Com Agências
Pelo menos 274 propriedades rurais com criatórios de aves já foram vistoriadas desde a semana passada por fiscais estaduais agropecuários e técnicos agrícolas no entorno de Anta Gorda, no Vale do Taquari. A ação, apoiada pela Brigada Militar, faz parte do protocolo estabelecido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para conter e eliminar a doença de Newcastle, identificada em uma ave morta em aviário do município.
Uma coleta de amostras de suspeita fundamentada de síndrome respiratória e nervosa das aves, realizada no município de Progresso, foi encaminhada para o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Campinas (SP). Mesmo com os resultados negativos de exames realizados em animais mortos encontrados em outras três granjas da região, a fiscalização deverá se estender a todas as 870 propriedades que desenvolvem a avicultura, seja de forma comercial ou de subsistência.
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Foram estabelecidas oito barreiras sanitárias, cinco num raio de três quilômetros do foco e três na área de vigilância, distante até 10 quilômetros do local onde a doença foi confirmada. Conforme a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria, Rosane Collares, estão sendo feitos a desinfecção de veículos e o controle da movimentação de animais, camas aviárias, esterco e demais produtos que possam carregar o vírus causador da doença.
“Até agora não identificamos nenhuma evidência de que tenhamos qualquer outra ave com sinais compatíveis com doença de Newcastle", informou Rosane.
A doença atinge somente aves, garantem os órgãos oficiais e o setor privado. Por isso, asseguram que o consumo desses produtos, inclusive com origem na região, não impõe qualquer risco à saúde humana.
O episódio, entretanto, gera impacto comercial sobre a cadeia produtiva de aves e colocou os governos estadual e federal em alerta. As exportações foram suspensas pelo governo brasileiro, conforme preconiza a Organização Mundial de Saúde Animal (Omsa). E o Mapa declarou estado de emergência zoosanitária no Rio Grande do Sul. Com esses movimentos, a União procurou dar transparência e segurança ao mercado, garantindo o cumprimento de todas as etapas para evitar a propagação da enfermidade.
Com o descarte de novos casos da doença até o momento, a expectativa do setor é de que os embarques comecem a ser retomados em breve. É o que espera o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, que aguarda a sinalização do Mapa sobre as negociações com os países com os quais o Brasil tem acordos bilaterais de comércio de produtos avícolas.
O dirigente acredita que que o efeito sobre as exportações não será grande, embora já haja algum atraso no fluxo de embarques, por conta da autossuspensão imposta pelo Brasil.
“A medida foi adotada de forma responsável e transparente, em um sinal ao mercado de seriedade na nossa postura. Na sequência, o governo federal volta a consultar individualmente cada um dos países com quem temos acordos bilaterais para comercialização desses produtos para requerer a retomada das exportações e dar início ao processo, com envio de documentações e outros requisitos formais”, observou Santos.
Nesta segunda-feira (22), a Secretaria da Agricultura esteve em reunião com prefeitos dos municípios de Anta Gorda, Putinga, Ilópolis, Relvado e Doutor Ricardo, que estão incluídos no raio de 10 quilômetros a partir do foco.
"É importante alinhar as informações com todos os entes municipais: explicar exatamente o que é um foco de Newcastle, as medidas a serem tomadas, como vamos trabalhar na região, quais são os impactos locais. Assim que finalizarmos toda a atividade e comprovarmos a ausência de circulação viral, teremos um prazo de 90 dias para reconhecimento internacional de retorno ao status sanitário anterior", concluiu Rosane Collares.
A Secretaria da Agricultura alerta que todas as suspeitas da doença, que incluem sinais respiratórios, neurológicos ou mortalidade alta e súbita em aves, devem ser notificadas imediatamente, por meio da Inspetoria ou Escritório de Defesa Agropecuária, pelo sistema e-Sisbravet ou pelo WhatsApp (51) 98445-2033.