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Publicada em 14 de Novembro de 2024 às 18:39

Evento da ADVB aborda estratégias e perspectivas para o agronegócio

Antonio da Luz projeta que Brasil produzirá 600 milhões de toneladas de grãos em 2035

Antonio da Luz projeta que Brasil produzirá 600 milhões de toneladas de grãos em 2035

EMERSON FOGUINHO/SISTEMA FARSUL/DIVULGAÇÃO/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
As experiências de comércio internacional da Divinut, de Cachoeira do Sul, e da Be8, de Passo Fundo, vencedoras do Prêmio Exportação RS 2024, foram compartilhadas nesta quinta-feira (14) na Arena da Exportação Técnica, promovida pela ADVB. Com o tema “Agronegócio Brasileiro: Economia, Preservação Ambiental e Impacto Social”, o evento debateu desafios e oportunidades do mercado internacional.
As experiências de comércio internacional da Divinut, de Cachoeira do Sul, e da Be8, de Passo Fundo, vencedoras do Prêmio Exportação RS 2024, foram compartilhadas nesta quinta-feira (14) na Arena da Exportação Técnica, promovida pela ADVB. Com o tema “Agronegócio Brasileiro: Economia, Preservação Ambiental e Impacto Social”, o evento debateu desafios e oportunidades do mercado internacional.
No encontro, realizado no auditório da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), o economista-chefe da entidade, Antonio da Luz, também abordou a participação brasileira no agronegócio mundial. Em sua fala, apontou a enorme participação do País como exportador de alimentos, fruto de evolução tecnológica, mas destacou obstáculos importantes que travam participação ainda maior no mercado mundial.
“No Brasil, segurança alimentar e proteção ao meio ambiente caminham juntos, ao contrário do que muitos dizem. Entre 2010 e 2025, o País terá aumentado 82% a área plantada. E 186% a área de segunda safra. Nesse mesmo período, os Estados Unidos ampliaram 0,4%. Aqui temos até três safras por ano na mesma área. Somos um case mundial”, observou.
Com base na evolução da produção de grãos, o economista mostrou que a tendência é de alcançarmos um volume de 600 milhões de toneladas em 2035. “Levamos 500 anos para chegar a 100 milhões de toneladas de grãos. Depois, precisamos de 14 anos para dobrar esse volume. E outros nove anos para alcançar as 300 milhões de toneladas. Nesse ritmo, teremos 600 milhões dentro de 11 anos. Mas precisaremos criar infraestrutura para isso. Não importa quem construa. Pode ser dinheiro estrangeiro. Depois de construídas, as obras seguirão aqui, desafogando nossos gargalos”, afirmou.
Antonio da Luz lembrou ainda que o Brasil já é o maior exportador líquido de alimentos, com 182,2 milhões de toneladas, conforme levantamento da FAO em 2022. E que essa posição deverá se consolidar ainda mais.
Mas precisamos fazer valer esse poder na hora de sentar à mesa para negociar com países importadores. Alguns, aliás, fazem muito menos do que nós em relação ao ambiente, mas querem impor regras aqui que não são aplicadas lá. Gostaria de ver o Brasil retaliar posturas como essa e descobrir como acaba. Muitos dependem de nós”, disse, em referência à lei anti-desmatamento em discussão na União Europeia.
A medida entraria em vigor na virada do ano, proibindo importação de produtos oriundos de áreas desmatadas após 2020. Nesta quinta-feira, o Parlamento Europeu aprovou o adiamento da medida, que vinha sendo amplamente contestada pelo Brasil e também por países do bloco, que ainda não se prepararam para o cenário. Com a decisão, as novas regras passarão a ser cobradas a partir de 30 de dezembro de 2025 para médias e grandes empresas e em 30 de junho de 2026 para as de pequeno porte.
CEO da Agromoney - Assessoria Econômica, Antonio da Luz também reforçou o peso do agronegócio para a economia do Rio Grande do Sul, cujo PIB em 2021 teve 44,9% de participação do setor. Quatro das cinco maiores indústrias gaúchas são do agro: abates, ração, esmagamento de soja e máquinas agrícolas.
“Por isso é importante continuarmos aumentando a produção. Quanto mais exportamos, mais barata é a comida no mercado interno. Exportamos o excedente. Isso significa que produzindo mais, haverá mais oferta aqui dentro”.
Ainda durante o evento, o diretor da Divinut, Edson Ortiz, falou sobre a experiência da empresa, que completou 24 anos e vem ampliando seu espaço no mercado internacional de noz pecan.
“Projetamos nosso negócio há quase 30 anos. Planejamos uma seleção varietal com coloração que o mercado quer, grossura de casca adequada à industrialização, até a genética. Construímos uma base produtiva, vendendo mudas para produtores e dando assistência e montando uma indústria capaz de ter certificações para atender a esse mercado internacional”, contou o empresário.
A Divinut processa em média 1 milhão de quilos da fruta por ano – em 2024, porém, a produção caiu pela metade, já que os produtores parceiros foram duramente impactados pelos episódios climáticos que atingiram o Estado. Mas o complexo industrial foi ampliado no ano passado, e é capaz de absorver 11 milhões de quilos anuais.
Foi um movimento que fizemos para o futuro. Vamos ampliar aos poucos. Atualmente, estamos importando matéria-prima da Argentina para processar e vender. Mas acreditamos que essa próxima safra já será melhor e que chegaremos lá equilibrados”, acrescentou Ortiz.

Leandro Luiz Zat, vice-presidente de Operações da Be8, falou sobre o know-how e o propósito da empresa, dando ênfase às exportações. Ele destacou a importância de desenvolver toda a cadeia, rastrear produtos e poder acessar os mercados internacionais.
Dessa forma, agregamos valor ao trabalho do produtor, da indústria e do cliente, que irá fazer o produto chegar ao consumidor final”.
A Be8 atua na produção de combustíveis renováveis e na descarbonização do planeta. Para isso, está implantando uma fábrica em Passo Fundo voltada à produção de etanol de trigo, com capacidade para 209 milhões de litros por ano.
A empresa será a primeira no Brasil a produzir biocombustível com cereais e também glúten vital, feito a base de glúten de trigo e poderá ser usado como Ingrediente para panificação e como suplementação alimentar para vegetarianos e veganos. Para isso, a empresa está investindo R$ 300 milhões na construção de uma linha de produção que terá capacidade para 35 mil toneladas anuais de glúten vital. A previsão é que a produção comece em 2025, junto com a produção de etanol.

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