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Publicada em 10 de Junho de 2024 às 01:25

Adiamento da Expointer entra em discussão

Área central do Parque Assis Brasil teve água na altura de 1,50 metro

Área central do Parque Assis Brasil teve água na altura de 1,50 metro

/SECRETARIA DA AGRICULTURA, PECUÁRIA, PRODUÇÃO SUSTENTáVEL E IRRIGAÇÃO/DIVULGAÇÃO/CIDADES
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
A data para realização da Expointer 2024 está no centro das discussões entre as entidades organizadoras e o governo do Estado. Com o complexo do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, danificado pelas chuvas intensas que devastaram municípios inteiros em maio, a questão é a condição para que a mostra ocorra no período programado, de 30 de agosto a 7 de setembro. 
A data para realização da Expointer 2024 está no centro das discussões entre as entidades organizadoras e o governo do Estado. Com o complexo do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, danificado pelas chuvas intensas que devastaram municípios inteiros em maio, a questão é a condição para que a mostra ocorra no período programado, de 30 de agosto a 7 de setembro. 
Enquanto a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) e a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) ponderam prós e contras, o Sindicato da Indústria de Máquinas e Implementos Agrícolas  do Estado (Simers) é taxativo e insiste na manutenção da data. Conforme o secretário em exercício de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, Márcio Madalena, o tema está sendo tratado internamente com as entidades para a tomada de decisão.
Na última semana, uma reunião ocorrida no parque mostrou que o problema não é pequeno para fazer acontecer a feira que é um dos mais representativos símbolos do agronegócio gaúcho. Pavilhões, pistas de competição, áreas administrativas e comércios tiveram alagamentos.
Um deles foi a pista onde se realiza a final do Freio de Ouro, grande evento da ABCCC, que ficou sob 3,5 metros de água. Igualmente, a pista da prova de mangueira ficou 1,5 metro submersa.
"A estrutura de comunicação, escritórios e logística da Associação funciona dentro do parque. Demos férias aos funcionários e o retorno está sendo em home office. Nossa avaliação é de que se pudéssemos postergar a data para mais 30, 45 ou 60 dias, seria melhor. Mas se a feira for confirmada para o final de agosto, estaremos lá. Somos parceiros", diz o presidente da entidade, César Augusto Rabassa Hax.
Conforme o dirigente, a Expointer precisa acontecer, de qualquer forma. Como um marco de renovação e esperança para o setor, após a tragédia climática. A ABCCC está realizando seu ciclo de classificatórias das modalidades para entregar na mostra independente da data, se mantida ou alterada. Hax pondera que o adiamento implica alterar datas também de outras feiras que ocorrem pelo Estado, já que a Expointer abre o calendário de exposições do setor. E, embora destaque que há questões importantes a serem consideradas, reafirma que a entidade irá participar, ocorra quando for e no tamanho que for. 
"O Rio Grande do Sul não tem outra feira do mesmo tamanho e pujança. Os obstáculos são o tempo para dar condições para que a mostra aconteça e a dificuldade financeira do governo do Estado para auxiliar, o que é compreensível. Mas é difícil imaginar uma final do Freio de Ouro fora da Expointer. Nunca aconteceu".
Paralelamente às conversas sobre a mostra deste ano, e para garantir o atendimento ao cronograma da feira, a ABCCC transferiu etapas classificatórias do Freio de Ouro que costumam ser realizadas no parque, como o Freio do Proprietário e o Freio Jovem, para o Parque de Eventos Estância Liberdade, em Rolante. O dirigente acredita que as entidades promotoras irão debater e construir a melhor solução, com data e formato adequados. O adiamento, entretanto, está fora dos planos das indústrias de máquinas. Carro-chefe dos negócios durante a feira e responsável por 91% do faturamento da edição anterior, o segmento rechaça alteração no calendário.
"Já expusemos nossa posição em reuniões com a Farsul e a Secretaria da Agricultura. As empresas já têm outras feiras agendadas e, para nós, não há como transferir a data. Seria muito ruim", diz Claudio Bier, presidente do Simers.

Febrac vê possibilidade de manutenção da data original do evento

Já para o comandante da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), Marcos Tang, entretanto, o que falta é arregaçar as mangas e aproveitar os dias de tempo seco para limpar a lama espalhada pelo parque e restituir as estruturas danificadas. Na avaliação do dirigente, que também lidera a Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), o estrago não foi tão grande a ponto de impor uma mudança de agenda.
De acordo com ele, a catástrofe climática deixou ensinamentos ao setor. Para o futuro, o cuidado com materiais e estruturas ao nível do chão deverão ser erguidas. Alojamentos dos funcionários, cadeiras e outros itens das associações de raças foram perdidos. "Penso que há condições para a feira acontecer na data certa, masse os organizadores decidirem por adiarmos algumas semanas, estaremos no parque quando a Expointer acontecer", garante.
Mas os problemas não se restringiram aos espaços administrativos e dos animais.Banheiros, pistas de remate, lojas, restaurantes e outras áreas também sofreram e precisarão de consertos. A própria loja da ABCCC teria ficado bastante danificada.
A empresária Valeska Glaucius, proprietária da Talabarta, que comercializa vestuário da moda pampeana, tem uma loja física junto à sede do Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos da 6º Região, que funciona dentro do parque de Esteio. E o local acabou invadido pela água, em uma lâmina de quase 50cm.
"Perdemos balcão e outros itens. O estrago não foi grande, mas vamos precisar de reparos, que ficarão a cargo do Núcleo, conforme contrato", relata a comerciante.
O certo é que a feira será no parque de Esteio. Sair dali não se discute. Mas as dificuldades impostas pelos danos no local e de logística e infraestrutura na Região Metropolitana de Porto Alegre são obstáculos importantes. O Aeroporto Internacional Salgado Filho deverá ficar fechado até dezembro. A Base Aérea de Canoas opera poucos voos comerciais. E nove das 22 estações do Trensurb estão paradas, entre Porto Alegre e Canoas. As que estão em operação vão da Mathias Velho, em Canoas, até a Novo Hamburgo, última parada. Além disso, locadoras de veículos também foram impactadas e, igualmente, deverão ter problemas para atender demandas por aluguéis.
A Secretaria da Agricultura diz que está em andamento o processo de avaliação dos itens que necessitarão de conserto, como pavimentação das ruas, piso dos pavilhões, equipamentos e mobiliário do prédio administrativo. O tema deve seguir na pauta dos organizadores nos próximos dias.

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