A safra de milho pode sofrer com a falta de chuvas no Rio Grande do Sul. De acordo com Alencar Rugeri, assistente técnico em culturas da Emater-RS/Ascar, apesar de 40% do grão já ter sido colhido, mais da metade ainda pode ser afetada pela estiagem que atinge regiões do Estado nas últimas semanas.
“Do que já foi colhido, a falta de chuva não tem reflexos. Os impactos que mais preocupam estão nas regiões norte e noroeste, sobre o que ainda não foi colhido. Na região nordeste, historicamente, temos um clima mais favorável à cultura e é onde está uma boa parte da produção. É o que nos alenta”, explica. Rugeri salienta que o grão já colhido é de qualidade. Atualmente, a colheita de milho atinge 8% das lavouras do Rio Grande do Sul .
“Do que já foi colhido, a falta de chuva não tem reflexos. Os impactos que mais preocupam estão nas regiões norte e noroeste, sobre o que ainda não foi colhido. Na região nordeste, historicamente, temos um clima mais favorável à cultura e é onde está uma boa parte da produção. É o que nos alenta”, explica. Rugeri salienta que o grão já colhido é de qualidade. Atualmente, a colheita de milho atinge 8% das lavouras do Rio Grande do Sul .
De acordo com ele, ainda não é possível afirmar se a safra irá concretizar as projeções feitas. Em agosto de 2024, a Emater projetou, com base na média histórica, uma produção total de aproximadamente 35 milhões de toneladas de grãos na safra de verão, representando um aumento de 16,91% em relação à safra anterior, que alcançou 29,99 milhões de toneladas. Já a produção de milho, por sua vez, foi projetada em 5,32 milhões de toneladas, crescimento de 18,35%.
Apesar de possível crescimento da safra, milho ainda é insuficiente para abastecer a produção de frangos e suínos
Mesmo com o crescimento, a produção de milho no Estado é insuficiente para alimentar criações de frangos e suínos. De acordo com Rugeri, as políticas públicas para incentivar a produção do grão ainda precisam avançar, embora já existam programas importantes, como Programa Troca-Troca de Sementes de Milho e Sorgo, o Pró-Milho e o Programa de Irrigação.
Ainda segundo ele, o principal benefício do milho é agronômico, devido à necessidade de rotatividade nas lavouras. Na visão dele, os agricultores preferem a soja pela janela de florescimento da planta, que é maior, e pelo risco mais baixo. “Tem mais janela, o milho é mais arriscado, responde mais ao clima, é mais frágil. Além disso, a soja é mais fácil de comercializar.”
Rugeri diz que, como técnico da Emater, tem como sonho atender à demanda de milho da indústria no Estado. “Hoje só estamos na frente de Santa Catarina. O milho é agronomicamente essencial, e temos demanda da indústria. Além disso, a praga da cigarrinha está mais controlada, mas é uma cultura que ainda precisa avançar”, afirmou.
Valdecir Luis Folador, presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), afirma que, para a produção de suínos no Estado, que chega a cerca de 16,8 milhões (entre animais que vão para abatimento e os do plantel fixo), são necessárias 2 milhões de toneladas de milho.
Ele, que também é suinocultor, diz que, no primeiro semestre, é possível comprar milho gaúcho com facilidade, mas que, a partir do segundo, muitas vezes, é preciso comprar de outros Estados, como Paraná, Mato Grosso ou Mato Grosso do Sul. “O Rio Grande do Sul consegue estocar bem o milho para o segundo semestre, então conseguimos comprar daqui também, é claro, mas alguma coisa ainda precisamos buscar em outros Estados. Fica mais caro para o produtor, e o Estado deixa de arrecadar com ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)”, refletiu.
José Eduardo dos Santos, presidente da Organização Avícola do Estado do Rio Grande do Sul, contabiliza que o setor avícola do RS consome, em média, 3 milhões de toneladas de milho por ano. “A importação de milho acontece há anos, gerando milhões de reais em ICMS para outras unidades da federação de onde se importa o grão. Além de outros Estados, o setor também importa de outros países, como Argentina e Paraguai. O déficit de milho é histórico no RS. Setores como a avicultura gaúcha só se mantêm ativos no Estado porque são empreendedores persistentes e produzem com garra e qualidade”, critica.
Ele afirma que ainda tem esperança de uma produção de milho e cereais de inverno no Estado que atenda às necessidades locais. “O programa Duas Safras trouxe essa chama de esperança, porém, as adversidades climáticas e mercadológicas travaram esse avanço. O programa, capitaneado por Farsul (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul), Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) e com nossa participação e apoio, conseguiu uma mobilização nunca vista antes no RS. É uma luz no fim do túnel", pondera. O milho corresponde a 70% da ração das aves.