Cavanhas chega aos 30 anos e diversifica produtos

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Um xis coberto por batatas fritas. A cena, tradicional em Porto Alegre, talvez seja a que melhor ilustre o Cavanhas, rede de restaurantes que completa 30 anos em 2014. Caso venha acompanhado por um pote de maionese caseira, então, fica ainda mais fácil de associar o lanche tipicamente gaúcho com o estabelecimento, hoje com sete unidades espalhadas por várias áreas da Capital e em Gravataí e com cerca de 100 funcionários.
O início da trajetória do Cavanhas, porém, tem raízes com a região do Vale do Taquari, mais especificamente, nesse caso, com o interior do município de Muçum. É de lá que saiu, na década de 1980, o fundador e proprietário da rede, Luiz Paulo Stürmer, para tentar a sorte na Capital, deixando para trás o estabelecimento mantido pela família. “O bar era bem tradicional, tinha bastante movimento, mas éramos meu pai, minha mãe e três irmãos. Não tinha como todo mundo viver do bar”, conta Stürmer, que tinha 20 anos de idade na época.
Junto com um sócio e contando com a ajuda da família e com o dinheiro da venda de uma moto, o comerciante tentou a sorte em uma lancheria adquirida de um amigo, localizada na avenida Borges de Medeiros. Sem sucesso na empreitada, Stürmer fez uma nova tentativa, dessa vez em um espaço localizado na avenida Loureiro da Silva – o local onde segue até hoje a loja mais antiga do Cavanhas.
“Eu trabalhava sozinho, fazia tudo. Enquanto eu achasse que poderia ter um cliente, ficava aberto”, conta Stürmer. O restaurante, nomeado em homenagem ao cavanhaque utilizado por um dos sócios, na época servia apenas alguns poucos sabores de xis, e, aos poucos, foi ganhando movimento. Com isso, entrou em cena o irmão de Luiz Paulo, Eli Antônio Stürmer, sócio do Cavanhas até hoje, que produzia os lanches enquanto o irmão atendia aos clientes.
Com o tempo, surgiram novas opções no cardápio – pratos feitos, petiscos, sorvetes e, principalmente, as pizzas, que atualmente rivalizam com os xis em vendas nos restaurantes. Já com a sociedade de mais um irmão, Silvano César Stürmer, na década de 2000 começou a expansão do Cavanhas, em que cada nova loja conta com um gerente com participação nas vendas. Hoje são mais dois restaurantes na Cidade Baixa, um na zona Norte, um em Gravataí e outros dois na zona Leste de Porto Alegre, ambos na avenida Barão do Amazonas, onde fica o mais recente deles, voltado apenas ao serviço de buffet ao meio-dia.
As principais características dos lanches do Cavanhas, porém, surgiram quase por acaso. O costume de servir as batatas fritas por cima do xis teve início em um dia em que faltaram pratos por conta do grande movimento, e a tradicional maionese é de uma despretensiosa receita familiar caseira introduzida no início da trajetória do estabelecimento. “Às vezes, acontece de algum cliente querer levar a maionese para casa, mas a gente pede educadamente para não levar pois não pode sair da loja por segurança”, conta o proprietário do estabelecimento, cuja única alteração na receita foi a introdução do ovo em pó, mais seguro.
A próxima aposta do Cavanhas, que começará em 2015, será uma nova linha de sorvetes, dessa vez de fabricação própria, que será vendida exclusivamente nos próprios restaurantes. “Nos negócios, além da vontade de trabalhar, da competência e uma outra série de coisas, você tem que ter sorte. Talvez estivéssemos no lugar certo e na hora certa”, relativiza Stürmer.

Relacionamento com os clientes é ponto forte da loja

Mesmo sendo a loja de me faturamento mais tímido do Cavanhas por ser menor do que as demais, a unidade localizada na Perimetral, mantida pelo fundador Luiz Paulo Stürmer desde 1984, ainda é ponto de encontro do comerciante com consumidores e amigos. “É uma coisa que ficou, tem cliente que vai ali há muito tempo”, comenta o empresário.
O proprietário conta que, há algum tempo, em visita à família em Muçum, teve de levar o filho ao hospital de Encantado, município próximo, onde achou o médico familiar. “Papo vai, papo vem, e descobrimos quem era quando ele disse ‘bah, mas eu me formei na Ufrgs, vivia no Cavanhas”, relembra o comerciante. “Essa loja da Perimetral tem muito disso, eu estou ali há 30 anos, isso facilita, cria vínculo, e não tem preço esse tipo de coisa, é muito legal.”
Stürmer também comenta que, por estar localizado em meio a dois hotéis, recebe muitos clientes de outros estados que não conhecem o xis e, depois do pedido, saem elogiando o lanche. “Seguido surge alguém dizendo ‘você tem que abrir em São Paulo, em Curitiba, vai ficar rico!’, mas a gente sabe que cada estado tem uma cultura, não é tão simples assim”, brinca.