O governo do Estado e a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco) assinaram nesta quarta-feira (13) um Termo de Parceria para viabilizar ações de fomento e fortalecimento da ovinocultura gaúcha. O acordo prevê a liberação de R$ 4,96 milhões oriundos do Fundo de Desenvolvimento da Ovinocultura (Fundovinos) pela A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). Os recursos serão utilizados ao longo de três anos, conforme demanda do setor.
O documento foi assinado, em ato no Palácio Piratini, pelo governador em exercício, Gabriel Souza, o titular da Seapi, Clair Kuhn, e o presidente da Arco, Edemundo Gressler. A entidade ficará responsável pela gestão e execução do plano de trabalho. A ideia é promover ações para o desenvolvimento socioeconômico do setor, buscando promover a melhoria dos padrões de qualidade, a competitividade dos produtores e a ampliação do mercado.
Conforme a Radiografia da Agropecuária Gaúcha 2024, produzida pela Seapi, o Rio Grande do Sul tem um rebanho declarado de 3,16 milhões de ovinos. Em 2023, cerca de 253 mil animais foram enviados para abate. A produção de lã foi de 8,47 mil toneladas.
Os recursos do Fundovinos serão utilizados para o estímulo ao sistema produtivo da carne ovina, a elaboração e fortalecimento de programas de certificação dos produtos produzidos no Rio Grande do Sul e da lã gaúcha. Também deverá potencializar o melhoramento genético e a realização de eventos técnicos ligados ao setor.
A ação tem três eixos principais, explicou o presidente da Arco. "O tema sanitário visa o desenvolvimento de técnicas e protocolos para exportação de material genético. Outro aspecto é a nutrição, com atenção aos aportes de pastagem adequada e capacitação dos criadores. E também a questão do manejo e desenvolvimento do setor, com apoio a exposições e feiras do Interior".
Gressler acredita que o RS pode duplicar, em três anos, a sua população ovina, que já foi superior a 12 milhões de animais. A espécie tem um ciclo de gestação de cinco meses. Com mais quatro a cinco meses, esse produto já pode estar na gôndola do supermercado.
"Mas para isso, precisamos melhorar a relação com os frigoríficos. Há demanda, mas não temos população para abastecer", acrescentou o dirigente.
Para ele, o convênio estabelece uma nova página para a ovinocultura gaúcha.
"Uma grande página de desenvolvimento e fomento que esse convênio vai proporcionar. Em alguns municípios, é difícil até encontrar cortes ovino nos comércios. Isso demonstra o potencial de expansão que temos”.
O dirigente esteve recentemente em Brasília, onde conversou com representantes do Ministério do Desenvolvimento Regional. A pasta conduz um projeto para alavancar a ovinocultura no País.
"Isso é outra situação, que vai andar junto com o convênio que assinamos hoje com o governo do Estado. Há grande potencialidade com raças adaptadas em todo o País. Poderemos, ser exportadores. Há demandas de países árabes por carne, derivados e animais vivos. É um excepcional momento para desenvolver a atividade no Brasil. E a assinatura deste convênio vai proporcionar ao RS ser esse projeto-piloto nacional para a ovinocultura brasileira".
Segundo ele, a atividade tem ainda um potencial social extraordinário, que não está sendo visto.
“Mas que nós temos a obrigação de ver. A ovinocultura é uma atividade agregadora. Essa é uma oportunidade de desenvolver a ovinocultura sobre o viés da carne e também da produção de lã. O Rio Grande do Sul é o único Estado brasileiro que produz lã de valor têxtil, sendo responsável por quase 8 milhões de quilos anualmente".
O vice-governador, que também é médico veterinário, destacou que, atualmente, a proteína de ovinos tem maior valor agregado no mercado. "O recurso do fundo pode auxiliar na capacidade reprodutiva do rebanho e aprimorar a qualidade da carne para fomentar a cadeia do setor. Precisamos investir cada vez mais na parcerização para investimentos em genética e manejo desses animais", destacou Gabriel.
Para o secretário Kuhn, a parceria permite que o produtor rural possa diversificar a produção, consorciando a ovinocultura a outras atividades. “Temos a questão da noz pecan, da oliveira. Enfim, várias outras culturas que podem ser paralelamente combinadas com a ovinocultura, levando ainda mais renda ao produtor, mantendo o homem no campo e atraindo ainda mais os jovens”, avaliou.