Em visita ao Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, nesta sexta-feira (14), o governador Eduardo Leite anunciou a manutenção da data original da Expointer, de 24 de agosto a 1º de setembro. A definição veio após semanas de debates entre o Executivo estadual e as entidades parceiras na realização da mostra. A decisão, unânime, foi tomada em reunião no local, quando foi verificado que os estragos causados pelas enchentes de maio foram menores do que inicialmente imaginados.
O que pode mudar é o prazo de inscrição de animais. Como ainda há etapas classificatórias de diferentes espécies e raças em andamento, por conta do atraso gerado pelas enchentes, o período deve ser alongado. Mas a admissão dos animais não deve ser afetada.
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A organização do parque tem cerca de 30 dias para colocar tudo em ordem. Isso porque a montagem dos estantes começa um mês antes da feira, no final de julho, portanto.
Após ouvir o resultado da votação feita entre os copromotores da feira, Leite aplaudiu e disse que a confirmação do período do evento era importante no processo de recuperação econômica e social do Rio Grande do Sul. O governador destacou que a decisão, embora com peso do impacto emocional sobre a necessidade de reerguer as vidas das pessoas e o Estado, precisava ser também técnica, avalizando a capacidade de recolocar o espaço em condições adequadas para receber o público e os expositores.
Ele defendia que sendo tecnicamente possível, o Estado deveria fazer tudo pra que acontecesse e na data regularmente estabelecida.
"A gente sabe que tem a coincidência com outros eventos, as pessoas já têm uma programação, um calendário de eventos estabelecido. A safra, investimentos para a lavoura e tudo que se relaciona com o calendário da feira. Do ponto de vista emocional e anímico, não nos faltarão a paixão, a vontade e a dedicação para (realizarmos) esse símbolo do Rio Grande do Sul, que é a Expointer. Será a Expointer da superação, da reconstrução e da solidariedade".
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Depois de circular pelo parque e conferir a situação no local, Leite avaliou que a mobilização de todos os agentes que fazem parte do processo da mostra seja capaz, quem sabe, de fazer frente às dificuldades de logística e de infraestrutura enfrentadas pós catástrofe climática e sustentar grandes negócios na feira.
"Se os apoios acontecerem como devem acontecer, como a gente trabalha pra que aconteçam, para alavancar negócios, com crédito subsidiado, com prazos de carência, com as demandas que foram apresentadas sendo atendidas, há uma oportunidade de uma grande alavanca econômica e, quem sabe, de movimentação semelhante ou maior (às mostras anteriores)", disse o governador.
E acrescentou: "Ninguém duvide da capacidade do povo gaúcho, da vontade e da determinação desse povo de se reerguer. O que a gente precisa são as alavancas, as ferramentas. Com algumas que já estão colocadas à mesa, e outras que podem se somar nesse processo, talvez a gente possa ter números muito impactantes na Expointer também positivamente".
O governador também comentou o ambiente de diálogos políticos e de negociações entre o setor, o Estado e a União. Segundo ele, a Expointer é palco de negócios, visitas, lazer, entretenimento, de contato do mundo do agro com o mundo urbano e também de tratativas políticas, de políticas públicas que interessam ao setor do agronegócio.
"Naturalmente, isso vai estar também aqui. Espero que seja uma Expointer mais de celebração do apoio que já terá vindo do que de demanda pelo que não tenha acontecido".
Conforme a subsecretária do parque Assis Brasil, Beth Cirne Lima, o local permaneceu cerca de 10 dias submerso. E havia preocupação com o tamanho do prejuízo. Mas quando a água baixou, foi possível constatar que a recuperação para a mostra seria viável.
Para isso, serão aplicados cerca de R$ 6 milhões por parte do governo estadual, na recuperação de áreas comuns. Pisos dos pavilhões - exceto o da Agricultura Familiar - serão trocados. E as redes elétrica e hidráulica, que já vinham sendo trabalhadas antes da tragédia, também passarão por obras, entre outras estruturas. Parte dos investimentos será custeada por grandes parceiros, com os quais o governo faz permutas por espaço no parque. Mas cada entidade ou permissionário ficará responsável pelos recursos e pela reconstrução de seus espaços.
A altura da água variou pelo complexo de mais de 140 hectares. Pontos mais altos ficaram até 3,5 metros submersos. Mas na maior parte, como nos pavilhões dos animais e nas pistas de provas e desfiles, a oscilação foi entre 80 centímetros e 1,5 metro.
"As avarias não foram suficientes pra impedir a realização da feira. E há compromissos anteriormente assumidos por expositores e participantes, não somente com o Rio Grande do Sul, mas com outros estados e países. Além disso, tem um calendário de feiras de diferentes setores pelo estado e o Brasil. Mudar (a data) impactaria nisso. Reunimos força pra executar o mais rápido possível a liberação de recursos pra atacar as avarias nas áreas comuns, e cada entidade terá de investir nas suas sedes", concluiu Beth.