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Publicada em 19 de Março de 2025 às 18:39

RS foi o único com números negativos no abate bovino e de aves em 2024

Somente 10% dos animais abatidos no RS têm carne exportada, contra 30% na média do País

Somente 10% dos animais abatidos no RS têm carne exportada, contra 30% na média do País

Grupo Pitangueira/Divulgação/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
O Rio Grande do Sul foi o único estado brasileiro com performance negativa no abate de bovinos em 2024, conforme pesquisa divulgada pelo IBGE. Enquanto os números nacionais tiveram alta de 15,2%, com recorde de 39,2 milhões de animais mortos sob algum tipo de serviço de inspeção sanitária, no RS a diminuição foi de 3,5%. O RS também teve desempenho ruim no segmento de aves, mas registrou o dobro do percentual de abates de suínos do País.
O Rio Grande do Sul foi o único estado brasileiro com performance negativa no abate de bovinos em 2024, conforme pesquisa divulgada pelo IBGE. Enquanto os números nacionais tiveram alta de 15,2%, com recorde de 39,2 milhões de animais mortos sob algum tipo de serviço de inspeção sanitária, no RS a diminuição foi de 3,5%. O RS também teve desempenho ruim no segmento de aves, mas registrou o dobro do percentual de abates de suínos do País.
A queda no número de bovinos abatidos foi de 153,5 mil cabeças na comparação com o ano anterior. E, para 2025, a tendência não é muito diferente, avalia o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do RS (Sicadergs), Ladislau Böes. Segundo o dirigente, as recentes estiagens têm reduzido a oferta de gado pronto para abate. E, no ano passado, as enchentes de maio atrasaram a formação e pastagens, em outro fator que interferiu na comercialização de animais.
Além disso, no restante do País, cerca de 30% dos animais abatidos têm a carne exportada. Mas aqui, apenas 10% do total é vendido ao mercado externo. E com a queda do poder aquisitivo da população, inclusive afetada pelas cheias, o consumo também diminui”, diz Böes.
Para ele, apesar de ter havido uma certa retomada nos preços do boi gordo e da carne a partir de setembro do ano passado, o momento atual é de estabilidade nas cotações, com tendência de leve queda, em sinal de um mercado pouco aquecido no Rio Grande do Sul.
Foram 1,94 milhão de cabeças abatidas no RS em 2024, conforme registro do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa). Na avaliação do presidente, Rogério Kerber, as exportações de carne bovina do RS vêm em queda livre. Se em 2022 foram 46,9 mil toneladas, no ano seguinte o número foi reduzido para 33,9 mil toneladas. E, em 2024, novo tombo para 30,3 mil toneladas.
Há menos disponibilidade de animais para abate. E também os embarques de animais vivos, para serem abatidos nos países de destino, estão crescendo. Isso afeta a atividade no Rio Grande do Sul. Para este ano, há uma previsão de que Cingapura faça um forte movimento de compra de gado gaúcho e brasileiro. Mas projeto um ano menos complicado para o setor".
Kerber aponta ainda o avanço do cultivo de grãos, especialmente soja, na zona sul do Estado como outro aspecto a reduzir as áreas de pecuária e a oferta de bovinos. Segundo ele, o que tem segurado o crescimento ainda maior da oleaginosa na região Sul são justamente os bolsões de estiagem a desafiar os produtores.
Na suinocultura, porém, a situação é mais “confortável”, avalia o dirigente. Kerber, que acumula o cargo de diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS (Sips), lembra que os abates no Estado aumentaram 2,5% em 2024, com 10,19 milhões de animais. O crescimento foi o dobro do registrado na média nacional, que totalizou recorde de 58,7 milhões de cabeças. Isso sem falar nos 1,17 milhão de suínos criados em municípios do norte do RS que foram transportados para plantas frigoríficas de empresas estabelecidas em Santa Catarina e no Paraná.
“As Filipinas foram, no ano passado, o maior destino da carne suína brasileira. Para 2025, as exportações deverão ser excepcionais. Esperamos a abertura do mercado chinês para miúdos e carne com osso. E, ainda no primeiro semestre, a habilitação de empresas gaúchas para exportar ao Japão. Agora, também acompanhamos os desdobramentos da guerra de tarifas entre Estados Unidos e China, que pode abrir novas oportunidades para os nossos produtos”.
Já o segmento de aves, que abateu 6,46 bilhões de cabeças no ano passado no País, alta de 2,7% sobre 2023, teve dificuldades no RS. O estado também foi o único com performance de queda. A atividade foi a mais atingida pelas enchentes, porque grande parte das indústrias e dos produtores integrados estão localizados nos vales do Taquari e do Rio Pardo, assim como na Serra, justamente por onde passaram as inundações.
Ainda assim, entendo que o desempenho foi razoável, diante das circunstâncias”, completa Kerber.

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