Atílio e Giulita De Conto. “Nós dois iniciamos como office-boy e passamos por vários estágios da empresa”, recorda Fernando, emendando que, desde bebê, frequentava o “balcão da firma”. “Minha mãe me levava para a loja, dentro de uma cesta de vime”, diverte-se o gestor, que divide a direção da sua empresa com a esposa Vanise De Conto. Na época, o negócio ainda se chamava Joalheria De Conto, nome adotado a partir de 1951, por ocasião do falecimento de Alcides De Conto, primo e sócio de Atílio. A então única filial foi entregue à viúva de Alcides, Eny Fragoso, que fundou a Joalheria Rei, enquanto os pais de Fernando seguiram com o negócio original.
Hoje, a rede está entre os 100 maiores grupos de óticas do Brasil e, somando os dois grupos, a De Conto é uma das maiores empresas do ramo no Estado. Somente as oito lojas do núcleo de Fernando De Conto formam o quarto grupo mais forte do ramo no mercado gaúcho. E a promessa é de manter a expansão, a partir da futura abertura de novos shoppings na Capital.
Na empresa, os administradores procuram manter constantemente os estoques com diversas opções de modelos de óculos das principais marcas almejadas no País, incluindo ainda grifes importadas por fabricantes e distribuidores oficiais do mercado. Contando com cerca de 200 funcionários, o grupo familiar mantém o hábito de realizar treinamentos mensais com a equipe, e aposta na proximidade da diretoria com os colaboradores.
Também os investimentos em reformas são permanentes – o mais recente injetou R$ 100 mil na troca de móveis e ampliação do setor de lentes de contatos de uma das lojas. “Em breve, iremos padronizar o design de todas as nossas unidades”, adianta Fernando De Conto. Recentemente, o empresário também adquiriu quatro equipamentos visioffice, para auxiliar na venda de lentes de alta tecnologia. “Nossa empresa possui ainda três laboratórios de montagem para entrega rápida dos produtos”, emenda o gestor, lembrando que toda a estrutura visa ao conforto dos consumidores.
Quando abriu as portas, em 1948, o negócio fundado por Atílio e Alcides De Conto chamava-se Relojoaria Aliança. Localizada inicialmente em uma garagem na avenida Farrapos, em Porto Alegre, a empresa ficava praticamente na entrada da cidade, funcionando ao lado do Hotel De Conto, que também é da família. No início, as joias eram o principal produto – hoje representam 20% do negócio – e eram fornecidas por alguns representantes comerciais que se hospedavam no hotel ao lado da joalheria. “Muitos caixeiros viajantes entregavam as joias nas mãos do meu pai, só na base da confiança. Cobravam dois ou três meses depois”, conta Fernando.
Naquela época, os principais clientes eram famílias abastadas do Interior, que, quando de passagem pela Capital, se alojavam no hotel ao lado da relojoaria. Foi somente nos anos de 1960 que De Conto abriu duas filiais, uma na Benjamin Constant, que funcionou apenas naquela década, e outra na Assis Brasil. Mais tarde, no início dos anos de 1970, quando o mercado de óculos começou a expandir, o ramo da empresa mudou de foco.
Com o novo projeto, a rede passou a se chamar Joalheria e Ótica De Conto e iniciou a expansão, com novas filiais. Algumas lojas ganharam nome próprio: duas chamam-se Eurovisão, uma Eurótica e três são Ótica Cruzeiro.