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Publicada em 29 de Julho de 2024 às 18:03

Produtores rurais preparam 'tratoraço' em Porto Alegre em 8 de agosto

Movimento já reuniu milhares de produtores em Cachoeira do Sul e Rio Pardo (foto) e prepara ato na Capital

Movimento já reuniu milhares de produtores em Cachoeira do Sul e Rio Pardo (foto) e prepara ato na Capital

SOS Agro/Divulgação/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
Milhares de produtores rurais gaúchos se articulam para o “tratoraço” que deverá chegar a Porto Alegre no próximo dia 8 de agosto, caso a resposta da União em relação às demandas do setor, prometida para até o final de julho, não venha ou fique abaixo da expectativa. Se confirmado, o ato será o terceiro e mais importante organizado pelo Movimento SOS Agro, que defende as pautas encaminhadas pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS).
Milhares de produtores rurais gaúchos se articulam para o “tratoraço” que deverá chegar a Porto Alegre no próximo dia 8 de agosto, caso a resposta da União em relação às demandas do setor, prometida para até o final de julho, não venha ou fique abaixo da expectativa. Se confirmado, o ato será o terceiro e mais importante organizado pelo Movimento SOS Agro, que defende as pautas encaminhadas pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS).
A articulação vem ganhando força e volume, a partir da demora do Poder Executivo em apresentar uma solução capaz de viabilizar a continuidade da atividade agropecuária em solo gaúcho, após os prejuízos causados pela catástrofe climática de maio. “Nossas reivindicações são legítimas. Precisamos de alternativas viáveis para micro, pequenos, médios e grandes produtores que, cada um a seu modo, enfrentam dificuldades para continuar produzindo. Muitos, aliás, se não tiverem apoio, terão de parar ”, justifica Graziele de Camargo, interlocutora do SOS Agro com o governo federal.

Leia mais: CMN prorroga dívidas dos agricultures gaúchos até 15 de agosto

A Farsul pede a prorrogação do pagamento de parcelas de financiamentos contraídos para investimento e custeio, com dois anos de carência e 3% de juros ao ano. Já a Fetag quer a anistia de dívidas, além de um salário-mínimo por produtor durante seis meses e a liberação para contratação de novos empréstimos.
Segundo Graziele, a manifestação na capital gaúcha deve reunir no máximo 500 tratores, para buscar o apoio da população urbana, mas sem criar transtornos para a cidade. “Estamos também solidários com as pessoas que vivem nas cidades. Será um ato ordeiro, responsável. Mas queremos mostrar que se o campo parar, o impacto também será sentido no meio urbano”, acrescenta a produtora, que perdeu 70% de sua lavoura de soja em São Sepé por conta das chuvas.
A produtora aponta que, cansados de esperar, sem sucesso por resposta a mais de 750 ofícios encaminhados ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) desde o começo da crise, com apoio de 245 prefeituras e Câmaras de Vereadores, os produtores do Rio Grande do Sul realizaram o primeiro ato em Cachoeira do Sul, no dia 4 de julho. A manifestação, com milhares de pessoas no Parque da Fenarroz, foi ponto de partida para que representantes do movimento fossem chamados para dialogar com os ministros Carlos Fávaro (Mapa) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar). Em evento de entrega de máquinas agrícolas a dezenas de municípios, na Fiergs, eles entregaram uma carta reforçando os pedidos da Farsul e da Fetag.
O segundo ato ocorreu no dia 19, no Parque da Expoagro Afubra, em Rio Pardo. Na vérpera, Graziele a outros representantes do SOS Agro participaram, a convite, de reunião na sede do Ministério Extraordinário de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, para tratar da Medida Provisória (MP) prometida pelo governo. Como os termos da proposta federal estavam muito aquém da expectativa, o governo pediu mais prazo para aperfeiçoar o documento.
Por isso, o “tratoraço” deverá se concentrar justamente na sede do Ministério, no bairro Auxiliadora. “O trator é a ferramenta do produtor. Nossa manifestação e nossas demandas são com o governo federal. Estabelecemos um padrão de respeito mútuo e não buscamos conflitos, mas soluções. O governo do RS não tem como intervir nos nossos problemas. E já estamos nesse turbilhão há cerca de 90 dias. A safra 2024/2025 está por começar. Se não avançarmos nessas questões, iremos pressionar deputados federais e senadores para que atuem no melhoramento da MP”, reforça a produtora.
Ela conta que, embora o governo tenha suspendido o pagamento das parcelas de financiamentos até 14 de agosto, alguns agentes financeiros não adotaram esse entendimento. E já há produtores em atraso, sem acesso a novos créditos. Alguns estariam já em situação desesperadora.
“Não estamos querendo benefícios, mas medidas que nos ajudem a superar essa crise. Principalmente entre os pequenos, que perderam absolutamente tudo e não têm por onde recomeçar sem ajuda. Mas estamos, todos, em condições muito difíceis, sob o impacto dos últimos anos de safras frustradas. Se o agro parar, o efeito cascata será ainda maior”, completa.

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