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Publicada em 27 de Maio de 2024 às 17:49

Prejuízo em áreas agrícolas alagadas chega a R$ 3 bilhões, diz Farsul

Cheias alagaram lavouras inteiras em propriedades gaúchas, como na cidade de Camaquã

Cheias alagaram lavouras inteiras em propriedades gaúchas, como na cidade de Camaquã

FARSUL/DIVULGAÇÃO/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia Repórter
Já batem na casa dos R$ 3 bilhões as perdas consolidadas, somente nas áreas agrícolas alagadas, por causa da enxurrada que atingiu o Rio Grande do Sul. Mas o número real será ainda maior, afirma a Federação da Agricultura do Estado (Farsul), quando todos os prejuízos causados e ainda em curso, com as lavouras ainda não colhidas.
Já batem na casa dos R$ 3 bilhões as perdas consolidadas, somente nas áreas agrícolas alagadas, por causa da enxurrada que atingiu o Rio Grande do Sul. Mas o número real será ainda maior, afirma a Federação da Agricultura do Estado (Farsul), quando todos os prejuízos causados e ainda em curso, com as lavouras ainda não colhidas.
O cálculo foi apresentado nesta segunda-feira pela entidade, a partir de um questionário respondido por 540 produtores rurais gaúchos que integram o movimento S.O.S. Agro RS, organizado para dimensionar os estragos e fortalecer os pedidos de ajuda ao setor pelo governo federal. Com danos severos nas lavouras, estruturas, estradas e planteis, a preocupação com o futuro da atividade agropecuária no Estado é grande. Principalmente em relação às dívidas relacionadas a financiamentos já contraídos.
"A dimensão dos estragos sobre a produção que estava no campo, máquinas, equipamentos, estruturas e também o solo devastado foi tanta, que a estimativa é de que será necessária pelo menos uma década para retornar aos níveis de qualidade e produtividade atuais. De acordo com o questionário respondido, 33,6 mil hectares estão alagados. Desses, 15,4 mil são de soja, 4,4 mil hectares de arroz e 2,1 mil hectares de trigo. Isso sem falar nos 23,6 mil animais já computados, quase a totalidade entre os bovinos", observou Graziele de Camargo, uma das líderes do S.O.S Agro RS.
Para 63,5% das respostas, o impacto do desastre à atividade foi muito grande. E para 59,5%, o endividamento é em todos os setores, incluindo custeio, investimento, comercialização e arrendamento. Ainda, 59,4% afirmam ter dívidas de safras passadas, renegociadas para pagamento em 2024. E 96,5% disseram que precisam de crédito para a retomada.
É sobre esse tema que o setor deposita todas as expectativas em relação à presença do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, em Santa Cruz do Sul, nesta terça-feira, para a transferência itinerante do Mapa ao Rio Grande do Sul. A esperança é do anúncio de medidas solicitadas pela Farsul ainda no início de maio, com a criação de uma linha de financiamento, com aval de um fundo garantidor, para que os produtores possam quitar dívidas do passado, já renegociadas, após sucessivas perdas com estiagem e chuvas em excesso. E concentrar todo o passivo em um novo contrato.
Foi o único pedido que fizemos ao governo federal neste momento. Assim, resolvemos o passado e ganhamos fôlego para reconstruir nossa estrutura e seguir produzindo alimento para o País, explicou o presidente da entidade, Gedeão Silveira Pereira.
Os produtores querem pagar em 15 parcelas anuais, com dois anos de carência e juros de 3% ao ano. Com o recurso, pretendem se capitalizar e reinvestir nas propriedades.
“Não adianta vir ao Estado apenas para entregar máquinas da linha amarela às prefeituras. Isso também é muito importante, e vai ajudar os municípios na reconstrução de tudo que foi perdido. Mas não atende ao produtor. Precisamos de atenção específica. Mas, até o momento, o movimento do governo foi em sentido contrário”, reclama Pereira.
Ele se refere à autorização dada à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o que chamou de “importação tresloucada“ de até 1 milhão de toneladas de arroz de fora do Mercosul a preços subsidiados. Segundo o líder ruralista, muitos alertas foram dados de que não há necessidade de trazer o produto do Exterior, uma vez que quase toda a safra já está colhida.
“A fala do governo balançou o mercado, os preços subiram, o consumidor correu para estocar. Mas o produto disponível é o nosso. A importação chegará apenas no segundo semestre, quando o produtor está começando a se preparar para a safra 2024/2025, e essa estará muito ameaçada”.
Enquanto espera pelo socorro da União, o Sistema CNA/Senar já se mobiliza para ajudar o agronegócio gaúcho. Na semana passada, foram anunciados R$ 100 milhões para uso em ações de recomposição imediata das propriedades mais afetadas. E uma equipe de mais de 300 técnicos do Senar de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais deverá se somar aos profissionais do Rio Grande do Sul para acelerar os trabalhos.
“A atividade econômica está paralisada ou em condições precárias. Assim como estamos recebendo atenção especial dos nossos colegas do agronegócio de todo o País, o Rio Grande do Sul também vai precisar de soluções extremas por parte da União”, afirmou o presidente da Farsul.

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