A redução nos preços médios dos principais produtos do agronegócio vendidos pelo Rio Grande do Sul causou impacto negativo sobre a receita das exportações do setor no terceiro trimestre de 2024. No período, o Estado faturou US$ 4,5 bilhões, baixa de 1,4% em relação ao mesmo período do ano passado. O agro representou 73,1% do total vendido a outros países pelo RS. Em termos absolutos, a redução no trimestre foi de US$ 65,4 milhões. Os dados são do boletim Indicadores do Agronegócio do RS, divulgado nesta quinta-feira (28/11) pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG).
Conforme o estudo, elaborado pelo pesquisador Sérgio Leusin Júnior, o efeito no complexo soja foi um corte de 2,3%, com faturamento de US$ 2,2 bilhões. O farelo de soja encarou uma redução de 17% nos preços médios e de 10,4% no volume embarcado, alcançando receita de US$ 362,03 milhões. Embora os preços médios do grão também tenham caído (-14,6%), o aumento de 21,4% na quantidade exportada ajudou a atenuar parcialmente o impacto negativo do farelo. Em menor escala, o óleo de soja seguiu a mesma tendência do grão, com queda nos preços médios e aumento nos volumes embarcados.
Impacto ainda maior aconteceu no segmento de cereais, farinhas e preparações, a queda chegou a 13,9%, com receita total de US$ 203,7 milhões. Já a venda de carnes rendeu 10,3% menos, com faturamento de R$ 586,3 milhões. O desempenho negativo foi puxado pela carne de frango, cujo faturamento caiu US$ 69,4 milhões (-18,9%), influenciado pela redução dos preços médios e, sobretudo, pela menor quantidade embarcada. A receita foi de US$ 297,74 milhões. Cortes bovinos e suínos tiveram aumento nas vendas, mas não suficiente para compensar as perdas com frangos.
Os segmentos de fumo e seus produtos, e de produtos florestais, tiveram performance positiva, com faturamento de US$ 732,6 milhões (+1,2%) e US$ 334,4 milhões (+25%), respectivamente. A elevação das vendas da celulose, principal produto do segmento, com alta de 43,6% em relação ao mesmo período de 2023, levou a uma receita de US$ 257,19 milhões, beneficiada pela alta nos preços médios (+50,4%).
Já em relação aos principais destinos das exportações, China (37,6%), União Europeia (13,5%), Estados Unidos (4,6%), Irã (3,5%), Vietnã (3,1%), Emirados Árabes Unidos (2,4%) e Argentina (2,2%) lideram o ranking do período, concentrando 66,9% do total vendido a outros países pelo Rio Grande do Sul.
Ainda de acordo com a análise do DDE, entre janeiro e setembro de 2024, as exportações do agronegócio gaúcho somaram US$ 11,1 bilhões, queda de 8,3% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em números absolutos, representa uma baixa de US$ 995,7 milhões.
Os segmentos de fumo, com US$ 1,9 bilhão (+ 4,2%), e produtos florestais, com US$ 1,1 bilhão (+3,9%), tiveram melhora no desempenho. Mas as carnes sofreram redução de 15,3%, totalizando US$ 1,7 bilhão; o complexo soja somou US$ 4,1 bilhões (-6,8%), cereais, farinhas e preparações alcançou US$ 882,9 milhões (-29,9%) e máquinas agrícolas venderam US$ 294,2 milhões (-32,9%) sobre igual período de 2023.
No acumulado do ano, China (32,2%), União Europeia (13,7%) e Estados Unidos (5,5%) lideram a lista de destinos. Apesar de manter a segunda posição no ranking, a União Europeia apresentou redução de 18,4% no total comprado do agronegócio do Rio Grande do Sul, movimento explicado pela menor aquisição do farelo de soja.