Foi cheia de simbolismos a cerimônia de lançamento da 47ª Expointer, realizada na manhã desta segunda-feira (12), no complexo da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação. O espaço, que até 1969 sediou a exposição agropecuária de Porto Alegre, reviveu o clima do evento, com centenas de pessoas, animais de diferentes espécies, palco, cultura, música e discursos de força e determinação.
É esse espírito que os organizadores da mostra querem fazer pegar para consolidar a superação de um ano difícil, marcado pelas importantes perdas econômicas com as enchentes de maio, que se somam a um agronegócio já combalido por estiagens e eventos de chuvas extremas nos últimos anos. E, nesse tom, líderes das entidades co-promotoras gravaram manifestações em chamamento para a feira, que ocorre de 24 de agosto a 1º de setembro, no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio.
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Nesta edição, mais que extravasar o faturamento de quase R$ 8 bilhões registrado no ano passado, a missão é restaurar a confiança na capacidade produtiva do agro gaúcho e mostrar ao Brasil e mesmo a parceiros externos que o Estado vai se reconstruir. E esse foi o recado que o governador Eduardo Leite, o secretário da Agricultura, Clair Kuhn, a subsecretária do Parque Assis Brasil, Elizabeth Cirne Lima, procuraram deixar para o público.
Leite destacou a veia desbravadora dos gaúchos, que espraiaram a produção agropecuária pelo País, como marca de determinação e de enfrentamento de dificuldades para vencer o atual momento adverso. Pontuou que boa parte da produtividade do agronegócio brasileiro se deve aos produtores rurais do estado, que desbravaram territórios do Brasil.
“E não foram lá porque era fácil. Foram porque era difícil. Era complexo, sem estrutura, com dificuldades, foram abrindo caminhos e ajudando o nosso enorme Brasil a se desenvolver. Então, se os gaúchos nunca ficaram na zona de conforto, buscaram justamente enfrentar as dificuldades de outros espaços de outros territórios, nós não vamos sucumbir às dificuldades que se apresentem para nós aqui, porque fomos forjados na luta”, disse o governador, ao anunciar o lançamento da campanha “Superar é da nossa natureza” como tema da Expointer 2024.
Com números de expositores e animais próximos aos das edições anteriores da Expointer – e um aumento de 25% nas participações no pavilhão da Agricultura Familiar –, Leite mostrou expectativa positiva para a feira deste ano. Embora considere prematuro projetar o faturamento da mostra, afirmou estar confiante de que os números serão “muito expressivos e relevantes”.
Ele também comentou sobre as expectativas até então frustradas quanto às medidas prometidas pelo governo federal em apoio ao setor, argumentando que as ações que são anunciadas não têm se efetivado na ponta. “A crítica é para que se melhore, não é interessada em fustigar. Eu não acho que seja má intenção do presidente da República ou dos ministros, acho que são bem intencionados, querem fazer, acho que há um desejo de atender. O que nos causa desconforto é ver uma propaganda maior do que o que a entrega está acontecendo”.
Leite ressaltou, ainda, a legitimidade das pautas de movimentos como o SOS Agro, refletindo a aflição na base do agronegócio gaúcho devido à falta de respostas efetivas por parte da União. Mas assegurou que não irá permitir eventuais bloqueios de rodovias ou outras formas de manifestação que atrapalhem a rotina do Estado ou da população. “É o clamor de um setor econômico muito relevante que não está se sentindo contemplado até agora nas medidas. E a nossa parte como governo do Estado é levantar isso, trazer e buscar respostas. (...) Agora, como é que é isso? Bloqueio de estrada e atrapalhar a rotina do Estado não serão tolerados. Nós não podemos fazer com que o Estado tenha um impacto na sua produção, na sua rotina, por conta de qualquer tipo de mobilização. Isso a gente não aceita”, concluiu o governador.