Tecnicamente concluída, a semeadura de trigo no Rio Grande do Sul aponta para um cenário de consolidação da safra com uma colheita de 4 milhões de toneladas. E, se confirmada, a será a segunda maior safra gaúcha do cereal dos últimos 15 anos, pelo menos, com produtividade média projetada de 3,1 mil quilos por hectare, o terceiro melhor desempenho no período.
A performance é sustentada por uma condição climática favorável, com dias frios, propícios ao perfilhamento das plantas. Aliam-se, ainda, a redução das chuvas e o aumento da luminosidade, facilitando o trato fitossanitário adequado. E, na comparação com a safra passada, que, afetada por dificuldades climáticas, teve produtividade de 1,9 mil quilos por hectare, o rendimento neste ano pode ser até 60% melhor.
Leia mais: Com área menor, safra gaúcha de trigo deve ir a 4 milhões de toneladas
“O momento é de atenção para evitar perdas com pulgões, lagartas e ervas-daninhas. E da entrada da adubação nitrogenada nas lavouras, especialmente com ureia”, observa o diretor técnico da Emater/RS, Claudinei Baldissera.
Um dos aspectos que contribui favoravelmente ao cultivo atual é que as principais regiões produtoras não foram afetadas pelas chuvas extremas que atingiram o Rio Grande do Sul no final de abril e ao longo do mês de maio. O episódio deixou cerca de 2,7 milhões de hectares de terras prejudicados por erosão, sendo um terço dessa área em condições bastante degradadas.
A redução em torno de 200 mil hectares na área semeada com trigo no Estado, portanto, não pode ser atribuída ao clima, mas a questões mercadológicas e às dificuldades para contratação do Proagro e do seguro rural. Dois terços dessas terras acabaram ocupadas com sementes de canola, que dobrou a área na comparação com o cultivo anterior.
“É uma área importante ocupada com essa cultura. Mas também vem aumentando o uso de outras opções de cultivo de inverno. Cresce a consciência sobre a importância de manter os solos permanentemente cobertos, para preservação e obtenção de melhores resultados no futuro”, finaliza Baldissera.