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Publicada em 14 de Março de 2025 às 18:10

Produtores gaúchos pressionam Congresso Nacional a aprovar securitização das dívidas

Desde 2020, 40,6 milhões de toneladas de grãos foram perdidas no Estado por conta de eventos climáticos extremos, diz economista-chefe da Farsul

Desde 2020, 40,6 milhões de toneladas de grãos foram perdidas no Estado por conta de eventos climáticos extremos, diz economista-chefe da Farsul

TÂNIA MEINERZ/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
Grandes, médios e pequenos produtores rurais gaúchos deram prazo até 1º de maio para que o Congresso Nacional aprove os projetos de lei que tramitam nas duas casas legislativas tratando da securitização das dívidas do setor. E prometem ir às ruas caso a demanda não seja atendida. O aviso foi dado nesta sexta-feira (14), durante o Ciclo de Palestras e Debates do Senado Federal, realizado na Expodireto Cotrijal.
Grandes, médios e pequenos produtores rurais gaúchos deram prazo até 1º de maio para que o Congresso Nacional aprove os projetos de lei que tramitam nas duas casas legislativas tratando da securitização das dívidas do setor. E prometem ir às ruas caso a demanda não seja atendida. O aviso foi dado nesta sexta-feira (14), durante o Ciclo de Palestras e Debates do Senado Federal, realizado na Expodireto Cotrijal.
Em resumo, o agronegócio jogou o problema no colo dos parlamentares, sem esquecer que, se o governo federal vetar os textos, passará a ser o alvo principal. Articulador do encontro, o senador Luis Carlos Heinze (PP/RS), autor do PL 320/2025, abriu a sessão pedindo um tom conciliador em relação à classe política e a União, em busca de solução definitiva para o problema do endividamento. Mas reconheceu:
Governos não agem, reagem à pressão. Os produtores têm contas vencendo e precisamos de um prazo até a aprovação do PL”, afirmou o senador.
A produtora rural Luciane Agazzi, de Candiot, endossou a cobrança e deixou um aviso: “Temos as maiores máquinas e, se necessário, ocuparemos as ruas. Até 1º de maio, esperamos a aprovação do PL do Heinze”, afirmou.
O cenário da crise foi desenhado em uma breve apresentação feita pelo economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antonio da Luz. Ele mostrou que, desde 2020, 40,6 milhões de toneladas de grãos foram perdidas no Estado por conta de eventos climáticos extremos.
Isso é mais que uma safra inteira, totalizando R$ 117 bilhões, em números atualizados. Somente com a soja, foram mais de 10 milhões de toneladas perdidas. A economia do RS deixou de gerar R$ 319,2 bilhões em termos de PIB, o que equivale a 49% do PIB de 2023. E nem estamos falando das perdas na atual safra, que já estão acontecendo e devem chegar a pelo menos 9,3 milhões de toneladas”, descreveu da Luz.
Durante o evento, um documento de apoio à proposta recebeu diversas assinaturas. Heinze reforçou a necessidade de pressão sobre o governo para garantir uma resolução que prorrogue o pagamento das dívidas do setor pelos próximos meses. Assim como ele, o deputado federal Pedro Westphalen, do mesmo partido, é autor do PL 341/2025 na Câmara dos Deputados. E renovou a ideia de superar diferenças ideológicas e construir uma base de sustentação para um “projeto robusto”, referindo-se ao esforço de mobilização pela aprovação dos projetos.
Com o auditório lotado, uma multidão se aglomerou na área externa para acompanhar o evento por telões. Foi a forma de o agronegócio mostrar união em torno da causa comum de grandes produtores, médios e pequenos. Inclusive em manifestações de agricultores assentados a reforma agrária.
“Esse é um movimento apartidário que fazemos. Porque se o produtor rural vai mal, o País também vai. Em cinco anos enfrentamos três secas, duas enchentes e agora, outra estiagem. E a dívida do produtor está nos bancos, no crédito livre, nas cerealistas, nas cooperativas e nas indústrias. Fala-se em uma grande safra nacional. Mas no RS a situação é bem diferente”, disse o presidente da Cotrijal, Nei César Mânica.
O deputado federal Heitor Schuch (PSB/RS), presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar, e o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no RS (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, enfatizaram a importância da securitização, mas ressaltaram que é preciso também rever a questão do Proagro e do seguro rural.
O problema do produtor rural é problema da sociedade. Cada quilo de alimento não produzido é um emprego a menos. As entidades estão alinhadas. Queremos securitização, com 20 anos para pagar, com juros compatíveis com a atividade. E um seguro e um Proagro decentes, para não precisarmos mais lutar por securitização”, resumiu o dirigente da Fetag.
Ao final, uma carta assinada por parlamentares federais e estaduais, pelo vice-governador Gabriel de Souza e representantes de entidades do agronegócio foi consolidada. O documento será encaminhado aos ministérios da Fazenda, da Agricultura e do Desenvolvimento Rural e Reforma Agrária com um pedido de encontro na próxima semana.

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