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Publicada em 30 de Outubro de 2024 às 17:34

Empresários lançam Frente pelo Desenvolvimento da Região da Campanha

Com foco em mineração, representantes da Pecuária, Agricultura, Mineração e Comércio formam nova entidade na busca pelo crescimento regional

Com foco em mineração, representantes da Pecuária, Agricultura, Mineração e Comércio formam nova entidade na busca pelo crescimento regional

TÂNIA MEINERZ/JC
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Bárbara Lima
Bárbara Lima Repórter
De Lavras do Sul
De Lavras do Sul
Para reverter o cenário de “esquecimento” vivenciado pela Campanha gaúcha, especialmente nas cidades de Caçapava, Bagé, Dom Pedrito, Aceguá e Lavras do Sul, representantes dos setores de Pecuária, Agricultura, Mineração e Comércio lançam nesta quinta-feira (31) a Frente pelo Desenvolvimento da Região da Campanha. A cerimônia de lançamento da entidade ocorre no Universo Pecuária, feira realizada no parque do Sindicato Rural de Lavras do Sul.

“O esquecimento da região é, em parte, responsabilidade dos governos, mas também reflete uma dificuldade de comunicação nossa. Temos muitos potenciais e precisamos comunicar isso melhor para a sociedade”, afirmou o coordenador da Frente e presidente da Associação Comercial e Industrial de Caçapava do Sul (ACIC), Eraldo Vasconcelos de Souza.

Entre os principais objetivos da Frente está viabilizar um projeto de mineração de ouro em Lavras do Sul. Para Paulo Serpa, diretor-geral da Lavras do Sul Mineração, que realiza pesquisas em cerca de 22 mil hectares de terra em Lavras para encontrar ouro, a baixa contribuição da região para o Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho é um dos fatores que explicam a atual situação da Campanha. Segundo ele, a expansão das atividades econômicas, como a mineração, pode reverter essa realidade. “Um projeto de mineração de ouro como o nosso poderia gerar cerca de 700 empregos diretos. Se a Campanha passar a impactar o Produto Interno Bruto, vai atrair mais atenção política”, garantiu.

Serpa acrescentou que, em uma década, a atividade poderia gerar R$ 132 milhões provenientes de um único imposto, dos quais 60% iriam para a prefeitura do município. “As oportunidades são reais e significativas”, disse ele, acrescentando que as pesquisas indicam a presença de ouro na região. “É possível gerar riqueza respeitando as pessoas, o meio ambiente, as instituições, a legislação e a regulação. Os benefícios do desenvolvimento elevarão a qualidade de vida, saúde, educação e segurança para toda a população”, acredita.

Souza explicou que a mobilização entre os empresários já existia, mas ganhou força com a possibilidade de mineração em Lavras. “Nosso objetivo é tentar mudar o quadro de dificuldades, mostrar a importância da mineração para a geração de empregos e desenvolvimento, demonstrando que o setor está interligado aos demais da região”, ponderou Souza, ressaltando que um dos principais entraves é a morosidade nos licenciamentos.  Ele afirmou, ainda, que após o lançamento, a Frente se prepara juridicamente para poder cobrar politicamente mais investimentos na região.

Soja e desenvolvimento regional

Gilberto Dickel da Fontoura, presidente da Cotrisul e integrante do setor de agricultura do comitê gestor da Frente, avalia que a mineração, de modo geral, contribui para o fortalecimento da agricultura. “A agricultura não consegue se desenvolver sem a mineração. E a agricultura tem sido fundamental para melhorar o PIB e o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da região desde a chegada da soja em 2008”, ponderou.

Segundo ele, assim como as outras atividades, a mineração, se bem praticada, tem seus riscos ao meio ambiente minimizados. “A pecuária sustentável não prejudica o meio ambiente, a agricultura, com todas as técnicas, não prejudica, e a própria mineração também não. Estamos em uma região rica em minerais; não há motivo para que isso não se transforme em desenvolvimento para a região”, ressaltou. 

Francisco Abascal, do Sindicato Rural de Lavras do Sul e representante da Pecuária, destacou que “todos do grupo são componentes de grande referência, o que facilita a união de forças em prol de algo comum”. Fernanda Fernandez Muñoz Delabary, presidente da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços de Lavras do Sul (CICS) representa o comércio da região.

Segundo os líderes, a iniciativa surge em momento oportuno, quando o Rio Grande do Sul atravessa um processo de reconstrução após as enchentes que impactaram mais de 80% de seus municípios em maio de 2024. Entre os temas que a Frente abordará estão os desafios na infraestrutura viária, redes de água, energia elétrica, telecomunicações, além de habitação e serviços públicos. “Aqui em Lavras, por exemplo, a rede elétrica é muito antiga. Novos investimentos podem modernizar a infraestrutura”, concluiu Serpa.

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