Porto Alegre, quinta-feira, 22 de maio de 2025.
Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Porto Alegre, quinta-feira, 22 de maio de 2025.

Entrevista

- Publicada em 26 de Outubro de 2009 às 00:00

Com a palavra: Wilson Gomes de Andrade


Marco Quintana/JC
Jornal do Comércio
Tradicional fornecedora de semieixos e juntas homocinéticas para as montadoras de automóveis brasileiras e latino-americanas, a GKN do Brasil também sentiu os efeitos da crise que se abateu sobre o setor a partir do último trimestre de 2008. No entanto, apesar dos contratempos, a empresa não suspendeu seu plano de expansão, que prevê investimentos de R$ 250 milhões. O presidente da empresa, Wilson Gomes de Andrade, destaca as medidas tomadas para controlar as perdas sofridas com a queda do mercado automotivo, a reação causada pela redução do IPI e as perspectivas para o próximo ano. Pertencente ao grupo inglês GKN, líder mundial no fornecimento de sistemas e componentes de transmissão automotiva, a GKN do Brasil opera duas unidades industriais, instaladas em Porto Alegre e Charqueadas, e um escritório de vendas em São Paulo. A companhia conta com 1,5 mil funcionários, que produzem cerca de 6 milhões de semieixos e juntas. Os componentes destinam-se a todo os tipos de automóveis e veículos comerciais leves.

Tradicional fornecedora de semieixos e juntas homocinéticas para as montadoras de automóveis brasileiras e latino-americanas, a GKN do Brasil também sentiu os efeitos da crise que se abateu sobre o setor a partir do último trimestre de 2008. No entanto, apesar dos contratempos, a empresa não suspendeu seu plano de expansão, que prevê investimentos de R$ 250 milhões. O presidente da empresa, Wilson Gomes de Andrade, destaca as medidas tomadas para controlar as perdas sofridas com a queda do mercado automotivo, a reação causada pela redução do IPI e as perspectivas para o próximo ano. Pertencente ao grupo inglês GKN, líder mundial no fornecimento de sistemas e componentes de transmissão automotiva, a GKN do Brasil opera duas unidades industriais, instaladas em Porto Alegre e Charqueadas, e um escritório de vendas em São Paulo. A companhia conta com 1,5 mil funcionários, que produzem cerca de 6 milhões de semieixos e juntas. Os componentes destinam-se a todo os tipos de automóveis e veículos comerciais leves.

