Com um público de 188 mil visitantes e faturamento total de R$ 385 milhões, 24% acima do ano passado, chegou ao fim nesta sexta-feira (28), em Rio Pardo, a 23ª Expoagro Afubra. O desempenho entusiasmou a organização do evento, que no ano passado teve um dia a menos por conta de um temporal que causou danos no parque, e serve como parâmetro para a próxima edição.
Neste ano, com 216 expositores, o Pavilhão da Agricultura Familiar faturou 57% mais, chegando a R$ 2,3 milhões. O espaço, que tradicionalmente recebe grande movimento, repetiu a performance. Mas uma dificuldade também recorrente também surgiu, com alguns expositores referindo falhas no sinal de internet para a operação das máquinas para pagamento virtual com cartões de crédito e débito.
Na coletiva de balanço da feira, o presidente da Afubra, Marcilio Drescher, disse que iria dar atenção ao tema para 2026. E avaliou que a mostra também foi exitosa na definição da programação, com debates pertinentes sobre as dificuldades enfrentadas pelos produtores rurais, com palestras, seminários e outros eventos nos estandes.
O dirigente também observou que o tamanho da feira está adequado à proposta e que eventuais ampliações de espaços em determinados segmentos não são prioridade.
“Mais importante que aumentar a área para receber mais expositores é a qualidade dos serviços e produtos que temos aqui dentro. Queremos, antes, dar as melhores condições possíveis para as famílias expositoras que estarão trazendo seus produtos. E também oferecer o mesmo aos visitantes. Temos de ter cautela na hora de pensar em promover mudanças”, disse Drescher.
A data da próxima edição também já foi definida. A 24ª Expoagro Afubra ocorrerá de 24 a 27 de março de 2026.
Mudanças no Proagro e securitização pautam audiência pública na mostra
Pela manhã, a mostra foi palco de audiência pública da Câmara Federal, quando representantes do setor agropecuário e lideranças políticas reforçaram o apoio à aprovação urgente dos projetos que tramitam no Congresso Nacional para a securitização das dívidas dos produtores rurais e por mudanças no Proagro. A reunião foi proposta pelo deputado federal Heitor Schuch (PSB/RS), presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar.
Autor de duas propostas que ajustam o Proagro - uma sustando as resoluções do Banco Central que limitam o acesso ao programa, e outra modificando as atuais exigências, especialmente em relação ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) -, o parlamentar defendeu a adoção de medidas efetivas para devolver capacidade produtiva ao setor.
"O produtor não planta Proagro, planta sementes. Se o objetivo é combater fraudes, que se criem então mecanismos para isso, mas sem acabar com o seguro que é fundamental para as lavouras", afirmou Shuch, que também é coautor do projeto de lei da securitização.
Conforme dados da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS), as prorrogações de crédito rural oficial em 2024 chegaram a R$ 11,3 bilhões, enquanto o custeio contratado para a safra 2024/2025 somou R$ 14,8 bilhões, além dos R$ 2,3 bilhões de cooperativas. A soma totaliza um endividamento superior a R$ 28 bilhões, quadro agravado pelos últimos cinco anos de seca no Estado. O presidente da entidade, Carlos Joel da Silva, também pediu apoio à bancada gaúcha para garantir que os projetos do Proagro e da securitização sejam aprovados.
"Não é um favor aos agricultores, mas sim medidas urgentes de apoio. Chegamos a uma situação muito difícil no setor, e as duas coisas (securitização e Proagro) precisam andar juntas. O Pronaf precisa do Proagro. A securitização precisa acontecer. Mas se não for com 20 anos de prazo e com mudanças importantes no Proagro, não vai adiantar nada".
O dirigente da Fetag foi crítico ao avaliar a forma como o governo federal vem tratando a crise enfrentada pelos produtores rurais. Segundo ele, os ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa) e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) têm sido figurativos, e quem manda são o Banco Central e o Ministério da Fazenda. A entidade promete forte mobilização caso não haja avanços concretos nessas pautas até 15 de abril.
Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária do RS, o deputado estadual Elton Weber também enfatizou o apoio às iniciativas: “Na Assembleia Legislativa, 48 deputados assinaram o documento conjunto das entidades em favor do Proagro e da securitização. Precisamos que Brasília nos ouça, porque se não, daqui a um ano pode até ter Plano de Safra, mas milhares de agricultores não conseguirão acessar o seguro”.
Presente na audiência, a representante do Movimento SOS Agro, Graziele de Camargo, destacou que as propostas são essenciais para a sobrevivência dos agricultores.
"Precisamos de ações concretas que garantam a segurança financeira e a continuidade das atividades no campo".
A expectativa agora se volta para os próximos passos no Congresso Nacional, onde as propostas serão discutidas. O deputado Heitor Schuch relatou que está mobilizando esforços junto a outros parlamentares para buscar assinaturas e garantir o avanço desses projetos, demonstrando compromisso com a causa da agricultura familiar e a sustentabilidade do setor agropecuário gaúcho.