Dez anos após dar início ao empreendimento em Canguçu, a Fazenda Serra dos Tapes espera fazer de 2015 o chamado break even, quando deve recuperar o investimento. Parte dessa meta está na expectativa de faturar R$ 2,5 milhões com a comercialização de 20 mil garrafas de 250 ml do azeite extravirgem produzido pela proprietária, sommelier e mestre de lagar Claudia Santos em solo andaluz, na Espanha.
Sim, a empresa gaúcha, premiada internacionalmente com os monovarietais da marca Potenza e os blends com selo Pecora Nera embarcou a expertise e os protocolos da especialista em uma experiência de 12 dias no complexo da Almazara Cruz de Esteban. A indústria é uma das mais tradicionais na produção de azeites premium de Jaén, província da região de Andaluzia conhecida como "a capital do azeite no mundo".
A oportunidade surgiu em 2023, depois que a Serra dos Tapes venceu o Prêmio de Qualidade Mario Solinas, o mais importante do mundo em azeites, promovido pelo Conselho Oleícola Internacional (COI).
“O destaque alcançado no mercado espanhol rendeu à Claudia o convite para participar de um curso de análise sensorial na Universidade de Jaén. E, na sequência, veio a possibilidade de implantação dos nossos protocolos para produção no complexo da Almazara. Vimos como uma proveitosa troca de experiências”, conta Jeronimo Santos, marido e parceiro de Claudia na Serra dos Tapes.
De 15 a 27 de outubro, ela aportou todo o conhecimento adquirido em uma década de aprendizado no universo culinário e na extração de azeite extravirgem no complexo industrial da empresa espanhola. Todas as manhãs, a especialista visitava os olivais, analisava as árvores, escolhia as que tinham as frutas no ponto ideal de colheita, que precisava ser feita sempre antes do meio-dia. Depois, cuidava de todos os detalhes da produção, inclusive o controle de temperatura e a avaliação do tempo correto de espera antes do processamento.
Tão logo foi finalizada a produção, com o varietal Picual, o azeite batizado Potenza Olival Jaén foi analisado e elogiado por María de la Paz Aguilera Herrera, chefe de painel do COI, e Sebastián Sánchez, especialistas reconhecidos mundialmente pela expertise em análise sensorial de azeites e professores da Universidade de Jaén.
"Considerando todo o reconhecimento alcançado pela Fazenda Serra dos Tapes no mercado global de azeite, desenvolvemos este projeto para aliar conhecimento, técnicas e experiência, com o objetivo de produzir um produto premium", avaliou Tomás Soria Herrera, administrador da Almazara Cruz de Esteban.
Para esse movimento em terras espanholas, o investimento da Serra dos Tapes ultrapassou os 120 mil euros. Os recursos foram aplicados no deslocamento e estada da empresária na Espanha, compra das frutas escolhidas, transporte e nacionalização do azeite produzido em Jaén e no lançamento do produto, com garrafas italianas, além da divulgação.
“Toda a produção deve estar no Brasil em janeiro de 2025, quando estaremos dando a largada na comercialização desse lote limitado. Mas com a experiência, também estamos fortalecendo nossas estratégias para chegar a outros mercados que já estamos prospectando, como Canadá, Estados Unidos e Alemanha”, revela Jeronimo.
Nos dois olivais da Serra dos Tapes, são 210 hectares de pomares, nas variedades Picual, Arbequina, Koroneiki, Coratina e Frantoio. Mas parte deles ainda não está em produção. Na safra 2023, o lagar processou 1 milhão de quilos de olivas, obtendo 120 mil litros de azeite. Desse total, cerca de 70% de marca própria e o restante de outros 22 produtores da região. Na última safra, porém, o excesso de chuvas na primavera do ano passado derrubou a produção para 200 mil quilos e 23 mil litros do produto.
“Para 2025, ainda não está claro o volume que poderemos ter. Mas estimamos algo em torno de 600 mil quilos de olivas. E, com os ganhos de aprendizagem na parte agrícola, por meio da parceria com a Embrapa e a Emater, esperamos que nossos pomares aumentem a produção”, finaliza o empresário.