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Publicada em 26 de Março de 2025 às 19:07

Languiru projeta 2025 de crescimento, no embalo positivo do ano passado

Presidente liquidante Paulo Birck precisou adotar medidas drásticas para estancar a  crise na Languiru

Presidente liquidante Paulo Birck precisou adotar medidas drásticas para estancar a crise na Languiru

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
Embora o cenário ainda seja difícil, o ambiente mudou para melhor, e com tendência positiva para 2025. O contexto é da Cooperativa Languiru, com sede em Teutônia, que completa 70 anos em novembro e onde há quase dois anos eclodiu uma grave crise financeira e administrativa.
Embora o cenário ainda seja difícil, o ambiente mudou para melhor, e com tendência positiva para 2025. O contexto é da Cooperativa Languiru, com sede em Teutônia, que completa 70 anos em novembro e onde há quase dois anos eclodiu uma grave crise financeira e administrativa.
Com muito diálogo, transparência e trabalho, a gestão que assumiu em maio de 2023, após renúncia coletiva da diretoria anterior, vem reestruturando a empresa, quitando e renegociando dívidas e recuperando credibilidade, associados e parceiros. De quebra, credores de diferentes portes começaram a entender a nova proposta e a acreditar no projeto de retomada.
Assim, aos poucos, pouco mais de 10% da dívida bilionária da Languiru já foi quitada. E a performance contábil, que em dezembro de 2023 fechou com déficit de R$ 450 milhões, chegou ao final do ano passado com superávit de R$ 15 milhões.
“Quando assumimos a cooperativa, foi necessário tomar medidas muito duras, que causaram descontentamento e apreensão em parte dos associados. Ainda precisamos manter essa postura diante de diversas situações. Mas conseguimos, rapidamente, fazer uma guinada no rumo e já podemos colher alguns resultados animadores”, explicou nesta quarta-feira (26) o presidente-liquidante Paulo Roberto Birck, em visita ao Jornal do Comércio, onde foi recebido pelo diretor-presidente Giovanni Jarros Tumelero. 
Com cerca de 5,5 mil associados e uma perspectiva iminente de quebra, a saída foi entrar em liquidação extrajudicial, 77 dias após a entrada da nova gestão, para proteger o patrimônio e ganhar tempo para se reestruturar. A virada passou, entre outros, pela saída de segmentos deficitários, como o ramo de supermercados, postos de combustíveis e farmácias. E também pela interrupção dos abates de suínos, o que deixou centenas de produtores associados sem parte importante de suas rendas. E, mesmo parado há cerca de um ano e meio, o Frigorífico de Suínos de Poço das Antas gerou R$ 15 milhões em prejuízo em 2024.
O êxito nos movimentos da administração, alicerçada por uma equipe profissionalizada, permitiu estabelecer uma nova relação com os 2,9 mil credores. E conquistar importantes e fortes parceiros comerciais, como a JBS, e redesenhar os moldes do negócio com a Lactalis.
Felizmente, os segmentos em que decidimos continuar atuando, como o de laticínios, o frigorífico de aves e a fábrica de rações, estão em um momento positivo, tendo encontrado o ponto de equilíbrio em outubro passado. Nesse contexto, vemos 2025 como um ano promissor, com operações praticamente a pleno”, projeta o dirigente.
A Languiru, que negocia desde o segundo semestre de 2023 a venda do Frigorífico de Suínos com a JBS, acredita que a operação possa finalmente avançar, a partir da construção de um novo desenho para o negócio.
Nosso foco continua sendo a venda para a JBS, que já é nossa parceira no segmento de aves. Precisamos encontrar uma solução para colocar aquela estrutura em funcionamento e devolver essa oportunidade a 220 produtores que estão parados”, observou Birck.
A ideia também é negociar todos os ativos sem perspectiva de serem utilizados em curto e médio prazo. E, com o dinheiro arrecadado, dar sequência ao processo de recuperação. O ambiente positivo, ainda que a situação da cooperativa continue grave, permite projetar que o plano de pagamento de todos os credores se concretize em cerca de 10 anos. Ou menos. Conforme a Languiru, 72% dos 2,9 mil credores têm créditos de até R$ 25 mil e totalizam R$ 14 milhões. Credores de até R$ 75 mil somam 87% do total. E apenas 2% têm os maiores valores a receber.
Pretendemos resolver a situação com os menores, dar tranquilidade a eles. E então tratar com os grandes credores, cujo diálogo é diferente, com outra visão, linguagem e argumentos”.
A cooperativa não projeta qual será o resultado financeiro para este ano. Mas pretende ampliar 10% a captação de leite, chegando a 100 milhões de litros por ano. Também quer passar de 25 mil frangos abatidos por dia para 40 mil aves diariamente. E fazer a fábrica de ração manter a curva de crescimento nas vendas.
A cooperativa completa 70 anos em 2025. Mas, a partir da crise, precisou se renovar, rejuvenescer, se profissionalizar. É um caminho sem volta para quem quiser se manter no negócio e no mercado”, completou Paulo Birck.

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