Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 17 de Junho de 2024 às 16:46

Safra gaúcha de azeite de oliva tem quebra de 73% devido ao clima

Pouco frio no inverno e excesso de chuva na floração causaram queda na safra de azeite

Pouco frio no inverno e excesso de chuva na floração causaram queda na safra de azeite

PRÓ-OLIVA/SEAPI/JC
Compartilhe:
Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
Nos 170 hectares de oliveiras do Lagar H, em Cachoeira do Sul, a quebra na safra 2024 foi de 80% sobre a expectativa. A empresa espelha a situação na maioria dos 25 lagares gaúchos, o que resultou em uma produção de 193,1 mil litros de azeite de oliva. O volume é 67% menor que os 580,2 mil litros registrados no ano passado e 73% inferior à expectativa inicial, de mais de 700 mil litros.
Nos 170 hectares de oliveiras do Lagar H, em Cachoeira do Sul, a quebra na safra 2024 foi de 80% sobre a expectativa. A empresa espelha a situação na maioria dos 25 lagares gaúchos, o que resultou em uma produção de 193,1 mil litros de azeite de oliva. O volume é 67% menor que os 580,2 mil litros registrados no ano passado e 73% inferior à expectativa inicial, de mais de 700 mil litros.
Os dados da safra 2023/2024 foram apresentados em reunião da Câmara Setorial das Oliveiras da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação. Segundo o coordenador do Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura (Pró-Oliva), Paulo Lipp, as condições climáticas atípicas afetaram os pomares. E mais do que o grande impacto sobre esta safra, as chuvas em excesso, desde a floração até colheita, também deixaram prejuízos nos solos e vão exigir novos investimentos e manejos.

Leia mais: Condições climáticas prejudicam cultura de oliva no RS

Tivemos um ano muito complicado, com pouco frio no inverno do ano passado e com excesso de chuvas na floração, chegando a 700 milímetros em alguns municípios em setembro. Depois, tivemos, durante toda a safra, muita chuva, chegando a 1,5 mil milímetros em algumas regiões”.
Ele também alerta sobre os riscos de ocorrência de doenças como fungos de solo, fungos da planta, lixiviação dos solos, aumento de pragas, entre outros. Lipp acredita que esses fatores terão reflexos a curto e médio prazo, inclusive na produtividade e no manejo dos olivais. Algumas áreas deverão exigir reposição de calcário e nutrientes.
Os produtores vão ter que adotar uma série de manejos como correção da acidez do solo, adubação, manejo da cobertura do solo, entre outros”, pontua.
De acordo com Brenda Haas, azeitóloga e diretora do Lagar H, as chuvas na primavera passada impactaram muito o momento de floração e pegamento de frutos. A redução no volume de produção impacta, e muito, em custos. Mas, como o azeite brasileiro já sofre com custos de produção elevados, é impossível repassá-los ao consumidor.
Estamos encarando este momento como mais um ano de investimento nesta cultura de longo prazo em que tanto acreditamos”.
A empresária é cautelosa quanto à produção em 2025, mas confia no manejo das propriedades como avalista do negócio.
“Neste momento não podemos dizer que haverá impacto na produção do próximo ano. Nosso solo é saudável devido às nossas práticas de agricultura sustentável e é testado periodicamente para eventuais reposições que sejam necessárias. Portanto, dependemos mais do clima daqui para a frente, com inverno frios, sem geadas tardias e verão mais seco, para ter uma boa produção”, observa.
Em Cachoeira do Sul, a empresa produz oito variedades de olivas, em 170 hectares. São 28 mil árvores plantadas, sendo 16 mil em produção.
Com um volume menor neste ano, porém, a próxima safra no Rio Grande do Sul ainda é uma incógnita. Como ocorre em muitas espécies de frutíferas, a oliveira oscila períodos de grandes e menores produções. E, por isso, há chance de 2025 ser um “ano on” para a cultura no Estado, pondera Paulo Lipp.
Por outro lado, este mês de junho é o mais quente em mais de um século, antecipando a brotação em culturas como pêssego, cujo período se inicia em agosto. “Teremos de esperar até setembro ou outubro para saber”, completa.
Por sua vez, o presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Renato Fernandes, salienta que é preciso observar as mudanças climáticas ocorridas não só no Brasil e no Rio Grande do Sul, mas no mundo. “Temos que nos preparar para essa pauta, que é de sobrevivência para as próximas gerações. O desenvolvimento necessita andar junto com a preocupação com o meio ambiente. Precisamos construir soluções eficazes nesse sentido”, pondera.
No Rio Grande do Sul, a área plantada com oliveiras é estimada em cerca de 6,5 mil hectares. Desse total, 5 mil hectares concentram plantas em idade produtiva, com quatro anos ou mais. As maiores áreas plantadas estão nos municípios de Encruzilhada do Sul, Pinheiro Machado, Canguçu, Caçapava do Sul, São Sepé, Cachoeira do Sul, Santana do Livramento, Bagé, São Gabriel, Viamão e Sentinela do Sul.

Notícias relacionadas