O volume das exportações nacionais de carne suína e de frango no mês de setembro registrou o segundo melhor desempenho histórico dos dois setores. Os embarques cresceram 7,3% e 22,1%, respectivamente, na comparação com igual período de 2023, aponta levantamentos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
No Rio Grande do Sul, porém, os dois cortes tiveram desempenhos opostos, com alta de 12,4% nos embarques de frango e queda de 7,1% com suínos. A situação, entretanto, não preocupa, ao menos no momento, conforme o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul, Rogério Kerber.
Ele avalia que a redução nos embarques, que totalizaram 25,6 mil toneladas do Estado - 120,4 mil toneladas no total nacional -, se deu muito mais por uma questão logística do que de mercado.
“As transportadoras vêm usando navios maiores nas rotas para onde nossos produtos são embarcados, preferencialmente a Ásia. E isso tem gerado alguma dificuldade de navegabilidade pelos portos de Rio Grande e mesmo Santa Catarina, por conta do calado. Recentemente, conversamos com essas operadoras para tratar do assunto. Mas as vendas estão muito boas. Os abates estão em alta na comparação com 2023. São a melhor performance entre todos os segmentos”, explica o dirigente.
Para ele, setembro foi um mês fora da curva de 2024, especialmente a partir de junho, quando o Estado exportou sempre acima de 30 mil toneladas, o dobro da média em períodos anteriores. Kerber avalia também que o calendário prejudicou os negócios, uma vez que o feriado de 20 de Setembro reduziu o número de dias úteis no Rio Grande do Sul.
“O mercado interno também está bastante aquecido para a carne suína. Houve aumento dos preços das proteínas animais, principalmente a carne bovina. E, com isso, outros setores, como o nosso, vêm ocupando novos espaços”, conclui.
Os números totais sinalizam o crescimento da demanda dos mercados internacionais e também uma mudança no mapa do ranking de países importadores, aponta a ABPA. Em receita, a alta foi de 15,9%, com US$ 283,7 milhões em setembro deste ano, contra US$ 244,7 milhões no mesmo período do ano passado. Saldo superior foi registrado apenas uma vez, em julho deste ano, com US$ 309,4 milhões.
Já no acumulado do ano (janeiro a setembro), as exportações de carne suína totalizaram 990,7 mil toneladas, volume 7,7% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, com 920,1 mil toneladas. Em faturamento, o crescimento foi de 0,4%, com US$ 2,169 bilhões nos nove primeiros meses deste ano, contra US$ 2,160 bilhões no mesmo período do ano passado.
“O preço médio das exportações de carne suína tem registrado altas consecutivas ao longo deste ano, com impacto positivo nas receitas dos embarques. O fluxo deve seguir positivo ao longo de 2024, com perspectiva de crescimento nas exportações totais do ano”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
Segundo ele, há uma reconfiguração no mapa dos embarques de carne suína do Brasil, o que se comprova pelas fortes oscilações nos movimentos de importações por destino.
“Além da consolidação de Filipinas como principal importador, países da América Latina, como Chile, México e Argentina estão incrementando as suas demandas por produtos brasileiros. O mesmo se pode verificar sobre o Japão, país que demanda produtos com alto valor agregado”, ressalta.
RS embarcou 63,2 mil toneladas de carne de frango
Paralelamente, as exportações de carne de frango totalizaram 485 mil toneladas em setembro, contra 397,1 mil toneladas há 12 meses. Somente em março de 2023 o desempenho foi maior, com 514,6 mil toneladas embarcadas. Terceiro maior fornecedor do produto ao mercado internacional, atrás de Paraná e Santa Catarina, o Rio Grande do Sul contribuiu com 63,2 mil toneladas.
A receita total do mês, de US$ 953,8 milhões, foi 32,6% maior que em setembro de 2023. O maior saldo mensal da história também ocorreu em março do ano passado, com US$ 980,5 milhões.
De janeiro a setembro, as exportações de carne de frango acumulam alta de 0,6%, com 3,917 milhões de toneladas nos nove primeiros meses deste ano, contra 3,892 milhões no mesmo período de 2023. A receita acumulada chegou US$ 7,273 bilhões, 4% menor em relação ao ano anterior.
“A forte alta registrada em setembro reverteu o desempenho registrado ao longo do ano, que agora é positivo e sinaliza seguir assim até dezembro. Com a elevação dos preços médios das exportações, também tivemos uma elevação nas receitas de setembro em patamares significativamente maiores que os registrados em volumes”, observa Ricardo Santin.
Principal destino das exportações de carne de frango, a China importou em setembro 55,1 mil toneladas, volume 3,4% menor em relação ao ano anterior. A redução foi compensada pelos Emirados Árabes Unidos, que aumentaram o volume das importações em 17,6%, seguidos por Japão (48,6%), Arábia Saudita (5,9%), África do Sul (38,2%), México (57%), União Europeia (58%) e Gana (198,4%). Filipinas, com redução de 4,3%, e Kuwait, com aumento de 66,2%, completam o top 10.
“Oito dos 10 principais importadores de carne de frango do Brasil registraram fortes altas em suas importações. Mesmo entre aqueles com desempenho inferior no comparativo mensal há boas notícias. É o caso da China, que retomou importações em níveis acima das 50 mil toneladas”, acrescenta o dirigente da ABPA.
Ele também destaca a alta das importações de mercados com alto valor agregado, como o Japão, o que gerou impacto positivo no desempenho das receitas de setembro.
“O movimento também é positivo entre as nações islâmicas, e assim deve seguir nos próximos meses, já que o fluxo logístico para estes destinos foi ajustado diante da situação de conflito na região”, completa Santin.