O Conselho de Administração da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) publicou na noite desta terça-feira (25) resolução que destitui o diretor-executivo Thiago dos Santos. Ele é o segundo a ser demitido do governo após o leilão de importação de 263,3 mil toneladas de arroz pela estatal, realizado em 6 de junho e cancelado cinco dias depois, devido às suspeitas de irregularidades na operacionalização do pregão.
Santos foi assessor do ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, dispensado em meio à polêmica. Na ocasião, Geller disse ao Jornal do Comércio que era contra a realização dos leilões e que foi voto vencido. E apontou que a decisão de importar até 1 milhão de toneladas do cereal era um “equívoco político” do governo.
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em entrevista a uma emissora de rádio do Piauí que o certame foi cancelado porque houve “falcatrua”.
A compra de arroz do mercado externo é ponto de embate entre o governo federal e a cadeia produtora do cereal. A União alega que precisa ter estoques e disponibilizar o produto a preços mais baixos à população, após alta verificada durante a catástrofe climática que atingiu o Rio Grande do Sul e colocou em risco a safra gaúcha. Produtores e indústrias, por outro lado, sempre afirmaram que a produção nacional era suficiente para abastecer o mercado interno e que os leilões não deveriam acontecer.
Em meio à polêmica, o governo virou alvo de críticas também da oposição. Parlamentares de diversos partidos e entidades do agronegócio foram à Justiça, em diferentes esferas, pedir a suspensão e o cancelamento dos leilões.
Na semana passada, representantes da Federarroz e da Câmara Setorial do Arroz se reuniram com os ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro; e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeia, além do presidente da Conab, Edegar Pretto, para tratar do tema. Na ocasião, o governo sustentou a necessidade de importação como estratégia para conter o aumento de preços, mas concedeu prazo de 10 dias para que o setor buscasse alternativas aos pregões.