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Publicada em 19 de Fevereiro de 2025 às 17:54

Déficit de armazenagem é minimizado pelas quebras nas safras do RS

Se a safra-ano gaúcha fosse cheia, 40% da safra poderia ficar sem armazenagem adequada

Se a safra-ano gaúcha fosse cheia, 40% da safra poderia ficar sem armazenagem adequada

ELIPAL/DIVULGAÇÃO/JC
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Bárbara Lima
Bárbara Lima Repórter
Apesar do crescimento na capacidade de armazenagem no Brasil, que atingiu 222,3 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2024—um aumento de 5,4%, segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)—, o déficit em relação a produção ainda é uma realidade. A situação se agrava diante da previsão de safra recorde de grãos feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estimada em 325,7 milhões de toneladas de grãos para 2024/25. No Rio Grande do Sul, estado com o maior número de estabelecimentos de armazenagem (2.444), a capacidade total é de 35 milhões de toneladas, que não é a maior do país, ficando atrás do Mato Grosso. Somente a safra de grãos de verão deste ano está estimada em 35,07 milhões de toneladas, embora a estiagem deva trazer quebras. Por outro lado, em uma safra-ano cheia, de acordo com o presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Rio Grande do Sul (Acergs), Roges Pagnussat, o estado consegue armazenar apenas cerca de 60% da produção. "O problema da armazenagem tem sido mascarado pelas intempéries, que impedem safras cheias e fazem com que a gente consiga armazenar. Mas, se tivéssemos uma safra cheia, o déficit seria de cerca de 40%", disse Pagnussat. Segundo Fábio Rodrigues, diretor vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), um dos principais fatores para esse cenário é o aumento da produtividade das culturas, que não acompanha os investimentos em armazenagem. "Grande parte da safra acaba ficando em caminhões. Existe um déficit até chegarmos ao equilíbrio, até porque o crédito não é acessível e, para investir em armazenagem, é preciso disponibilidade financeira", considerou Rodrigues. Ele também destacou que, além do investimento, outros fatores influenciam a armazenagem, como energia, equipamentos e a infraestrutura logística, incluindo modais ferroviários, rodoviários e hidroviários. "Não é tão simples quanto parece", refletiu o diretor vice-presidente da Farsul.Para Pagnussat, a falta de estrutura adequada penaliza os produtores com um "prêmio negativo" na hora do escoamento, pois a safra sobrecarrega os portos. "O escoamento precisa ser rápido, o que demanda mais espaço. São mais dias com navios esperando e menos tempo para o produtor. Imagine o custo de um navio parado por 30, 60 dias. Com isso, deixamos de ter prêmios positivos", explicou. Ele defende que a armazenagem seja considerada nas políticas públicas. "A armazenagem retém a produção, e isso é bom para o mercado, principalmente o internacional. Podem ser praticados preços mais justos, o que significa mais Produto Interno Bruto (PIB)", ponderou Pagnussat.
Apesar do crescimento na capacidade de armazenagem no Brasil, que atingiu 222,3 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2024—um aumento de 5,4%, segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)—, o déficit em relação a produção ainda é uma realidade. A situação se agrava diante da previsão de safra recorde de grãos feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estimada em 325,7 milhões de toneladas de grãos para 2024/25.

No Rio Grande do Sul, estado com o maior número de estabelecimentos de armazenagem (2.444), a capacidade total é de 35 milhões de toneladas, que não é a maior do país, ficando atrás do Mato Grosso. Somente a safra de grãos de verão deste ano está estimada em 35,07 milhões de toneladas, embora a estiagem deva trazer quebras. Por outro lado, em uma safra-ano cheia, de acordo com o presidente da Associação das Empresas Cerealistas do Rio Grande do Sul (Acergs), Roges Pagnussat, o estado consegue armazenar apenas cerca de 60% da produção.

"O problema da armazenagem tem sido mascarado pelas intempéries, que impedem safras cheias e fazem com que a gente consiga armazenar. Mas, se tivéssemos uma safra cheia, o déficit seria de cerca de 40%", disse Pagnussat.

Segundo Fábio Rodrigues, diretor vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), um dos principais fatores para esse cenário é o aumento da produtividade das culturas, que não acompanha os investimentos em armazenagem. "Grande parte da safra acaba ficando em caminhões. Existe um déficit até chegarmos ao equilíbrio, até porque o crédito não é acessível e, para investir em armazenagem, é preciso disponibilidade financeira", considerou Rodrigues.

Ele também destacou que, além do investimento, outros fatores influenciam a armazenagem, como energia, equipamentos e a infraestrutura logística, incluindo modais ferroviários, rodoviários e hidroviários. "Não é tão simples quanto parece", refletiu o diretor vice-presidente da Farsul.

Para Pagnussat, a falta de estrutura adequada penaliza os produtores com um "prêmio negativo" na hora do escoamento, pois a safra sobrecarrega os portos. "O escoamento precisa ser rápido, o que demanda mais espaço. São mais dias com navios esperando e menos tempo para o produtor. Imagine o custo de um navio parado por 30, 60 dias. Com isso, deixamos de ter prêmios positivos", explicou.

Ele defende que a armazenagem seja considerada nas políticas públicas. "A armazenagem retém a produção, e isso é bom para o mercado, principalmente o internacional. Podem ser praticados preços mais justos, o que significa mais Produto Interno Bruto (PIB)", ponderou Pagnussat.

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