As perdas com as chuvas intensas sobre o Rio Grande do Sul também chegaram à produção de noz-pecã. Conforme o Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPcan), 80% da safra 2024, inicialmente projetada em cerca de 5,6 mil toneladas, poderá ser perdida.
A entidade está elaborando um documento que deverá ser entregue às autoridades em reunião virtual nos próximos dias. O instituto quer demonstrar os danos para produtores e indústria e solicitar apoio para a reconstrução.
“No caminho da destruição, encontramos casas, galpões, estradas, infraestrutura de irrigação e áreas de produção ainda a serem colhidas. Os produtores retratam duras realidades, como não valer a pena colher determinados pomares, rompimento de barragem e casa das bombas, qualidade baixa das nozes, início da germinação dentro da casca, queda dos frutos prontos e perdas pelas enxurradas e chuva intensa durante a polinização. São fotografias da tragédia, lamenta o presidente da entidade, Eduardo Basso.
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Em Cotiporã (foto), a propriedade de Luís de Rossi e Nadine Marín foi totalmente danificada. "Perdemos quatro hectares de nogueiras com 10 a 15 anos, todas em produção, um viveiro com 30 mil mudas e toda a estrutura", lamenta Nadine.
Os danos vêm sendo contabilizados nas diversas cidades onde a atividade se desenvolve pelo IBPcan, que congrega mais de 100 associados em dois terços da área cultivada e 90% das indústrias de processamento da fruta. De acordo com Basso, a área plantada no Brasil é de 10 mil hectares, sendo 70% em território gaúcho. A produção está distribuída em 215 municípios, somando 1,5 mil famílias dedicadas à produção, com grande concentração de pequenos e médios produtores, notadamente nos Vales dos rios Taquari e Rio Pardo, duas das principais regiões afetadas pelas cheias. A colheita envolve mais de mil pessoas, que sofrem com a interrupção na atividade.
“A partir da base de informação, podemos afirmar que 81% dos pomares (175) tiveram reconhecidos seus estados de Calamidade (45) ou Emergência (130). Eles representam 89% da área total cultivada com nogueiras e 85% do total de produtores”, afirma o presidente.
As indústrias também apresentaram suas perdas, com custos adicionais pela interrupção das atividades e pela variabilidade na qualidade do produto recebido dos produtores, o que onera os custos de beneficiamento. Somam-se dificuldades logísticas acentuadas pelas perdas de pontes e estradas, com riscos à interrupção nos contratos com clientes nacionais e internacionais.