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Publicada em 09 de Setembro de 2024 às 18:33

Clima pode atrasar início do plantio de soja no Estado

Dados da Emater/RS-Ascar projetam uma área de 6,8 milhões de hectares na safra de soja gaúcha 2024/2025

Dados da Emater/RS-Ascar projetam uma área de 6,8 milhões de hectares na safra de soja gaúcha 2024/2025

EVANDRO OLIVEIRA/JC
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Nícolas Pasinato
Nícolas Pasinato
Com a proximidade do fim do vazio sanitário, que, no Rio Grande do Sul, encerra-se no dia 30 de setembro, aumentam as expectativas sobre o início do plantio de soja no Estado. A previsão de tempo mais seco, porém, pode atrasar a semeadura para o fim de outubro ou mesmo início de novembro, segundo especialistas. 
Com a proximidade do fim do vazio sanitário, que, no Rio Grande do Sul, encerra-se no dia 30 de setembro, aumentam as expectativas sobre o início do plantio de soja no Estado. A previsão de tempo mais seco, porém, pode atrasar a semeadura para o fim de outubro ou mesmo início de novembro, segundo especialistas. 
“Alguns mapas (de tempo) estão apontando para um (mês) de outubro mais seco no Rio Grande do Sul. Isso pode retardar um pouco o plantio para o fim de outubro ou início de novembro, ou seja, mais atrasado frente aos últimos anos”, prevê o analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Roque.

Segundo Roque,o plantio de soja, no Estado, inicia, geralmente, na segunda quinzena de outubro. “Se as chuvas demorarem a chegar, é possível que tenhamos uma área menor de soja no Rio Grande do Sul do que é a estimada inicialmente, porque a janela ficará mais apertada”, explica.

Neste ano, o Brasil enfrenta a pior seca já registrada desde o início da atual série histórica, em 1950, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). O problema de seca se estende por 5 milhões de quilômetros quadrados - 58% do território nacional e 500 mil a mais do que em 2015.

A região central do País já sente os efeitos da estiagem. Conforme o boletim semanal divulgado no início deste mês pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), as previsões climáticas para os próximos meses ainda não indicam grandes volumes de chuva na região, o que poderá impactar no ritmo da semeadura no início da safra e, também, o potencial produtivo das áreas semeadas precocemente, visto a menor umidade do solo.

“A maior parte dos produtores de Mato Grosso tendem a aguardar a normalização das chuvas para iniciar os trabalhos no campo, a fim de minimizar os riscos de perda e problemas com o desenvolvimento inicial das lavouras”, aponta o documento.

Segundo Roque, movimento semelhante pode acontecer no Estado, visto que os mapas meteorológicos apontam que o clima deve ser mais seco no Rio Grande do Sul nos próximos meses, com os níveis de chuva voltando a se normalizar apenas em dezembro.

Apesar de dificuldades, previsão é de crescimento para a safra de soja gaúcha 

Dados de julho deste ano da Emater/RS-Ascar projetam uma área de 6,8 milhões de hectares na safra de soja gaúcha 2024/2025, uma alta de 1,54% em relação à temporada passada (6,7 milhões de hectares). As estimativas da entidade apontam ainda uma produção de 21,6 milhões de toneladas da oleaginosa contra 18,2 milhões T da safra passada, o que marca uma diferença de 18,5%. O rendimento médio previsto é de 3.179 kg por hectare contra 2.809 kg por hectare da última temporada, o que representa um crescimento de cerca de 13%.

“A expectativa é de que o produtor consiga plantar toda a área que planejou e da melhor forma possível, mas podemos ter um pouco de dificuldade em razão da dificuldade que os produtores gaúchos estão enfrentando na questão financeira e na busca por crédito. O SOS Agro tem demonstrado isso com clareza”, alerta Alencar Rugeri, assistente técnico em culturas da Emater/RS-Ascar, citando a iniciativa apartidária e sem vínculo governamental que surgiu com os produtores rurais atingidos pelas enchentes.

Sobre os impactos das enchentes que ainda atingem os produtores gaúchos, o vice-presidente da Farsul, Elmar Konrad, afirma que aguarda a entrada em vigor de uma nova linha de financiamento anunciada no fim do mês passado durante a Expointer pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. “Prometeram oito anos para pagar, com um de carência, e taxas de juros que não deverão passar dos 10% ao ano, mas até agora não saiu nada”, ponderou.

O que é o vazio sanitário

Estabelecido através da portaria SDA/Mapa nº 1.111 (13/05/2024), o período do vazio sanitário se estende até 30 de setembro de 2024 em todas as regiões do Estado. Durante o vazio sanitário, não se pode manter vivas plantas de soja em qualquer fase de desenvolvimento.

A política foi instituída pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa) como uma das medidas fitossanitárias para o controle da ferrugem da soja, com pelo menos 90 dias sem a cultura e plantas voluntárias no campo. A ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é considerada uma das doenças mais severas que incidem na cultura da soja, podendo causar danos que variam de 10% a 90% da produção, dependendo da região.

A partir de 1° de outubro a 28 de janeiro de 2025 ocorre a semeadura da soja prevista para o Rio Grande do Sul, referente à safra 2024/2025.

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