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Publicada em 19 de Março de 2025 às 12:03

Qualidade é destaque em safra de uvas estimada em 700 mil toneladas

Cooperativa Vinícola Aurora, em Bento Gonçalves, deve processar 71,6 milhões de quilos de uva nesta safra

Cooperativa Vinícola Aurora, em Bento Gonçalves, deve processar 71,6 milhões de quilos de uva nesta safra

ZÉTO TELÖKEN/COOPERATIVA AURORA/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
Com agências
Com agências
Além do aumento na produção gaúcha de uvas destinadas à produção de sucos, vinhos e espumantes, em relação a 2024, o que se verifica na atual safra é a alta qualidade das frutas. Com a colheita já encerrada, o volume é estimado em até 700 milhões de quilos.
Se confirmada, será uma das maiores das últimas décadas, ficando 45% acima da safra anterior, que chegou a 480 milhões de quilos. São uvas livres de doenças, com graduação ótima de açúcar, apontando para a produção de excelentes bebidas, destaca o coordenador da Comissão Interestadual da Uva, Ricardo Pagno.
LEIA MAIS: Vinícolas familiares do RS apostam na produção de vinhos finos

Porém, o que ainda não está definido são os preços pagos ao produtor.

“Por incrível que pareça, ainda temos essa situação em aberto. Mas o que vem sendo sinalizado são valores entre R$ 2,00 e R$ 2,20 pelo quilo da uva Bordô, dependendo da cooperativa e do prazo de pagamento. E entre R$ 1,80 e R$ 2,00 para a Isabel. Havia uma certa apreensão, porque se falava em preços de tabela, mas acabou ficando um pouco melhor”, observa Pagno.

Somente a Cooperativa Vinícola Aurora, com sede em Bento Gonçalves, deve processar mais de 10% de toda a produção do Estado. Entre o final de dezembro e a primeira quinzena de março, 71,6 milhões de quilos foram entregues pelas 1,1 mil famílias cooperadas, contra 50,3 milhões de quilos no ano passado. O volume só perde para 2021, quando a quantidade obtida chegou a 90 milhões de quilos, um recorde histórico.

Além de recuperar as perdas do último ano, quando houve uma quebra de 28,6%, a colheita de 2025 também foi marcada pela qualidade da matéria-prima. Desde o cultivo no campo até a chegada aos três pontos de recebimento da cooperativa, as uvas apresentaram excelente nível de açúcar (grau babo), sanidade e outros parâmetros técnicos que garantem a elaboração de produtos de excelência.

O gerente Agrícola da Aurora, Maurício Bonafé, destaca variedades americanas e híbridas, como a BRS Magna, Bordô e Isabel. Segundo ele, tanto em cor, como em grau brix, que é a concentração de açúcar natural da fruta, a matéria-prima colhida está nas condições perfeitas para a elaboração de sucos integrais, responsáveis por 60% das vendas da cooperativa.

Neste ciclo tivemos uma boa combinação entre as condições climáticas em todas as etapas do cultivo. Tivemos a antecipação da maturação de algumas variedades, mas todas elas apresentaram um grau de açúcar muito bom e uma cor excelente, que são duas características fundamentais para o suco de uva integral, elaborado apenas com a fruta”.

Além disso, as uvas vitis vinífera, que dão origem aos vinhos finos e espumantes, também se apresentaram com ótima qualidade. O enólogo-chefe da Aurora, Nauro Morbini, destaca as variedades tintas Merlot, Tannat e Cabernet Franc e também uvas brancas, como Chardonnay, Riesling e Trebbiano.

Foi uma safra muito boa, tanto para a produção de vinhos mais jovens, que chegarão ao mercado ainda neste ano, como para rótulos com potencial de guarda. Temos uvas que chegaram na cantina entre 19 até 23 de grau brix, o que permite elaborar vinhos de excelente qualidade e com a tipicidade da Serra Gaúcha”, acrescenta.

Produtor na localidade 40 da Leopoldina, em Bento Gonçalves, Mauri Giordani, 52 anos, colheu 200 mil quilos de uvas viníferas nos sete hectares da família, 38 mil a mais na comparação com a safra 2024.
“É o resultado de um trabalho do ano todo que culmina com a safra, e neste ano ela foi excelente para nós. Em algumas variedades, como a Merlot e a Riesling, conseguimos um grau de açúcar muito bom, o que nos deixa felizes porque estamos fazendo a nossa parte para que a cooperativa elabore vinhos com uma qualidade muito boa. Todos saem ganhando”, comemora.

Para poder colher um volume maior, Giordani fez um planejamento que incluiu a poda escalonada, a diversificação de variedades e o auxílio da própria família no período inicial da vindima.
Esse cuidado começa bem antes da safra, lá nos meses de julho e agosto, quando fizemos a poda já pensando em intervalos para conseguirmos colher as uvas com a melhor qualidade possível. Para isso, é muito importante o trabalho da equipe agrícola da cooperativa, que acompanha os associados durante todo o ano”, garante.


Investimentos rumo à safra dos 95 anos
O presidente do Conselho de Administração da Cooperativa Vinícola Aurora, Renê Tonello, lembra que ainda antes do término de uma safra é preciso planejar a próxima. O presidente, que é viticultor cooperado e produz uvas para suco, antecipa que estão previstos investimentos em equipamentos para o recebimento da matéria-prima e também para o envase de produtos.

Devemos ter um aporte de R$ 25 milhões em equipamentos e melhorias em processos. Entre as maiores aquisições estão 25 tanques de estabilização e refrigeração automáticos, o que diminuirá em 95% os espaços confinados na unidade industrial Vinhedos. São investimentos importantes que faremos, sempre ouvindo os associados e com um planejamento que inclui, entre outras novidades, a ampliação da unidade do Vale dos Vinhedos”, valoriza Tonello.

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