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Publicada em 25 de Março de 2025 às 15:56

Expoagro Afubra é aberta com pedidos de apoio e críticas ao governo

Fumicultura mostra resiliência, mas é alvo de discriminação por parte do governo federal, disse Marcilio Drescher

Fumicultura mostra resiliência, mas é alvo de discriminação por parte do governo federal, disse Marcilio Drescher

AFUBRA/DIVULGAÇÃOJC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
A defesa à produção de tabaco e a valorização da atividade como uma das mais importantes para a economia do Rio Grande do Sul dividiram, nesta terça-feira (25), em Rio Pardo, espaço com fortes crítica e pedidos de apoio ao agronegócio gaúcho por parte do governo federal. Durante a solenidade de abertura da 23ª Expoagro Afubra, na localidade de Rincão del Rey, representantes do setor e parlamentares estaduais e federais, além do vice-governador Gabriel de Souza, destacaram as dificuldades econômicas enfrentadas pelos produtores rurais e a necessidade de o Estado receber atenção especial da União.
A defesa à produção de tabaco e a valorização da atividade como uma das mais importantes para a economia do Rio Grande do Sul dividiram, nesta terça-feira (25), em Rio Pardo, espaço com fortes crítica e pedidos de apoio ao agronegócio gaúcho por parte do governo federal. Durante a solenidade de abertura da 23ª Expoagro Afubra, na localidade de Rincão del Rey, representantes do setor e parlamentares estaduais e federais, além do vice-governador Gabriel de Souza, destacaram as dificuldades econômicas enfrentadas pelos produtores rurais e a necessidade de o Estado receber atenção especial da União.
Iniciado com uma hora de atraso em relação ao cronograma original, o ato foi marcado pela exaltação à fumicultura como ferramenta que garante renda a mais de 66 mil famílias produtoras e responde pela segunda maior commoditie vegetal no ranking gaúcho de exportações. O presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Marcilio Drescher, salientou também a importância da diversificação de culturas nas pequenas propriedades rurais, bem como o desenvolvimento sustentável, que classificou como “imprescindível”.
Mas ressaltou que, além da exposição de tecnologias avançadas, a mostra será, ao longo de quatro dias, espaço para debater e cristalizar o sentimento de apreensão dos agricultores em relação aos problemas e dificuldades enfrentadas. Drescher se referia às sucessivas estiagens e enchentes dos últimos anos, que devastaram lavouras e cidades inteiras no Estado.
Não queremos esmola, mas o direito e produzir com mais segurança e estabilidade. Precisamos de ações que ajudem a enfrentar adversidades como catástrofes. Temos mostrado resiliência, mas somos alvo de discriminação por parte do governo federal em relação à atividade fumageira”, disse o dirigente.
O presidente da Afubra também criticou medidas adotadas pelo Executivo federal como a importação de produtos alimentícios como manobra para tentar reduzir os preços ao consumidor, em vez de rever e reduzir a tributação sobre a produção nacional, o que permitiria aumentar a competitividade do setor.
O deputado estadual Edivilson Brum (MDB), foi direto ao ponto ao defender a securitização das dívidas do setor. Segundo ele, é necessário que a União apoie os produtores rurais gaúchos, suspendendo e alongando o prazo de pagamento dos financiamentos para que eles possam acessar novos recursos e seguir produzindo alimentos.
O parlamentar ressaltou ainda que a revisão dos critérios e condições para o acionamento do Proagro e do seguro agrícola é uma questão de sobrevivência.
Em meio à toda crise climática que temos vivenciado, o seguro rural é uma questão de sobrevivência. Uma política agrícola robusta exige estratégias de mitigação e transferência de risco e, portanto, um seguro rural forte. Todos os produtores rurais do nosso estado precisam estar financeiramente resguardados”.
Brum também alertou para a importância de estar atentos às novas tecnologias e tendências do mercado, como o tabaco aquecido e os cigarros eletrônicos (vapes), embora defenda também a substituição gradual da cultura e a diversificação, por conta da queda do consumo.
“É fundamental que o setor se adapte a essas mudanças. Milhões de brasileiros consomem o cigarro eletrônico sem saber da sua procedência e dos seus potenciais danos à saúde. A falta de controle fitossanitário segue prejudicando a população. É preciso que haja a regulamentação desses produtos no Brasil, com um controle adequado por parte das autoridades competentes”, acrescentou.
Representado a Câmara dos Deputados, Marcelo Moraes (PL/RS) igualmente criticou a postura adotada pelo governo federal em relação à cadeia do tabaco. Afirmou que os fumicultores são perseguidos por agentes do governo federal e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). E lembrou que na Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (COP 10) realizada em fevereiro do ano passado, no Panamá, o envio de uma comitiva gaúcha permitiu, ainda que com dificuldades, negociar e barrar a adoção de medidas prejudiciais ao setor.
Moraes pediu que a participação brasileira na COP 11, que ocorrerá de 17 a 22 de novembro, em Genebra, na Suíça – país-sede da OMS –, não seja “entregue a um Conic (Comissão Nacional pra Implementação da Convenção-Quadro) contaminada por ongs antitabagistas”.
Por fim, representando o governador Eduado Leite, o vice, Gabriel de Souza, ressaltou que o setor tem apoio do governo gaúcho. E que por isso o então secretário de Desenvolvimento Rural, Ronaldo Santini, foi enviado à COP 10.
Souza elogiou os produtores gaúchos, que, mesmo com a ocorrência de eventos climáticos adversos, teve aumento de área e de produção. E garantiu que a preocupação com os efeitos do clima sobre o agronegócio está sobre a mesa do governo.
O produtor rural gaúcho não pode ser tratado como os dos demais estados brasileiros. O País tem uma safra de verão recorde, o que é ótimo. Mas o RS, 3º maior produtor de grãos, registra quebra de mais de 44% da produção em alguns municípios. Estamos localizados em uma área mais suscetível a eventos climáticos extremos, que continuarão acontecendo. E precisamos estar mais preparados. As mudanças climáticas – secas e enchentes em sucessão - exauriram a capacidade de crédito do produtor gaúcho. São problemas severos para a continuidade da atividade rural”.
Gabriel de Souza enfatizou que o RS precisa de tratamento especial porque há uma “especialidade acontecendo no Estado”. E, além de reforçar o pedido pela renegociação das dívidas, com prazo e juros compatíveis com a atividade, ressaltou a necessidade de olhar para o futuro, referindo-se ao programa Supera Estiagem, do governo do Estado, que subsidia até 20% dos valores dos projetos, limitados a R$ 100 mil por produtor.
Temos de nos preparar para ser mais resilientes às mudanças do clima, com mais áreas irrigadas, na pequena ou na grande propriedade. Haverá mais eventos como esses. Temos investido em protocolos, tecnologias, radares meteorológicos e outras medidas”, concluiu.

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