O pampa gaúcho está se transformando e perdendo suas características formativas. Conforme dados do MapBiomas, cerca de 100 mil hectares de vegetação campestre são perdidos anualmente nos últimos dez anos. Este é o bioma que mais sofre devastação no Brasil, proporcionalmente ao tamanho que ocupa no território brasileiro (apenas cerca de 2,85% da vegetação campestre do Brasil está no Rio Grande do Sul, na metade sul, mas representa 80% da cobertura do estado). O tema foi debatido na quarta-feira (30) no seminário O Pampa e o Gado: Desafios e Oportunidades durante a segunda edição do Universo Pecuária, que ocorre em Lavras do Sul até o dia 3 de novembro.
De acordo com Eduardo Vélez, integrante do MapBiomas, a “redução dos campos nativos não estabilizou”, diferente do que aconteceu com outros biomas. Em 1985, quando começaram as análises, a vegetação campestre respondia por 9,1 milhões de hectares. Atualmente, restam 5,6 milhões de hectares. Por outro lado, as áreas de cultivo de monocultura, como a soja, cresceram 387% nas últimas quatro décadas. A silvicultura cresceu 1.649% desde 1985. Em 1985, 45% dos municípios no pampa tinham predomínio da agricultura; em 2023, esse índice aumentou para 60%.
“O campo nativo na região das Missões, por exemplo, não existe mais. Meu medo é que todo o bioma vá para este caminho”, alertou Vélez. Para ele, não cuidar do pampa é colocar em risco a pecuária, uma atividade econômica que pode ser sustentável. “Evoluímos na tecnologia para identificar onde temos o campo, temos o domínio da informação, o que vamos fazer? O campo nativo é a base dessa pecuária, é o futuro econômico e ambiental do pampa sustentável”, ponderou Vélez.
De acordo com Eduardo Vélez, integrante do MapBiomas, a “redução dos campos nativos não estabilizou”, diferente do que aconteceu com outros biomas. Em 1985, quando começaram as análises, a vegetação campestre respondia por 9,1 milhões de hectares. Atualmente, restam 5,6 milhões de hectares. Por outro lado, as áreas de cultivo de monocultura, como a soja, cresceram 387% nas últimas quatro décadas. A silvicultura cresceu 1.649% desde 1985. Em 1985, 45% dos municípios no pampa tinham predomínio da agricultura; em 2023, esse índice aumentou para 60%.
“O campo nativo na região das Missões, por exemplo, não existe mais. Meu medo é que todo o bioma vá para este caminho”, alertou Vélez. Para ele, não cuidar do pampa é colocar em risco a pecuária, uma atividade econômica que pode ser sustentável. “Evoluímos na tecnologia para identificar onde temos o campo, temos o domínio da informação, o que vamos fazer? O campo nativo é a base dessa pecuária, é o futuro econômico e ambiental do pampa sustentável”, ponderou Vélez.
Integração de lavoura e pecuária e replantio como alternativas para regenerar o pampa
O Universo Pecuária também apresentou, por meio de palestras, formas de solucionar ou minimizar os riscos de supressão da vegetação nativa. O professor aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Carlos Nabinger, considera que a integração entre a lavoura e a pecuária pode ser uma alternativa para preservar o pampa.
“Aquelas áreas que são de uso da agricultura, ou seja, as terras consolidadas para o cultivo até 2012, podem ser usadas para plantar soja, milho ou outra lavoura. Hoje, não seria mais permitido suprimir essas áreas, mas isso ainda acontece”, explicou. Nas áreas de agricultura, ele defende a interação entre a lavoura e a pecuária para manter a saúde do solo. “No verão, planta-se a cultura e, no inverno, com uma espécie de pastagem local, maneja-se o gado para a área, que estará fertilizada. Isso permite manejar o campo nativo. O solo não pode ficar descoberto”, disse Nabinger.
Segundo o professor, as vegetações campestres evoluíram com o pastejo. “Esse pasto jamais será suprimido pelo gado”, garantiu. O que é preciso fazer, muitas vezes, é aliviar o excesso de carga nas áreas. “Isso deixa o gado mais produtivo para o produtor. Manejando do jeito convencional, com excesso de carga, o produtor consegue 70 kg por hectare de peso vivo. Com o manejo correto, sem excesso de carga, pode chegar a 240 kg, sem custo adicional”, explicou.
“Aquelas áreas que são de uso da agricultura, ou seja, as terras consolidadas para o cultivo até 2012, podem ser usadas para plantar soja, milho ou outra lavoura. Hoje, não seria mais permitido suprimir essas áreas, mas isso ainda acontece”, explicou. Nas áreas de agricultura, ele defende a interação entre a lavoura e a pecuária para manter a saúde do solo. “No verão, planta-se a cultura e, no inverno, com uma espécie de pastagem local, maneja-se o gado para a área, que estará fertilizada. Isso permite manejar o campo nativo. O solo não pode ficar descoberto”, disse Nabinger.
Segundo o professor, as vegetações campestres evoluíram com o pastejo. “Esse pasto jamais será suprimido pelo gado”, garantiu. O que é preciso fazer, muitas vezes, é aliviar o excesso de carga nas áreas. “Isso deixa o gado mais produtivo para o produtor. Manejando do jeito convencional, com excesso de carga, o produtor consegue 70 kg por hectare de peso vivo. Com o manejo correto, sem excesso de carga, pode chegar a 240 kg, sem custo adicional”, explicou.
Projeto busca repovoar o pampa com sementes nativas
Outra solução para recuperação do campo nativo é o repovoamento do pampa com sementes nativas. O problema? Não há disponibilidade desse tipo de semente no mercado.
Nabinger explica que, pensando nisso, foi desenvolvida uma colheitadeira de sementes nativas em fase experimental. “Estamos tentando recuperar as áreas suprimidas pelas lavouras com a diversidade do próprio campo, que é incrível. Em apenas uma colheita conseguimos 34 espécies de plantas. E estamos substituindo isso por monocultura. Acontece que isso também prejudica a monocultura, porque estamos modificando o habitat da fauna, que inclui aves que fazem a polinização das monoculturas”, explicou. Agora, o desafio é entender como essas plantas podem germinar em laboratório.
O presidente da Cotrisul, principal cooperativa de grãos da região, especialmente da soja, Gilberto da Fontoura, afirmou que essa visão tem crescido entre os produtores e que há programas para conscientizar sobre a integração entre a pecuária e a agricultura. “O pecuarista tem um perfil, e o lavoureiro tem outro. Eles se complementam. Para se fazer uma pecuária efetiva, há a necessidade de pastagem de qualidade, e para isso é preciso maquinário. Uma pastagem que vem depois da soja colhida tem inúmeros benefícios; é um sistema anual. Esse planejamento da fertilidade para o ano todo. Estamos notando que ambas as atividades acabam trazendo um benefício ambiental. Com isso, o produtor percebe que diversos animais silvestres, que estavam sumidos, estão retornando”, acrescentou.