Pelo menos 50% dos agricultores do Rio Grande do Sul já tiveram perdas representativas em sua produção neste ano em razão da estiagem que atinge o território gaúcho. O levantamento é do movimento SOS Agro. Os prejuízos variam conforme a região do Estado, mas chegam a 30% e até 60% de quebra da safra em alguns casos.
A presidente do SOS Agro, Grazi Camargo, afirma que o quadro é desolador em diversas regiões gaúchas, como nas regiões Nortes, Oeste e Central. Ela cita a Região das Missões, além de municípios como Restinga Sêca (Região Central) Bagé (Região da Campanha) e São Gabriel (Fronteira Oeste).
"O gado está morrendo de fome e sede. Temos lavouras queimadas e produtores rurais sem saber como vão pagar suas dívidas", destaca Grazi. Segundo a dirigente do SOS Agro, nesse momento, a curto prazo o que resolveria a situação seria a suspensão das dívidas dos agricultores pelo governo federal. "Não temos como quitar nossas dívidas porque não estamos produzindo nada em função da estiagem que atinge o Estado."
Segundo Grazi Camargo, o ideal para os agricultores é que a União concedesse um prazo maior para o pagamento das dívidas, pelo menos 20 anos, com juros baixos. "O produtor rural está impactado por quatros anos seguidos de safras frustradas em razão da estiagem. E ainda tivemos a enchente de 2024. Ou seja, não conseguimos fazer a reconstrução", ressalta.
Nesta segunda-feira (10), haverá uma reunião em Porto Alegre de agricultores ligados ao SOS Agro com o senador gaúcho Luis Carlos Heinze (PP) para tratar sobre a estiagem no Rio Grande do Sul.
O produtor rural Everton Kremer, de Feliz, disse que tem recebido relato de agricultores de diversas regiões do Estado que estão com falta de água em suas propriedades e que o gado está morrendo de fome e sede. "Temos situações em que os açudes secaram e produtores não tem água", acrescenta.
Segundo Kremer, a situação está complicada em 2025 porque as temperaturas estão muito elevadas o que acaba por contribuir para perdas na lavoura e na pecuária. "Nunca tínhamos presenciado tamanho estrago na produção de soja, milho e na pecuária gaúcha", destaca.
O economista da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, diz que os efeitos que as estiagens tiveram sobre a produção gaúcha nos últimos quatro anos foram muito severos. O economista lembra que os impactos econômicos das estiagens resultaram em um forte endividamento dos agricultores gaúchos.
Já a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS) afirma que a produção de soja é a mais impactada no Estado pela estiagem, com possibilidade de perdas superiores a 50% em algumas regiões.

Produtores gaúchos afirmam que estão sem água para dar aos animais e que gado morre de fome
SOS Agro/Divulgação/JC