JC Empresas & Negócios - O segmento de autopeças foi fortemente atingido pela crise econômica que se iniciou no ano passado. Como a empresa se equilibrou durante o período mais agudo da crise?
Wilson Gomes de Andrade - A GKN do Brasil, nos três locais em que opera (Porto Alegre, Charqueadas e o escritório de vendas em São Paulo), implementou, com a concordância da grande maioria de seus funcionários, a redução de jornada, com a respectiva redução de salários, durante o período que se estendeu entre a segunda metade do mês de janeiro e a primeira metade do mês de abril de 2009. Em contrapartida, a empresa preservou os postos de trabalho. Não houve demissões, mas tivemos funcionários que saíram porque se aposentaram. Além disso, lançamos objetivos que, se atingidos, reembolsarão 75% da redução salarial ocorrida.
Empresas & Negócios - Como será realizado esse reembolso?
Andrade - Ele será em dinheiro, mediante o pagamento do nosso Plano de Participação nos Resultados (PPR). É um plano de metas que, uma vez atingido, os funcionários deverão ganhar uma espécie de bônus, que equivale mais ou menos a um décimo quarto salário. Esses recursos começarão a ser entregues a partir de janeiro de 2010.
Empresas & Negócios - Qual foi a reação da GKN à retomada do setor automotivo?
Andrade - As atividades estiveram bastante reduzidas nos últimos dois meses de 2008 e no primeiro trimestre de 2009. Tivemos uma queda de 58% e de 35%, respectivamente, quando comparada com a média em relação aos dez primeiros meses de 2008. A redução do IPI começou a mostrar seus efeitos a partir de março de 2009, com a atividade equilibrando-se à média de 2008 a partir do segundo trimestre deste ano. A primeira onda de recuperação foi enfrentada com a capacidade ociosa criada pela queda na demanda no primeiro trimestre. A partir de abril de 2009 a GKN do Brasil começou a aumentar o seu quadro de pessoal com um acréscimo de 10% aproximadamente no total de seus funcionários. Desde o início do segundo semestre já contratamos cerca de cem pessoas para nos ajudar na demanda corrente. Com isso, somadas as duas unidades gaúchas e o escritório de São Paulo, estamos mantendo 1,5 mil funcionários atualmente.
Empresas & Negócios - A demanda já está equilibrada em relação ao período anterior à crise?
Andrade - Nesse momento sim. A extensão do período de redução do IPI e a redução da taxa de juros foram catalisadores importantes no incentivo a vendas de novos veículos pela redução dos preços básicos e custos finais de financiamento de novos veículos.
Empresas & Negócios - As exportações da empresa foram afetadas?
Andrade - A GKN do Brasil não é uma grande exportadora. Já o foi no passado recente, quando chegamos a vender para o exterior 25% dos nossos volumes de produção de semieixos homocinéticos, mas a valorização da moeda brasileira em relação às principais moedas fortes do mundo tornou nosso produto menos competitivo. Os esforços internos, na melhoria da eficiência operacional, não foram suficientes para compensar essa perda significativa de competitividade. Para a GKN não houve grandes perdas a lastimar nem grandes recuperações a celebrar na área de comércio exterior. Nossas exportações são, basicamente, destinadas ao mercado argentino e americano. Exportamos também para o México e Colômbia. Em relação aos volumes, não temos perspectiva de recuperação dos níveis de exportação. Na realidade, deveremos observar um recuo em relação à média dos anos anteriores devido à queda de atividade nesses mercados.
Empresas & Negócios - Como a GKN do Brasil deverá fechar o ano de 2009?
Andrade - O faturamento deste ano deverá ser inferior ao de 2008, por uma série de pressões. Tivemos um começo de ano muito fraco em termos de atividade, e muito parecido com os resultados de 2008, cujo último trimestre foi de queda. Em termos de pessoas contratadas estamos com um número parecido com 2008, e ele deve se manter igual em 2010.
Empresas & Negócios - O mercado deve recuar em 2010 com a retirada gradual da isenção de IPI para carros?
Andrade - É difícil prever. As regras que regem a economia brasileira e os seus mercados nem sempre seguem as receitas ortodoxas. Muitas decisões tomadas dentro dos diversos agentes econômicos (governo, bancos, montadoras, capacidade de compra da população, entre outros) podem afetar e mudar drasticamente a situação. Imagina-se que a redução da taxa de juros poderia ser, por si só, um elemento importante para a manutenção das vendas dentro da média atual. Por outro lado, especula-se o fato de que quem queria trocar de veículo já o fez, aproveitando a onda do IPI reduzido. Como não estamos seguros do que vai acontecer a partir de janeiro, quando se encerra o prazo da redução do IPI, não podemos dizer que nossas atividades seguirão em ritmo de crescimento. Estamos operando com níveis adequados. Olhando o mercado com olhos conservadores, eu acredito que haverá uma pequena redução das atividades em 2010 em relação à segunda metade do ano de 2009. A demanda deve se manter em um patamar considerado bom, mas inferior ao que se estava assistindo até o final de setembro.
Empresas & Negócios - No caso da ampliação da General Motors no Estado, a empresa terá de investir para aumentar o fornecimento para as novas famílias de carros da unidade de Gravataí?
Andrade - A GKN do Brasil fornece os semieixos para os veículos GM montados em Gravataí. Parte dos planos agressivos de investimentos que implementamos nos anos de 2008 e 2009 foram realizados já prevendo a expansão da fábrica e da produção da GM em Gravataí. Estamos preparados para enfrentar esse crescimento. Algumas demandas pontuais estão contempladas nos planos de investimentos.
Empresas & Negócios - A empresa investirá para acompanhar o boom de crescimento que o País deve experimentar nos próximos anos?
Andrade - A GKN do Brasil executou um agressivo plano de investimentos nos dois últimos anos e tem hoje uma capacidade instalada capaz de atender à demanda dos nossos mercados nos próximos anos. Nosso projeto de expansão inclui investimentos da ordem de R$ 250 milhões na ampliação das fábricas de Porto Alegre (que já está concluída) e de Charqueadas. Nessa unidade, que ganhou mais 6 mil metros quadrados de área construída, está prevista uma expansão de mais 9 mil metros quadrados até 2010. Além disso, manteremos um programa de investimentos que gira em torno de R$ 30 milhões a R$ 40 milhões anuais para aprimorar segurança e saúde, qualidade e produtividade.
Empresas & Negócios - Que outras áreas vão receber atenção especial?
Andrade - Investimos pesadamente na reciclagem e reaproveitamento de materiais, acreditando em um compromisso com o meio ambiente e comunidade. Isso faz parte de nossos valores, ajudar para que nosso planeta seja mais saudável. Atualmente, atingimos um nível em que cerca de 99% de nossos resíduos são reciclados. Entre os trabalhos que desenvolvemos está a criação de um tijolo ecológico, utilizando o lodo residual de nossa Estação de Tratamento em Charqueadas.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO
0 comentários

A
250 caracteres restantes

notification icon
Gostaria de receber notificações de conteúdo do nosso site?
Notificações pelo navegador bloqueadas pelo usuário