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Publicada em 16 de Junho de 2024 às 16:29

Setor arrozeiro e Conab sustentam diálogo sobre a cultura no Brasil

Pretto (E) recebeu Elton Doeler e Eduardo Coradini, da Abiarroz, para tratar da cadeia do cereal

Pretto (E) recebeu Elton Doeler e Eduardo Coradini, da Abiarroz, para tratar da cadeia do cereal

ABIARROZ/DIVULGAÇÃO/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
Com Agências
Com Agências
Representantes da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul e da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Arroz - órgão consultivo do Ministério da Agricultura formado por entidades governamentais e do setor privado – se reunirão na quarta-feira (19), em Brasília, com o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto. No encontro, deverão ser abordados diversos temas relacionados à cadeia produtiva do cereal.
Um dos temas que deve voltar à pauta é a intenção do governo federal em importar até 1 milhão de toneladas. O assunto gera polêmica, uma vez que o setor assegura – e os números da safra recém finalizada também – que a produção nacional é suficiente para abastecer o País. 

Leia mais: Diretor da Conab responsável por leilão de arroz anulado entra em licença remunerada

Na sexta-feira (14), Pretto recebeu, em Porto Alegre, o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), Elton Doeler, acompanhado pelo diretor jurídico da entidade, Eduardo Coradini. O objetivo foi abrir diálogo e ressaltar a importância da retirada da Tarifa Externa Comum (TEC) das importações de arroz, bem como a expectativa sobre medidas de incentivo à produção que devem integrar o Plano Safra 2024/2025.
Na oportunidade, a Abiarroz também apresentou seu posicionamento sobre a compra de arroz pelo governo federal. Em nota divulgada na semana passada, a entidade apontou como “oportuna e acertada” a decisão de anular o leilão para compra de arroz. No texto, a entidade afirma esperar que o episódio sirva para ampliar o diálogo com o setor orizícola brasileiro, de modo a "superar versões inverídicas e injustas" com toda a cadeia – do produtor ao consumidor.
“Defendemos ainda, incisivamente, que o Governo Federal reveja a política estabelecida nesse caso. Uma intervenção sem um diálogo construtivo com as partes envolvidas pode abrir precedente prejudicial à sustentabilidade do mercado, ao próprio consumidor final e à economia brasileira como um todo”, diz a nota.
Também na sexta, o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) anunciou o fim da colheita no Rio Grande do Sul e disse que não há justificativa técnica para a importação do cereal no Brasil. A compra emergencial é defendida pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva como forma de conter a pressão sobre os preços após as enchentes de proporções históricas no Estado. 
Segundo o Irga, a colheita de arroz termina com uma produção de 7,16 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul. Nesta safra (2023/2024), foram semeados 900,2 mil hectares do cereal irrigado. O Estado já colheu 94,61% dessa área (quase 851,7 mil hectares).
Ainda está em processo de colheita uma fatia residual de 1.548 hectares (ou 0,17% do total), segundo o Irga. Com as enchentes registradas em maio, os produtores gaúchos perderam o equivalente a 5,22% da área semeada (47 mil hectares), principalmente na região central do Estado.
Na safra anterior (2022/2023), o Rio Grande do Sul plantou quase 840 mil hectares, menos do que na temporada atual. A produção total, porém, foi de 7,2 milhões de toneladas, um pouco acima da atual.
O Estado é o grande destaque do cultivo de arroz no Brasil. Responde por cerca de 70% da produção nacional. O País consome aproximadamente 10,5 milhões de toneladas por ano.
"Os dados dessa safra comprovam o que Irga já vem manifestando desde o início de maio, que a safra gaúcha de arroz, dentro da sua fatia de produção no mercado brasileiro, garante o abastecimento do país e não há, tecnicamente, justificativa para a importação de arroz no Brasil", disse em nota o presidente do instituto, Rodrigo Machado, ao apontar números similares aos da safra passada.
O Irga é vinculado à Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação. O secretário interino da pasta, Márcio Madalena, afirmou que os dados trazidos no relatório superam, com uma pequena margem, as estimativas de antes das enchentes.
"O que nos dá segurança para manter posicionamento de que nunca houve justificativa técnica que comprovasse a tendência de desabastecimento de arroz no Brasil, em função da calamidade pública do Estado", declarou Madalena.
O governo Lula vem rebatendo essas avaliações. Um leilão de importação de arroz chegou a ser realizado, mas acabou cancelado neste mês, após indícios de falta de capacidade técnica e irregularidades. Na quarta-feira (12), o ministro Carlos Fávaro (Agricultura) afirmou que a anulação ocorreu porque o governo não tem "compromisso com o erro".
Ele disse que um novo certame será realizado por meio da Conab. Fávaro também criticou o aumento dos preços do produto após a catástrofe no Rio Grande do Sul.
"Governo não tem compromisso com o erro. É fato que estamos diante de um momento excepcional. Reconhecemos que a safra brasileira é mais ou menos suficiente com a demanda brasileira. Portanto, não faz sentido nenhum, ao final da safra, no momento em que os estoques estão postos, ter aumento de preços exacerbados, como tivemos logo após a tragédia, [de] 30%, 40%", afirmou o ministro.
"Há evidentemente um movimento especulativo, de ganhar dinheiro com a tragédia. Um movimento de desestabilização da economia, da população. O governo tem que, com cautela, com responsabilidade, responder à altura da população como vai fazer."

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